A mais recente crise no Ministério da Educação (MEC) deflagrou a renúncia coletiva de 52 pesquisadores da Capes. Os cientistas afirmam que não têm conseguido trabalhar seguindo padrões acadêmicos.
Os especialistas sustentam que a Capes não tem atuado para defender a avaliação dos cursos de pós-graduação, e que há uma “corrida desenfreada” para cumprir um calendário em favor de novos cursos de pós-graduação à distância.
“Gostaríamos de poder trabalhar com previsibilidade, respeito aos melhores padrões acadêmicos, atenção às especificidades das áreas e, principalmente, um mínimo respaldo da agência. Tais condições não têm se verificado nos últimos meses”, afirmam os pesquisadores da área de matemática que assinam um dos documentos, divulgado nesta segunda-feira (29).
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, os pesquisadores que pediram renúncia de suas funções são das áreas de matemática, astronomia e física. Criticam a presidência da instituição por não defender a avaliação quadrienal da pós-graduação, suspensa por decisão judicial em setembro.
“A presidência da Capes também trouxe à baila o assunto de Ensino à Distância (EaD). Fomos instados a escrever novos documentos a respeito em um prazo de dois dias úteis, depois estendidos em mais uma semana. No entanto, estabelecer parâmetros para a expansão com qualidade do EaD não é tarefa para uns poucos dias de trabalho”, diz o texto.
Ligada ao MEC, a Capes é uma agência de fomento à pesquisa, que tem como missão avaliar os cursos de pós-graduação no Brasil.
A crise no órgão acontece poucas semanas após 33 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), também apresentarem um pedido de demissão coletiva.