A cada dia, novas pessoas decidem empreender no Brasil. Em 2021, dados da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apontavam que o Brasil ocupava o quinto lugar no ranking global na taxa de empreendedorismo, ficando atrás apenas da República Dominicana, Sudão, Guatemala e Chile, respectivamente.
O alto número reflete a vocação do brasileiro em recomeçar. Seja em função do desemprego, acentuado durante a pandemia, ou por estar infeliz no trabalho anterior, muitos trabalhadores optaram pelo empreendedorismo.
Foi o caso da Juliana Araujo, que trocou um emprego de 11 anos em um banco, para empreender ao lado do marido. Hoje eles lideram uma empresa de higienização de estofados, tapetes e cortinas, além de uma lavanderia no Jardim Antártica em Ribeirão Preto-SP.
– “Em 2020, quando eu optei pela saída da instituição financeira, fiquei um tanto insegura, pois todos os meses havia o salário fixo, além de todas as garantias, como convênio médico, por exemplo. Porém, eu estava infeliz. Não queria mais aquele trabalho. Como meu marido me apoiou a sair para empreender ao lado dele, eu não pensei duas vezes. É claro que há preocupações novas, como obtenção de clientes, mas a qualidade de vida, aliada ao poder de decisão e horários flexíveis, me fazem ter certeza que fiz a escolha certa. Hoje sou muito mais feliz e temos planos de novos serviços que agreguem ao negócio” – explicou.
Além de Juliana, outros profissionais trocaram “o certo” pelo “duvidoso” e não se arrependem.
Julia Florim advogou por oito anos em uma instituição financeira e decidiu sair. Na função de funcionária, adquiriu ampla experiência que é utilizada hoje em sua nova fase.
– “Hoje me especializei em Direito Previdenciário e tenho cartela de clientes fiel. Ao possibilitar uma boa aposentadoria ao meu cliente, ele me indica e novos trabalhos surgem. Só o que sei é que sou muito mais feliz trabalhando em meu escritório. Empreendo e a cada dia, concentrada em meu próprio negócio, tenho ideias novas para favorecer clientes e ampliar meu leque de negócios”, explicou a advogada, que ao sair do antigo trabalho, se curou de uma gastrite nervosa.
Segundo o empresário Emilio Cury, especialista neste tipo de assunto, a vida é uma grande motivadora. Quando o ambiente de trabalho é bom, o funcionário se motiva a ficar. Quando não é, o mesmo se motiva a sair. Além disso, para muitos, empreender é a única opção:
– “Empreender é um grande desafio, mas ao mesmo tempo é muito gratificante. A pessoa cresce como profissional e como humano. Aprende com erros e evolui muito mais depressa. Eu mesmo já quebrei várias vezes, até consolidar minhas empresas”, explicou.
De acordo com ele, após o negócio do empreendedor amadurecer, ele terá mais tempo para a família.
– “Não há comparação. Quem empreende, aprende mais e é muito mais feliz. Porém, penso que o Brasil, que a cada dia lança mais empreendedores, deveria zelar mais por esta classe, desburocratizando as coisas e eliminando situações que dificultam o dia a dia. É neste sentido que a classe política deve lutar. Afinal, já são milhões de empreendedores, e este número só deve aumentar”, explicou Emilio Cury, que milita pelos empreendedores do Estado de São Paulo.