Em assembleia realizada nesta quarta-feira (6) os trabalhadores na Toyota, em São Bernardo, aprovaram a entrega de um aviso de greve e o estado permanente de mobilização contra o fechamento da fábrica anunciado ontem. Os metalúrgicos também autorizaram que a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC protocole um pedido oficial de reunião com o presidente da montadora. Como forma de protesto, houve paralisação dos três turnos.

“Essa luta pode ser uma corrida de 100 metros ou uma maratona, se for uma maratona, os trabalhadores terão fôlego para enfrentar, caso necessário, vamos trazer a solidariedade de toda a categoria. Faremos o que tiver que ser feito, porque cada um aqui merece respeito, não é assim que se trata os trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.

Selerges destacou a necessidade de que o presidente da companhia participe das conversas com o Sindicato e busque outra alternativa. “Espero que a empresa tenha responsabilidade e vá para a mesa de negociação. Possibilidade de permanência tem, essa é uma empresa que dá resultado, não prejuízo”, disse.

O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, afirmou que os trabalhadores têm total empenho para a manutenção da montadora na cidade.

“Temos condição e capacidade de discutir e achar um caminho para a manutenção. O Sindicato não abriu mão desta discussão. Em nenhum momento a Toyota pautou o Sindicato. Ao contrário, estamos o tempo todo pautando a empresa e a disposição para fazer um acordo de longo prazo, que garanta a permanência da planta. Ainda que seja uma fábrica, segundo a própria Toyota, lucrativa, produtiva e que por si só tenha viabilidade”, disse.

“O Sindicato continua à disposição e acreditando que esta unidade pode sim permanecer. Vamos fazer o esforço que for necessário do ponto de vista de articulação”, prosseguiu.

O dirigente lembrou, ainda, que em 2015 a montadora firmou compromisso de proteção dos empregos e crescimento da empresa com os trabalhadores, com o Sindicato e a cidade. “Até onde nos consta, a Toyota sempre foi uma empresa que cumpre seus compromissos. O Sindicato honra sua parte e vamos cobrar para que a Toyota cumpra também’, pontuou.

A planta de São Bernardo foi a primeira unidade da Toyota fora do Japão e possui  cerca de 580 trabalhadores.

O FECHAMENTO

A Toyota do Brasil informou nesta terça-feira  a transferência da sua operação industrial de São Bernardo  para as cidades onde já atua – Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz – no interior do Estado de São Paulo. Segundo a montadora, a iniciativa tem por objetivo buscar mais sinergia entre suas unidades produtivas e faz parte de seu plano em busca de mais competitividade frente aos desafios do mercado brasileiro e da sustentabilidade de seus negócios no país.

Nesta terça-feira, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirmou que recebeu com surpresa a notícia do fechamento da Toyota.  “A montadora toma tal decisão de forma irresponsável com a falsa justificativa de otimização de custos. Não há motivos plausíveis para o fechamento da planta, que é a primeira fábrica da Toyota fora do Japão.
Nos últimos anos, em toda as negociações com o Sindicato, a Toyota vinha insistindo que a planta não fecharia e que havia planos para a unidade e seus trabalhadores”, afirmou a entidade em nota.

Segundo o sindicato, a empresa chegou a comunicar a entidade que os produtos atuais garantiriam a permanência da fábrica pelos próximos três anos e afirmou que a unidade era produtiva, competitiva e lucrativa. “Em todas as conversas com a montadora, pautamos questões relacionadas a investimento na planta. Acreditamos que a empresa poderia reorganizar a produção para se manter em São Bernardo ou trazer investimento, assim como vem fazendo em outras plantas. Há outras alternativas que não o fechamento. Todos os argumentos são injustificáveis”, disse o sindicato.

*Com material da Toyota e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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