Produtora paranaense fica entre as 100 mulheres poderosas do agronegócio; pesquisa mostra que apenas 26% dos cargos de decisão no campo são ocupados por mulheres

O espírito de liderança de Débora Noordegraaf fez com que ela fosse considerada pela Forbes uma das 100 Mulheres Poderosas do Agro. A suinocultora de Castro (PR) começou a se interessar pelo trabalho com ocooperativismo por conta do marido que também atua no setor. A partir disso, ela ficou motivada a conquistar seu próprio espaço e olhar com atenção para as mulheres que trabalham no campo. “Eu entrei para a Comissão Mulher Cooperativista da Castrolanda e isso fez com que eu desenvolvesse meu espírito de liderança, de trabalhar em prol da comunidade e de outras mulheres do agronegócio”, conta.

A comissão de Castrolanda, colônia holandesa da cidade de Castro, é um dos grupos mais antigos de mulheres cooperativistas. Há 12 anos buscam promover formação no protagonismo feminino. “O prêmio é um reconhecimento não só para mim, mas também pelas histórias de todas essas mulheres. É um novo estímulo para dar o meu melhor na minha propriedade e também na comissão”, reflete.

Mas Débora, infelizmente, ainda é exceção no setor, que precisa garantir avanços para o crescimento feminino na área. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, as mulheres são proprietárias de somente 19% dos estabelecimentos agrícolas. Outra pesquisa, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), mostra que 26% dos cargos de decisão e comando nas atividades produtivas são de mulheres.

Apesar das dificuldades, a expectativa é de melhora e de crescimento da atuação das mulheres no campo e no cooperativismo. O próprio levantamento da ABMRA aponta que 94% dos produtores rurais entrevistados consideram a mulher vital ou muito importante para o negócio rural. “Eu acredito que já está tendo mudanças. As mulheres estão sendo vistas com outro olhar, o de que são muito capacitadas. Com isso, acho que já teve uma grande melhoria”, diz Débora. E, sendo assim, ela destaca a importância de formar mulheres líderes. “Esse ano, o nosso trabalho já foi muito reconhecido. Então, a tendência é que a mulher se desenvolva cada vez mais, seja em sua propriedade ou na cooperativa”, complementa.

Protagonismo

E a presença das mulheres no cooperativismo não fica só no campo. Em outros setores, como o do turismo, elas também estão buscando novos espaços e, principalmente, mais protagonismo. Douwtje Van Westering Machado, descendente dos imigrantes holandeses que chegaram a Carambeí (PR), está à frente da Cooperativa Paranaense de Turismo (Cooptur). De acordo com dados do Ministério do Turismo, dos guias de turismo registrados no Cadastur, mais da metade são mulheres, mostrando grande presença feminina no setor.

Douwtje adora conversar sobre a cultura holandesa e acredita que o turismo é fundamental para manter as tradições do país. “A manutenção da cultura holandesa pelo turismo é extremamente importante. É dessa forma que conseguimos passar para as pessoas quem nós somos, o que é a cidade de Carambeí e quem foi o grupo que chegou em 1911. E nas nossas tradições as mulheres têm um papel muito importante para manter a família unida na igreja, na escola e no cooperativismo”, conta.

A conselheira da Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH), Tineke Voorsluys, considera que a cultura holandesa auxilia muito no fomento à presença feminina nas diversas áreas de trabalho. “A Holanda é um dos países que têm maior igualdade entre mulheres e homens. Por isso, acreditamos que a mulher pode estar em qualquer setor da sociedade, principalmente no campo”, destaca.

Sobre a ACBH

A Associação Cultural Brasil-Holanda (ACBH) é uma organização formada por holandeses e descendentes de holandeses no Brasil, oriundos de diversas colônias. Visa preservar o patrimônio histórico artístico e cultural holandês e brasileiro para a posteridade. Também quer incentivar, desenvolver e divulgar as várias formas de expressão cultural. Mais informações: https://www.acbh.com.br/

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