“Ela ficaria fora do cenário de um possível empréstimo quando necessitar. Por isso as consequências são duplas e dúbias. Porque imediatamente haverá uma injeção de dinheiro no mercado, e isso gera atividade produtiva, obviamente. Mas a possibilidade da aquisição de empréstimos com juros que não estão ainda limitados, a forma como isso está sendo feito, pode gerar um superendividamento da população”, argumenta Rovai.
“As pessoas acabarão recorrendo a empréstimos com juros criminosos para poderem se alimentar, porque hoje o Auxílio Brasil não é suficiente nem para comprar uma cesta básica. O pior é que mesmo esses empréstimos não oferecendo nenhum risco para as instituições financeiras, já que os descontos são automáticos, alguns bancos podem chegar a cobrar quase 100% de taxa de juros ao ano”, afirma Deccache.
“A lei veda a oferta de crédito ao consumidor que decorra de assédio ou pressão, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada. O rol inclui, implicitamente, os beneficiários do Auxílio Brasil e do BPC, que serão vulneráveis às investidas dos bancos na concessão de empréstimos consignados”, diz Deccache.
“Bolsonaro está cometendo um grande golpe eleitoral ao colocar em risco a segurança alimentar mais básica de milhões de pessoas para tentar reduzir sua rejeição durante a campanha ao mesmo tempo que transfere recursos financeiros dos mais pobres do país para os bancos. O que acontecerá é o oposto de autonomia: as pessoas vão se endividar para comer e, no futuro, terão o pouco da renda destruído para o pagamento de empréstimos extorsivos, voltando a conviver com a mais absoluta e terrível fome”, diz Deccache.
“E um débito que com os juros vai crescer, e aí vai ser impagável para essas famílias. É ilusório. Algo que vai ter um prazo específico, vai ser uma roupagem para uma apresentação mentirosa. Na realidade a gente vai conviver com uma situação em que a população necessita ser inserida na atividade produtiva, não nesses paliativos que estão sendo feitos”, conclui Rovai.