Onde os erros começaram…
“O que ele deveria ter feito no primeiro ano de governo era se pautar pelas reformas administrativa e tributária. Mas esse gato agora subiu no telhado”, comentou.
“O desafio será melhorar a economia sem as reformas”, disse Vitorino, dando a “batalha como perdida”, e acrescentando que, em contrapartida, o presidente terá o Auxílio Brasil.
As chances de Bolsonaro em 2022
“Porém, este é um governo muito despreparado administrativamente. Existem poucos ministérios que funcionam adequadamente. Se fosse um governo profissional, a máquina pública teria um peso enorme. O problema do Bolsonaro está até no tempo, pois até o orçamento foi feito praticamente no fim do ano”, disse o especialista.
“Do ponto de vista da comunicação, quatro meses [de janeiro a maio] servem para mostrar o que você fez nos últimos anos, e não o que você realiza no primeiro semestre do ultimo ano, porque não dá tempo de o povo fazer juízo de valor. A corrida do presidente é contra o tempo”, avaliou.
Como recuperar os votos dos conservadores?
Uma base eleitoral praticamente extinta…
Além disso, há outro problema evidente, diz Marcelo Vitorino: “Bolsonaro não é um gestor conhecido pelo assistencialismo, e ele vai disputar com o Lula, que é um gestor assistencialista reconhecido. A reputação pregressa do Lula causa problemas para Bolsonaro também nesse sentido”, avaliou.
‘Bolsonaro recuperou o PT’
Compreender essa questão é fundamental para avaliar por que Bolsonaro segue perdendo votos, segundo apontam as recentes pesquisas. O especialista em marketing político considera que “não eram os grupos [de poder, como o agronegócio] que apoiavam o Bolsonaro, mas o Bolsonaro apoiava o interesse desses grupos, o que é diferente”.
“Há um eleitorado que apoiou o Bolsonaro em detrimento do PT, como médicos, o agronegócio, lavajatistas e outros. O movimento bolsonarista representou o interesse desses grupos. Porém, as pessoas apoiavam uma ruptura com o modelo político que estava acontecendo, e não necessariamente o presidente”, disse.
“E embora o presidente Bolsonaro insista na tese de que não existe corrupção em seu governo, as empresas listadas na bolsa perderam R$ 600 bilhões no ano passado. Os lavajatistas também não voltam mais. O antipetismo está dividido, entre Sergio Moro e Bolsonaro. Pelas pesquisas, o Bolsonaro recuperou o PT”, concluiu