A tensão entre Rússia e Ucrânia aumentou significativamente nas últimas semanas, com o ápice acontecendo na segunda-feira (21), quando o presidente russo, Vladimir Putin reconheceu a independência de dois territórios separatistas – Donetsk  e Luhansk – do ucraniano.

A relação entre os dois países não é nova: ambos têm uma história comum que remonta à Idade Média. Já em 1991, com  a dissolução da União Soviética , o território  foi dividido em 15 repúblicas independentes, sendo a Ucrânia é uma delas.

Com a adesão da Ucrânia à Comunidade de Estados Independentes naquele mesmo ano, juntamente com a Rússia e a Bielorrússia, a nova república independente voltou seus olhos para a Europa e seu interesse em ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que desagradou o governo russo.

A tensão entre Rússia e Ucrânia aumentou no final de 2013, com o acordo político e comercial com a União Europeia. Então, em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia,  península ao sul da Ucrânia leal ao governo russo, sob o pretexto de que estava defendendo seus interesses e os dos cidadãos.

Em dezembro de 2021, forças russas foram enviadas ao longo da fronteira com a Ucrânia para realizar invasão rápida e imediata. O governo de Putin nega eventual ataque e argumenta que o apoio da Otan à Ucrânia constitui ameaça crescente ao lado ocidental da Rússia.

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL E AS CONSEQUÊNCIAS

A decisão de Putin desta segunda-feira provocou reações imediatas na Europa e Estados Unidos. Os EUA anunciaram restrições contra dois bancos com suas numerosas filiais, contra a dívida soberana da Rússia e “representantes das elites” do país. Além disso, os americanos foram proibidos de efetuar transações comerciais, financeiras e de investimento com as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

A Alemanha e o Reino Unido já se movimentaram a fim de restringir executivos, empresas, autorização a empreendimentos, entre outros, ligados à Rússia. Outros blocos, como a União Europeia e o G7 também anunciaram restrições conjuntas.

Para o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov,  as sanções ocidentais atingirão os mercados mundiais e afetarão o bem-estar dos cidadãos dos EUA, mas não forçarão a Rússia a mudar sua política externa. “Não há dúvida de que sanções impostas contra nós vão atingir duramente os mercados financeiros e de energia do mundo. Os EUA não vão ser exceção, seus cidadãos comuns sofrerão as consequência dos aumentos de preços”, advertiu o embaixador, em entrevista publicada pela Sputnik Brasil.

Segundo Antonov, a Rússia sempre conviveu com restrições do mundo ocidental.  “É difícil imaginar que alguém em Washington espere que a Rússia reveja a sua política externa sob a ameaça de restrições. Não me lembro de um único dia em que o nosso país vivesse sem quaisquer restrições do mundo ocidental. Aprendemos a trabalhar em tais condições, não só para sobreviver, mas também para desenvolver nosso país”, disse diplomata russo.

Com a decisão da Alemanha de suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2 como resposta à decisão da Rússia, o preço da tarifa de gás deve aumentar na Europa. Já a redução da demanda deve prejudicar a arrecadação do governo russo. A Rússia é responsável por 1/3 do gás consumido na Europa. A Alemanha está no centro das pressões por conta do Nord Stream 2, de 1.200 quilômetros, um megaprojeto de US$ 11 bilhões concluído em setembro, afirma matéria da CNN.

Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (22), o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que esse é um momento particularmente perigoso para a Europa. O bloco preparou pacote de sanções contra os que estavam envolvidos na decisão ilegal; bancos que estão financiando militares russos e outras operações nesses territórios; e visam cercear a capacidade do governo russos de acessar os mercados e serviços financeiros e de capitais da UE.

O QUE DIZ PUTIN

Durante uma conferência de imprensa na tarde desta terça-feira (22), o presidente da Rússia declarou que os Acordos de Minsk (assinado por representantes da Ucrânia, da Rússia, de Donetsk e Lugansk para pôr fim à guerra no leste da Ucrânia, em 5 de setembro de 2014) não existem mais, já que a Rússia reconheceu as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.

Segundo Putin, os Acordos de Minsk “foram mortos” pelas autoridades da Ucrânia muito antes do reconhecimento das repúblicas de Donetsk e Lugansk.  Segundo o líder russo, Kiev já havia declarado publicamente que não iriam cumprir os acordos.

“Nossos colegas da Europa dizem a mesma coisa: ‘Sim, sim, temos que seguir esse caminho [de cumprimento dos Acordos de Minsk]. Mas na realidade eles não conseguiram obrigar seus parceiros, as autoridades de Kiev, a fazerem isso, por isso tivemos que tomar essa decisão.”

De acordo com o presidente russo, para normalizar as relações com a Rússia, a Ucrânia precisa reconhecer a vontade das pessoas que moram na Crimeia. Segundo Putin, a solução para a crise ucraniana,  seria a recusa das autoridades de Kiev de aderir à OTAN.

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