Nomes completos, números de conta corrente, CPFs, e-mails e celulares compõem um material farto para atividades fraudulentas contra os quase 160 mil clientes da instituição financeira Acesso Soluções de Pagamento, vítimas da falha.
Quem faz o alerta é o especialista em direito digital e proteção de dados, Adriano Mendes, do escritório Assis e Mendes Advogados, baseado em São Paulo.
“Embora tenha havido a informação de que os dados compartilhados são apenas de ‘natureza cadastral’, é certeza que a posse de informações pessoais atualizadas são ativos valiosos e que podem ser utilizados para diversas finalidades fraudulentas”, afirmou Mendes.
Segundo o BC, o vazamento ocorreu devido a “falhas pontuais em sistemas” da empresa e não expôs “dados sensíveis como senhas, informações de movimentações ou saldos financeiros em contas transacionais, ou quaisquer outras informações sob sigilo bancário”.
Porém, segundo o especialista, ao acessarem a totalidade de CPFs ativos, potenciais criminosos poderiam usar a base de dados para realizar cadastros de quem ainda não possui o Pix. Assim, conseguiriam desviar transações de pessoas que tentem efetuar pagamentos legítimos a estas falsas chaves.
“Enquanto o Banco Central apura as responsabilidades, a instituição também poderá ser fiscalizada e punida pela ANPD [Autoridade Nacional de Proteção de Dados], que regula o uso de dados pessoais no Brasil”, avisou Mendes.
O BC informou que o total de chaves potencialmente expostas é de 160.147, correspondentes a 159.603 pessoas físicas – algumas podem ter mais do que uma chave Pix registrada.
Essa foi a segunda falha de segurança relacionada ao Pix revelada pelo BC. Em setembro do ano passado, houve o vazamento de chaves sob a guarda e responsabilidade do Banco do Estado de Sergipe (Banese).
Mendes ressalta que a descoberta do novo vazamento “mostra como nenhum sistema informático é 100% seguro” e que “não bastam leis para resolver os problemas atuais”.
Segundo ele, medidas preventivas e de monitoramento são essenciais para garantir a eficácia e confiabilidade dos meios de pagamento.
“É importante que as empresas demonstrem haver investido em segurança da informação para prevenir ataques e mitigar os riscos, bem como que comuniquem as autoridades e os titulares em casos de vazamento de dados”, explicou.