Um estudo realizado em colaboração entre pesquisadores da Irlanda e do Centro Universitário FMABC, em Santo André, mostrou que médicos recém-formados tiveram dificuldades para fazer a transição entre os estudos e o início de suas carreiras profissionais durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19.

A pesquisa qualitativa foi publicada na revista científica BMJ Journal, e realizada por meio de entrevistas e coleta de impressões e informações de 27 médicos formados entre novembro de 2019 e abril de 2020. Entre os entrevistados, 13 são irlandeses e 14 brasileiros, distribuídos nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Ceará e Paraíba.

Entre as principais dificuldades apontadas pelos jovens médicos para iniciar a carreira durante a crise sanitária constam a falta de confiança e preparação para situações deste tipo, a diminuição abrupta da supervisão dos professores, o aumento do nível de estresse e o isolamento em relação aos colegas e aos próprios pacientes.

Além da necessidade de tomar decisões rápidas, muitos dos entrevistados citaram a dificuldade em estabelecer laços mais fortes com os pacientes por causa dos equipamentos exigidos para evitar novos contágios, como máscaras e protetores faciais, que inviabilizaram a comunicação pela expressão do rosto.

Segundo Erik Montagna, pesquisador do Centro Universitário FMABC e um dos responsáveis pelo estudo, o fato dos médicos dos dois países apontarem dificuldades parecidas acabou sendo surpreendente.

“A graduação no Brasil geralmente é concluída no final do ano, e na Europa é concluída no primeiro semestre. Os alunos daqui começaram a trabalhar e fazer residência antes do início da pandemia, e foram pegos de surpresa nos primeiros momentos. Já na Irlanda, quando os alunos se formaram a pandemia já era uma realidade clara, portanto os sistemas de saúde já estavam melhor preparados e já tinham estratégias mais claras para receber os recém-formados”, conta Erik.

“Esperávamos encontrar enormes diferenças entre os participantes, já que são realidades e circunstâncias muito diferentes. Mas são semelhantes as preocupações, angústias, inseguranças e mudanças de atitude. A transição e adaptação à vida profissional foi profundamente afetada para todos os recém-formados”, explica o pesquisador.

A ideia do estudo surgiu de uma conversa de Erik com o irlandês Colm O’Tuathaigh, pesquisador da faculdade de medicina da University College Cork, a segunda maior universidade da Irlanda. Além deles, assinam a pesquisa outros 4 profissionais, entre eles Victor Zaia, psicólogo e orientador do programa de pós-graduação do Centro Universitário FMABC.

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