As denúncias de assédio sexual e moral contra o agora ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães geraram reação de senadores em Plenário. Eles cobraram a exoneração de Guimarães, que acabou pedindo para sair do cargo na tarde desta quarta-feira (29). As denúncias de servidoras da casa foram publicadas em reportagem nesta semana e estão sendo investigadas pelo Ministério Público.
“É inadmissível, é inaceitável a continuidade desse senhor na condução de um órgão tão importante para o Brasil. O poder público não pode ser complacente com atitudes dessa natureza. O governo federal, mais precisamente o presidente da República, tem a obrigação com a sociedade brasileira, com as famílias brasileiras, de proceder à imediata demissão desse senhor”, disse a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), líder da Bancada Feminina, que emitiu uma nota de repúdio antes do anúncio da demissão.
Também em Plenário, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) lamentou que o então presidente da Caixa continuasse no cargo, mesmo após tantas denúncias de servidoras do banco. Ela pediu uma moção do Senado contra o caso de assédio.
“É preciso ter uma reação, eu reputo, não da Bancada Feminina do Senado, mas de todo o Senado, independentemente de partido, de condição eleitoral, mas que esta casa exija do presidente da República a demissão sumária do presidente da Caixa Econômica Federal. Não fazer isso é ser conivente com uma realidade que atinge pelo menos metade das mulheres brasileiras”, disse a senadora, que, depois anunciou o pedido de demissão noticiado pela imprensa.
Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou ser inaceitável que Pedro Guimarães continuasse no cargo. Ele lembrou que o assédio partiu de um dos mais próximos auxiliares do presidente da República.
“Era pra ele estar preso. Isso é crime, nós não estamos falando aqui diante de um ato administrativo equivocado. É crime e esse homem continua lá? Nós estamos diante de um tapa na cada das mulheres brasileiras dado pelo presidente da República”, lamentou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também repudiou o caso de assédio e disse que não afastar o presidente do banco público era uma demonstração de como o governo é misógino e machista. Além dele, Jorge Kajuru (Podemos-GO) e Paulo Rocha se manifestaram contra a permanência de Guimarães no cargo. Para Kajuru, o presidente da Caixa deveria ter sido afastado, e não ter tido a chance de pedir demissão.
Procuradoria
Também nesta quarta-feira, a Procuradoria Especial da Mulher do Senado publicou outra nota de repúdio com pedido de afastamento de Guimarães.
“A Procuradoria da Mulher do Senado pede que o presidente da Caixa seja provisoriamente afastado do cargo de poder que ocupa, inclusive para responder devidamente, conforme é de seu amplo direito, sobre os direitos que é acusado de violar”, diz o texto, assinado pela procuradora, senadora Leila Barros (PDT-DF).
Ainda na nota, a procuradoria repudia veemência as condutas de assédio sexual e moral atribuídas ao presidente da Caixa e lembra que o direito ao trabalho é um direito social constitucional e que o assédio “fere de morte” outro direito fundamental previsto na Constituição: o de não receber tratamento degradante ou desumano, equivalente à tortura.
“Torturada e enojada, efetivamente, é como se sente uma mulher num ambiente de trabalho que não respeita seus direitos, que relativiza seus méritos e que submete sua presença, ascensão e reconhecimento à anuência de atitudes transgressoras de sua chefia”, alerta a procuradora na nota.