As prefeituras do ABC descartaram a aplicação de doses vencidas da Astrazeneca, após reportagem publicada pelo  jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (2), na qual consta que cerca de 26 mil doses do imunizante contra a covid te­riam sido aplicadas após o vencimento em 1.532 municípios, dentre os quais, seis do ABC. Segundo a matéria, os dados constam de registros oficiais do Ministério da saúde.

Segundo listagem, seis municípios do ABC teriam aplicado 46 doses do imunizante com data vencida. A exceção foi Rio Grande da Serra. O maior número de doses vencidas teria sido aplicado em São Bernardo, 15. O imunizante teria sido usado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Vila Marchi, Alves Dias, Vila Euclides e Monta­nhão; Hospital Ifor e Hospital São Bernardo SA.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Saúde, informou que nenhuma vacina fora da data de vencimento foi aplicada na cidade. “Apenas um dos lotes mencionados na matéria foi enviado ao município e o mesmo foi aplicado dentro do prazo de validade.”

Santo André teria aplicado 11 doses com prazo vencido, nas UBS Espírito Santo. Já Diadema teria aplicado o total de três doses da Astrazeneca com prazo de validade vencido nas UBSs Centro, Vila Nova Conquista e Maria Tereza. A prefeitura informou que em relação à matéria publicada nesta sexta-feira, no jornal Folha de S.Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), tranquiliza os moradores de que não há na cidade doses armazenadas fora da data de validade.

“Sobre as três doses aplicadas em unidades de Diadema que aparecem no sistema de consulta disponibilizado ao leitor, trata-se de erro de digitação e, já foi providenciada a correção no sistema. As doses recebidas no município foram todas aplicadas dentro do prazo de validade”, afirmou.

Ribeirão Pires também descartou aplicação de vacina vencida na UBS Ribeirão Pires. Em nota enviada à redação, a prefeitura informou que não aplicou vacina vencida em munícipes da cidade. Destacou que recebeu no dia 26/01/2021 o lote 4120Z005 da vacina Astrazeneca com vencimento em 14/04/2021 e destinou aos profissionais da Saúde durante de fevereiro.

“A população pode ficar tranquila, que todas doses recebidas são destinadas imediatamente à população, por isso, não aplicamos nenhuma dose vencida”, destacou Audrei Rocha, secretário municipal de Saúde.

Em São Caetano duas doses vencidas contra a covid teriam aplicadas no Atende Fácil Unidade de Enfermagem. A prefeitura afirmou que o município não aplicou nenhuma dose de vacina fora do prazo de validade. “A cidade recebeu, no dia 26 de janeiro, apenas um dos lotes (4120Z005) indicados na reportagem da Folha de São Paulo desta sexta-feira (2/7). Foi o primeiro lote de Covishield (Astrazeneca) que a cidade recebeu, com 3.700 doses e vencimento no dia 14 de abril. Foram utilizados para vacinar profissionais da Saúde e o primeiro público alvo de idosos, entre janeiro e fevereiro. Portanto, dentro do prazo de validade.”

Em Mauá teriam sido aplicadas 14 doses da Astraze­neca após o vencimento, nas UBSs Jardim Zaíra I, Jardim Primavera, Capuava; Jd. Itapark e Jardim Santista. A prefeitura informou, por meio de nota, que  Mauá não aplicou vacinas vencidas contra a covid. “Dos lotes considerados suspeitos, o município recebeu apenas o 4120Z005, em 26 de janeiro deste ano. Essas vacinas tinham prazo de validade até 14 de abril. Todas as doses foram aplicadas até 5 de março, portanto, um mês e nove dias antes do vencimento”, afirmou.

A Prefeitura de Mauá esclareceu que o engano deve ter ocorrido em razão de problemas no lançamento de dados no sistema do VaciVida, do governo estadual. “As datas de registro da vacinação de apenas 15 moradores (os que teriam sido imunizados com doses vencidas) ocorreu posteriormente à aplicação das doses, quando as vacinas já teriam passado do prazo de validade. A Secretaria Municipal de Saúde está levantando as informações para identificar o  ocorrido no lançamento das vacinas no sistema estadual”, destacou na nota.
Ministério da Saúde

Por meio de nota, a pasta da Saúde informou nesta sexta-feira que nenhuma dose vencida de vacina contra a covid-19 é repassada aos estados e o Distrito Federal. Acrescentou, ainda, que o prazo de validade dos imunizantes é rigorosamente acompanhado desde o recebimento até a distribuição.

Segundo o ministério, os estados são orientados a distribuírem imediatamente os imunizantes recebidos, sendo obrigação dos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS) fazer o armazenamento correto e a aplicação das doses dentro do prazo de validade.

Em nota, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que os lotes que estariam com prazo de validade expirado não foram feitos no Brasil. O órgão pertence ao Ministério da Saúde e é responsável pela produção nacional dos imunizantes da Astrazeneca contra a covid-19. Segundo a Fiocruz, os lotes sob suspeita foram importados da Índia e são do tipo do imunizante da Astrazeneca chamado de Covishield. Os demais carregamentos foram enviados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).

“Todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o MS (Ministério da Saúde), de modo a viabilizar a antecipação da implementação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, diante da situação de pandemia. A Fiocruz está apoiando o PNI (Programa Nacional de Imunização) na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsi­diar as orientações a serem dadas pelo programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida”, informou a Fiocruz.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) afirmaram em nota nesta sexta-feira (2) que irão investigar todos os relatos de vacinas contra a covid-19 aplicadas fora do prazo de validade. Segundo as entidades, os casos identificados com possíveis irregularidades correspondem a 0,0026% do total, ou cerca de 1 a cada 40 mil.

Em nota, o Conass e Conasems afirmam que não está descartada a possibilidade de erro no sistema que registra as datas de aplicação dos imunizantes e destacam que a plataforma do Ministério da Saúde apresenta instabilidades desde o início da campanha de vacinação. “Por fim, ressaltamos que todos os profissionais destacados pelos municípios para aplicação das vacinas adotam as boas práticas de vacinação, dentre as quais, a checagem do prazo de validade”, conclui o texto.

Com Agências

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