Assistidas pelo Cras Jardim Cristiane foram primeiras a participar da ação que utiliza empreendedorismo para transformar a vida de munícipes em situação de vulnerabilidade
Transformar a vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social por meio do empreendedorismo e do empoderamento feminino. Esse é o objetivo do programa 1.000 Mulheres, realizado pelo Sebrae em parceria com a Prefeitura de Santo André. As 11 mulheres que participaram da primeira turma do programa na cidade, iniciada em setembro, estiveram na cerimônia de conclusão de curso realizada na última sexta-feira (4), no Centro de Formação Profissional Miguel Arraes, e receberam certificados.
“À vezes a gente acha que precisa de muito, mas na verdade a gente só precisa de informação”, diz Sueli Silva, nome fictício de uma das alunas do curso que não pode ser identificada por estar em medida protetiva. Microempreendedora Individual (MEI) há nove meses, Sueli atua no setor alimentício e encontrou no 1.000 Mulheres uma força nova para aplicar não só no trabalho, mas também na vida pessoal. “As coisas que enfrentei na vida não foram muito bacanas, e o Centro de Referência de Assistência Social esteve do meu lado por um ano e meio, até que o pessoal de lá me apresentou o programa. E eu troquei toda a roupagem negativa que eu trazia por uma nova“, conta.
Sueli acrescentou que muitas vezes entrou no site do Sebrae à procura de cursos, mas tinha medo de se inscrever e achava que não estava preparada. Até que o curso apareceu em sua vida e ela não achou que poderia recusar uma oportunidade tão acessível. “Eu já tinha tudo para me qualificar, todos os recursos e a capacidade, mas eu não entendia isso por causa da minha forma de pensar. Aí veio a professora e me mostrou isso de uma forma linda. Foi incrível para mim”, completa.
O acesso ao programa é feito por meio do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e esta primeira turma do 1.000 Mulheres foi composta por munícipes atendidas pelo Cras do Jardim Cristiane. O programa vai passar por todos os nove Centros de Referência de Assistência Social da cidade. Ainda não está definido qual o próximo Cras a receber o programa.
Segundo o secretário de Cidadania e Assistência Social, Marcelo Delsir, as mulheres que participaram da cerimônia de encerramento tinham um semblante nitidamente diferente na primeira aula, iniciada há mais de um mês. “Hoje, nesta cerimônia, tivemos mulheres que realmente aproveitaram a oportunidade, apesar de perceberem dificuldades incríveis e de muitas vezes terem que vencer a si mesmas no dia a dia. O certificado é só um papel, mas está gravado em cada uma delas a superação que tiveram e que vai movê-las daqui para frente. Ninguém vai tirar isso delas”, afirma Delsir.
“Com o programa 1.000 Mulheres a gente está trazendo uma oportunidade para quem realmente precisa, para que encontrem condições de evoluir no seu dia a dia. A gente sabe que os desafios são gigantes, mas com o poder público presente a sociedade começa a se transformar”, diz o secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego, Evandro Banzato.
A iniciativa realizada pelo Sebrae conta com apoio da Prefeitura de Santo André, por meio das secretarias de Cidadania e Assistência Social, de Desenvolvimento e Geração de Emprego, de Educação e da Escola de Ouro Andreense
Para a consultora e gestora do Sebrae, Juliana Gobbi, é motivo de muita satisfação saber que a Prefeitura abraçou a causa do programa 1.000 Mulheres, que é capacitar munícipes em situação de vulnerabilidade. Porque nós sabemos que através do empreendedorismo, a partir de uma fonte de renda, a vida pode mudar. E sabemos o quanto isso é importante para o desenvolvimento das famílias dessas mulheres e delas próprias“, diz.
“A educação, principalmente a Educação de Jovens e Adultos, está sempre aberta a receber com toda satisfação todas as mulheres, para que se tornem cada vez mais empoderadas. E o conhecimento abre portas para todas elas. A educação acredita nesse poder da mulher e nesse poder transformador do conhecimento”, disse a gerente do Departamento de Educação de Jovens e Adultos, Márcia Aparecida Buzzeto.
O programa – Com 32 horas de duração, distribuídas em oito dias de atividades presenciais, o programa atua em duas frentes: no desenvolvimento pessoal das mulheres e no conhecimento sobre gestão de negócios. Por isso, a iniciativa é dividida em dois ciclos. O primeiro, com três dias e 12 horas de duração, estimula o empoderamento das mulheres, incentivando-as a desenvolver suas habilidades socioemocionais, por meio de reflexões sobre sua trajetória, seus sonhos e sua capacidade de realização.
No segundo ciclo, com duração de 20 horas e cinco dias de atividades, as participantes recebem informações sobre empreendedorismo, marketing, finanças e formalização.
Mulheres em situação de rua, idosas, imigrantes, indígenas, negras, mulheres com deficiência, reeducandas (mulheres em situação de reclusão), refugiadas, transgêneros ou em situação de violência são o público-alvo alvo do programa 1.000 Mulheres. A equipe do Cras é responsável pela captação das munícipes que participarão da iniciativa. Não há inscrições abertas.