Algumas horas depois da divulgação do relatório final da CPI da Covid nesta quarta-feira (20), o presidente, Jair Bolsonaro, declarou que a comissão “nada produziu” e que só “tomaram tempo” de servidores e empresários.

“Como seria bom se aquela CPI estivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo do nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários. Nada produziram a não ser ódio e rancor entre alguns de nós”, afirmou Bolsonaro, citado pelo G1.

De acordo com a mídia, o presidente se encontra na cidade de Russas, no Ceará, e durante as declarações proferidas perto de apoiadores, um deles gritou: “Renan, vagabundo”, em referência ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Em seguida, Bolsonaro respondeu: “A voz do povo é a voz de Deus”.

Não é a primeira vez que o chefe do Executivo deprecia os trabalhos da CPI, ontem (19), afirmou que era “brincadeira” ter que se preocupar com o relatório final da comissão e disse estar “sendo perseguido”, conforme noticiado.

O texto do documento sugere o indiciamento de Bolsonaro por dez possíveis crimes e de outras 65 pessoas. Entre elas, estão os ministros Marcelo Queiroga (Queiroga), Onyx Lorenzoni (Trabalho), Wagner Rosário (Controladoria Geral da União), Braga Netto (Defesa) e os filhos parlamentares do presidente.

Quem também contestou o relatório final e se pronunciou a favor do presidente foi o líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra (MDB).

Segundo Bezerra, Bolsonaro não prometeu “cura ou solução infalível” para pandemia, mesmo fazendo campanha para utilização de medicamentos que se demonstraram ineficazes.

“A pretensão de caracterizar o crime de charlatanismo, em razão das falas do presidente, não se sustenta, pois não houve nenhuma promessa de cura ou de uma solução infalível, e tais manifestações se inserem integralmente na proteção constitucional da liberdade de expressão do pensamento”, afirmou o líder do governo citado pelo G1.

De acordo com a mídia, ainda nesta quarta (20), durante a visita a Russas, Bolsonaro voltou a defender medicamentos sem eficácia contra o coronavírus, como ivermectina e cloroquina, e disse que os médicos devem ter autonomia para decidir o que receitar aos seus pacientes.

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