Segundo Tandara Caixeta, a participação de mulheres trans prejudica o equilíbrio de competições femininas
A Federação Internacional de Natação impôs novas regras à participação de mulheres trans em todas as competições de esportes aquáticos. Agora, competidores de natação, do polo aquático, da maratona aquática, dos saltos e do nado artístico podem mudar do gênero feminino para o masculino em qualquer momento da vida, mas do gênero masculino para o feminino as atletas só poderão participar se tiverem concluído o processo antes dos 12 anos de idade. O principal argumento é que a transição de sexo após a puberdade dá uma vantagem física a essas nadadoras.
Pela nova regra, Lia Thomas, que venceu o campeonato NCAA de natação universitária, e cuja foto dela, sozinha no pódio, viralizou nas redes sociais, não poderá mais competir entre as mulheres.
De acordo com Tandara Caixeta, campeã olímpica de vôlei, o fato pode ser considerado uma vitória ao se levar em conta o equilíbrio das competições:
– A postura da FINA (Federação Internacional de Natação) deve servir de incentivo para outras federações, já que o pensamento da maioria das atletas é o mesmo: nos sentimos prejudicadas ao competir com mulheres trans.
Tal sensação tem tomado conta de atletas de diferentes lugares. A americana Fallon Fox, primeira transexual a participar do MMA, estreou no octógono em 2012. Participou de seis combates na carreira e venceu cinco. Porém, encontrou resistência nas outras lutadoras, entre elas a estrela Ronda Rousey, que se recusou a enfrenta-la.
Aqui no Brasil, a jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei, Tandara Caixeta, observa de perto esse movimento e critica a inserção de atletas transgênero no esporte feminino.
– “É injusto com as atletas que lutam e se esforçam todos os dias para atingir a elite do esporte feminino no Brasil. Eu diria mais: é desigual. É outra estrutura física, outro metabolismo. Não há como competir de igual pra igual com as atletas trans”, explicou.
Já em solo americano, Craig Telfer, então velocista de menor destaque, realizou a transição e, após mudar o nome para Cece Telfer, tornou-se a primeira transexual no torneio universitário de atletismo feminino do país, vencendo os 400 metros com barreiras.
Em 2009, a sul-africana Caster Semenya, que compete na prova dos 800 metros, causou espanto após vencer com facilidade sua prova no Mundial de Berlim. Anos depois, Semenya conquistou de forma fácil a medalha de ouro nos 800m na Rio-2016.
– “Infelizmente histórias assim se repetem em todo o mundo. Nós entendemos que estamos em desvantagem diante da participação de trans dentro da modalidade. As trans tem estrutura física diferente e isto pode interferir nos resultados. Basta ver os números”, ponderou a jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei, Tandara Caixeta.
Além das situações já citadas, há várias outras. Em 2019, Rachel McKinnon venceu o Campeonato Mundial de Ciclismo de Pista Masters em Manchester, na Inglaterra. Atleta transgênero, a canadense causou polêmica com a vitória na categoria de 35 a 39 anos.
Segundo Tandara Caixeta, o contraste em termos de resultados ocorre com quem disputa modalidades masculinas.
– “Observamos mulheres transgênero que, no feminino encontram facilidades que não encontrariam no masculino. Isto está desestimulando meninas a ingressarem no esporte.”, pontuou.
Desde 2015, após o Comitê Olímpico Internacional criar uma nova regra, muita coisa mudou. Pela orientação do COI, mulheres transgênero podem competir em equipes femininas, desde que controlem a quantidade de hormônio masculino no organismo.
No Brasil, Tandara Caixeta fala abertamente sobre o tema, e diz que lutará por políticas que deem às mulheres, o direito de competir apenas com outras mulheres de origem:
“O que vejo, na condição de atleta, é uma grande injustiça. Passou da hora de nós mulheres, lutarmos por um esporte exclusivo nosso. E é isso o que vou fazer. Pretendo lutar a cada dia pelo esporte unicamente feminino. E que fique claro: não é questão de preconceito, mas sim de fisiologia.”, ressaltou.
Fonte: Grupo Povus