Nesta segunda-feira (9), Mário Jorge Lobo Zagallo completou 90 anos de uma vida dedicada à Amarelinha e ao futebol brasileiro. A Confederação Brasileira de Futebol manifesta sua profunda gratidão por tudo que Zagallo fez pela Seleção e pelo nosso futebol e estende a ele os mais sinceros votos de saúde, felicidade, paz e amor.

Ao longo da carreira, entre passagens como jogador e técnico, a história de Zagallo esteve por quase meia década ligada à Seleção Brasileira. Do título da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, até a campanha como coordenador técnico da Canarinho em 2006, na Alemanha, o Velho Lobo viveu incontáveis emoções, em uma relação repleta de grandes vitórias, títulos e momentos inesquecíveis.

Mário Jorge Lobo Zagallo

Nascimento: 9 de agosto de 1931 (90 anos)

Local: Atalaia, Alagoas

Títulos

Jogador

Copa do Mundo (1958 e 1962); Taça do Atlântico (1960); Taça Oswaldo Cruz (1958, 1961 e 1962); Taça Bernardo O’Higgins (1959 e 1961); Copa Roca (1960 e 1963)

Treinador

Copa do Mundo (1970); Copa América (1997); Copa das Confederações (1997); Copa Roca (1971); Taça Independência (1972); Copa Umbro (1995); Pré-Olímpico (1996)

Coordenador Técnico

Copa do Mundo (1994); Copa América (2004); e Copa das Confederações (2005)

Da arquibancada para o gramado

Alagoano, Zagallo nasceu no município de Atalaia, mas mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira nas categorias de base do América, na capital. Ainda era atleta do Sangue quando, por uma ocasião do destino, viu sua história cruzar com a da Seleção Brasileira. Aos 19 anos de idade, Zagallo era militar na Polícia do Exército quando o Brasil se classificou para a final da Copa do Mundo de 1950.

Justamente por saber dessa ligação de Zagallo com o futebol, o chefe do esquema de segurança o alocou para trabalhar nas arquibancadas do Maracanã durante Brasil x Uruguai. Foi de lá que ele acompanhou a derrota da Seleção em sua primeira final de Copa do Mundo. Oito anos depois, de dentro do campo, ele iria mudar essa história.

Zagallo e Pelé distribuem autógrafos durante a Copa do Mundo de 1970Zagallo e Pelé distribuem autógrafos durante a Copa do Mundo de 1970
Créditos: FIFA/Reprodução

Já consolidado como um dos destaques do Flamengo, Zagallo foi convocado para a disputa da Taça Oswaldo Cruz em 1958. Depois de faturar o título, ele foi com o grupo da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da Suécia, no mesmo ano. No Velho Continente, esteve em campo em todas as seis partidas do Brasil na competição e fez um dos gols da Seleção na vitória por 5 a 2 sobre a Suécia, na final do Mundial.

Quatro anos mais tarde, foi novamente fundamental na conquista da Copa do Mundo de 1962, no Chile. Depois de perder Pelé, com lesão, na segunda partida, a Seleção Brasileira contou com o grande desempenho de várias de suas outras estrelas, entre elas Zagallo, para levar o bicampeonato. Além das duas Copas do Mundo, Zagallo também conquistou a Taça do Atlântico (1960), a Taça Oswaldo Cruz (1958, 1961 e 1962), a Taça Bernardo O’Higgins (1959 e 1961) e a Copa Roca (1960 e 1963), antes de fazer sua última partida como jogador da Seleção, em junho de 1964.

O maestro do tri

Após se aposentar, Zagallo decidiu seguir no futebol. Assumiu o Botafogo em 1966 e teve um início promissor. No Glorioso, conquistou o Campeonato Brasileiro em 1968. Seu destaque foi tamanho que, às vésperas da Copa do Mundo do México, em 1970, o Velho Lobo foi chamado para ser técnico da Seleção Brasileira, ocupando o cargo deixado por João Saldanha meses antes do Mundial.

Mesmo assumindo a pouco menos de 100 dias da estreia do Brasil na Copa do Mundo, Zagallo teve coragem e ousadia para deixar suas marcas na Seleção Brasileira, que teve 100% de aproveitamento com Saldanha nas Eliminatórias. Brito entrou na zaga ao lado de Piazza, improvisado na posição. Clodoaldo se firmou como titular, Rivellino entrou no lugar de Edu e Tostão foi mantido no time, mesmo com Pelé e Jairzinho ao lado dele.

Estava armado o 4-2-4 de Zagallo, uma das equipes mais memoráveis e ousadas da história da Seleção. O sistema de ataque reunia cinco “camisas 10”. Além de Pelé e Jairzinho, no Santos e no Botafogo, respectivamente, Gérson (São Paulo) e Rivellino (Corinthians) representavam o número em seus clubes. Por fim, Tostão, que chegou a vestir a 10 da Seleção em diferentes momentos antes da Copa.

