Mais de 80 palestrantes passaram pelo Centro de Convenções Rebouças para discutir economia prateada, etarismo, entre outros temas do universo longevo. O evento segue aberto ao público até sábado (1/10)

A cerimônia de abertura da 4ª edição da Longevidade Expo+Fórum, maior evento nacional para o público longevo, contou com a presença do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes; da Secretária de Estado do Desenvolvimento Social de São Paulo, Laura Muller Machado, do Secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Anunciado presidente do evento nesta edição, Walter Feldman reforçou a importância da participação ativa dos longevos na vida social e econômica do país, e do compromisso em transformar São Paulo na capital da economia prateada.

Gorinchteyn também falou da importância da manutenção da saúde e do papel dos longevos na economia, já que 60% da população do Estado de São Paulo é constituída por pessoas com 60 anos ou mais. Já o prefeito Ricardo Nunes encerrou a cerimônia reforçando a urgência de trazer cada vez mais propostas para a população longeva, que até 2050 será um terço dos paulistanos.

Geroarquitetura e Medicina 5.0
Um dos destaques da programação foi o painel sobre a arquitetura voltada para as necessidades e interesse dos longevos: a chamada geroarquitetura. “Quando se cria um espaço arquitetônico para um idoso, temos que pensar em vários momentos do processo de envelhecimento, no que se tornará importante para manter sua autonomia naquele espaço com o passar dos anos”, comenta a arquiteta especialista no assunto, Flávia Ranieri.

De acordo com a pesquisa HYPE50+, o maior medo dos brasileiros com mais de 50 anos (42% dos entrevistados) é a perda da independência e da autonomia, mas apenas 14% possuem casas adaptadas para eles.

“Muitos clientes do mercado imobiliário já envelheceram ou envelhecerão, esse nicho já existe, e representa uma grande oportunidade. Mas é preciso ajustar o olhar e a forma de se comunicar com esse público”, afirma Flávia. A arquiteta ainda defendeu a necessidade do mercado imobiliário pensar no conceito do “ageing in place”, a capacidade de continuar a viver na mesma casa e/ou comunidade ao longo do tempo, de forma realmente integrada.

O mesmo princípio também tomou conta da palestra do Prof. Dr. Chao Lung Wen e Mariana Mie Chao sobre casas conectadas. Segundo eles, a medicina 5.0 é uma realidade que avança a passos lentos, mas necessários. “Cuidar da saúde de alguém não é apenas tratar uma enfermidade, é prevenir para que ela não aconteça”, explica o médico. Nesse sentido, a saúde do futuro está diretamente atrelada às habitações conectadas e saudáveis, na qual a tecnologia contribui para manter e monitorar a saúde e bem-estar dos longevos mesmo à distância (telepresença por meio de robôs).

Etarismo nas organizações
Outro tema recorrente no primeiro dia de Longevidade Expo+Fórum foi a relação das dos profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho. Na palestra da gerontóloga Raquel Thomazi e o CEO da Maturi Mórris Litvak, o convidado Fernando Rocha, ex-apresentador do programa Bem-Estar, da Rede Globo, falou sobre sua trajetória no mundo corporativo e sobre como conseguiu ressignificar seu propósito de vida após anos de jornalismo. “É preciso entender que trabalho é diferente de emprego, e trabalho é importantíssimo para envelhecer bem. O fato é: envelhecer todos iremos, mas atingir a maturidade não é para todos”, comenta ele.

De acordo com os dados do estudo realizado pela Maturi e Ernest Young (EY) com mais de 190 empresas participantes, 78% das organizações brasileiras são consideradas etaristas. O resultado também revela um despreparo das organizações em relação ao envelhecimento dos colaboradores, porém, a previsão é que até 2040, 57% das forças de trabalho sejam compostas apenas por pessoas acima dos 35 anos.

Uma nova ótica para o “velho”
Outro destaque de conteúdo foi o talk do filósofo e professor Luiz Felipe Pondé com a psicóloga especializada em envelhecimento Maria Célia Abreu. O bate-papo com o público presente trouxe a palavra “velho” ao debate sob a ótica do preconceito e associação a características negativas.

Maria Célia argumenta que “é preciso pensar ‘no que eu sou bom’ e o que eu posso devolver para a sociedade” quando o assunto é propósito de vida. Nesse pensamento, Pondé apresenta o propósito como algo individual, contextual e uma busca profunda do ser humano, apesar de muitas vezes acabar reduzido a uma visão capitalista e banalizada. Para ele, o propósito na maturidade é importante justamente porque nesse momento é possível entender a brevidade da vida e, ao mesmo tempo, buscar rever e ter novas experiências, para continuar sendo produtivo e incluído na sociedade.

Maria Cecilia encerrou a palestra trazendo um ponto muito sensível para o público maduro: o sofrimento. “Devemos ter consciência de que ele existe, mas não lhe dar tanta atenção assim”, completa ela. Na sua visão, viver plenamente e ter propósito são exatamente a mesma coisa.

O Longevidade Expo+Fórum, segue até dia 1º de outubro, fomentando o debate sobre questões que impactam diretamente o público 50+ no país.

Longevidade Expo+Fórum 2022
Período: de 29 de setembro a 1 de outubro de 2022
Horários: 10h às 20h
Local: Centro de Convenções Rebouças – Av. Rebouças, 600 – Pinheiros, São Paulo/SP
Informações e programação completa: www.longevidade.com.br
Transmissão online: You Tube Logevidade Expo Forum

Fonte: Suporte Comunicação

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