O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os demais pré-candidatos à Presidência da República criticaram as declarações do presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira (18), sobre as urnas eletrônicas.
Em reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a afirmar que o sistema eleitoral brasileiro é passível de fraudes. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, no encontro com ao menos 70 diplomatas, o presidente citou vídeos descontextualizados e informações já desmentidas pela Justiça Eleitoral.
Além de Lula, os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante) também lamentaram as falas de Bolsonaro no evento.
Em nota, Ciro afirmou que “nunca, em toda a história moderna, o presidente de um importante país democrático convocou o corpo diplomático para proferir ameaças contra a democracia e desfilar mentiras tentando atingir o Poder Judiciário e o sistema eleitoral”.
Já Tebet disse que o Brasil “passa vergonha diante do mundo” e reforçou sua confiança na Justiça Eleitoral e no sistema de votação por urnas eletrônicas. “Paz nas eleições também é declarar confiança no nosso sistema eleitoral”, declarou.
Janones, por sua vez, ironizou a fala do presidente, afirmando que apenas João Amoedo (Novo), o candidato à Presidência em 2018, teria o direito de questionar o TSE com relação a fraudes. Em referência ao suposto arrependimento dos eleitores que votaram em Bolsonaro, ele disse que “todo mundo jura por Deus que votou nele [Amoedo] no primeiro turno” de 2018. “Bolsonaro precisa ser demovido do cargo e jogado na lata de lixo da história”, afirmou o pré-candidato do Avante.

“Eu sou acusado o tempo todo de querer dar o golpe, mas estou questionando antes, porque temos tempo ainda de resolver esse problema”, disse Bolsonaro a embaixadores, ao apresentar PowerPoint com desconfianças e ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o evento.

Os principais alvos de Bolsonaro em seu discurso foram os ministros Edson Fachin, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que assume o posto em agosto, e o ex-presidente da corte, Luís Roberto Barroso.
O presidente disse que apenas dois países do mundo usam um sistema eleitoral semelhante ao brasileiro. Porém, segundo o TSE, o Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Social (IDEA Internacional) mapeou 23 países que usam urnas com tecnologia eletrônica para eleições gerais, sendo que 18 adotam o modelo em eleições regionais, de acordo com o Estadão.
O TSE já informou que entre esses países estão “o Canadá, a Índia e a França, além dos Estados Unidos, que têm urnas eletrônicas em alguns estados”.
No evento, Bolsonaro afirmou ainda que a desconfiança dos brasileiros com o sistema eleitoral estariam crescendo, classificando o modelo como “completamente vulnerável”. Contudo, em maio deste ano, o instituto Datafolha divulgou uma pesquisa que apontou que 73% dos brasileiros apoiam o uso das urnas nas eleições.
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