O resultado do trabalho de Zagallo foi uma campanha irrepreensível durante o Mundial. Foram seis vitórias em seis jogos, 19 gols marcados, apenas sete sofridos e um futebol que representa bem o conceito de “jogo bonito”. Com o título, Zagallo se tornou o primeiro da história a ser campeão da Copa do Mundo como treinador e jogador, já que ele fez parte dos times que ganharam o torneio em 1958 e 1962.

Depois do sucesso na Copa do Mundo do México, Zagallo foi mantido como técnico da Seleção no ciclo para o Mundial de 1974. Na Alemanha, o Brasil foi com um time que marcou a entressafra de duas gerações, com peças importantes do tri, como Rivellino e Paulo Cézar Caju, e jogadores novos, que despontavam no futebol brasileiro. Com mais uma boa campanha, o Brasil acabou na quarta posição na Copa.

Chegada da Seleção Brasileira de 1970 no Brasil após o tricampeonato no México. Zagallo e Carlos Alberto TorresZagallo é reverenciado pela torcida brasileira após a conquista do tri
Créditos: Arquivo Nacional

O reencontro

Cerca de 17 anos se passaram para que Zagallo e a Seleção voltassem a se encontrar. No ciclo para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, o Velho Lobo chegou para uma função diferente. Seria o coordenador técnico da comissão chefiada por Carlos Alberto Parreira. Sua experiência, conhecimento e liderança foram fundamentais para a Seleção, que encarou o desafio de interromper um jejum de 24 anos sem a conquista de um título de Copa do Mundo.

No Mundial dos Estados Unidos, o Brasil apresentou um futebol seguro, firme e contou com as genialidades de Romário e Bebeto para conquistar o seu quarto título mundial. Não por acaso, também o quarto título de Copa do Mundo vencido com Zagallo na delegação brasileira. Ao fim da Copa do Mundo, Parreira deixou a Seleção Brasileira e Zagallo foi escolhido para ser técnico do time pela segunda vez na carreira.

zagalloZagallo, um gigante do futebol brasileiro
Créditos: Rafael Ribeiro / CBF

No comando da Seleção, o Velho Lobo ficou por todo o ciclo até a Copa do Mundo de 1998, sua terceira como treinador da Seleção. Neste período, conquistou a Copa Umbro, em 1995, e a Copa América e a Copa das Confederações, em 1997. No Mundial, o Brasil provou que estava muito bem preparado para tentar o título, mas bateu na trave, perdendo a final para a França, dona da casa.

Durante a campanha na Copa do Mundo, Zagallo se eternizou por uma cena inesquecível na semifinal contra a Holanda. Momentos antes da disputa por pênaltis, o treinador foi ao pé do ouvido dos atletas e, um a um, encorajou-os antes das cobranças. Dito e feito: a Seleção despachou os holandeses na marca da cal e garantiu a sua segunda final de Copa consecutiva.

A despedida na Alemanha

Dessa vez, Zagallo não teve que esperar tanto para retornar à Seleção Brasileira. Após sucessivas trocas de comando, Felipão conduziu o Brasil na Copa do Mundo de 2002 e conquistou o pentacampeonato na Coreia do Sul e no Japão. Depois do título, a CBF acertou o retorno da dupla que ficou marcada pela conquista do tetra nos Estados Unidos. O ciclo para a Copa do Mundo de 2006 foi comandado por Carlos Alberto Parreira, como treinador, e Zagallo, mais uma vez como coordenador técnico.

Zagallo - 20050327 Brasil x Peru em GoiâniaZagallo e Parreira durante a segunda passagem da dupla pela Seleção Brasileira
Créditos: Arquivo CBF

Neste período, o Velho Lobo ajudou a Seleção a ganhar os títulos da Copa América (2004) e da Copa das Confederações (2005). Na Copa do Mundo de 2006, a última de Zagallo com a Seleção Brasileira, a Canarinho parou nas quartas de final, com derrota sofrida para a França por 1 a 0.

Mas a imagem deixada por Zagallo não tem nada a ver com a eliminação na França. O Velho Lobo é um vencedor. Um campeão. Um gigante do futebol. Os títulos falam por si. São quatro Copas do Mundo, além de Copas Américas, Copas das Confederações, entre tantas conquistas. Mas não é só sobre isso. É sobre o orgulho de defender a Seleção. Sobre o amor pelo futebol, pela bola rolando, pelo jogo bonito.

Zagallo é um pedaço gigantesco da nossa história. E, por isso, seremos sempre gratos a ele. É praticamente impossível falar da história da Seleção Brasileira sem falar de Zagallo. E é justamente por isso que, nesta data especial, o mundo do futebol reverencia um de seus maiores expoentes. Parabéns, Velho Lobo! Mestre dos mestres, craque dos craques, campeão entre tantos campeões.

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