Atividade tem como objetivo aumentar a integração entre comunidade e escola, sensibilizar os funcionários da unidade acerca da realidade dos estudantes, além de qualificar o trabalho realizado em sala de aula

Quantos escadões um estudante que mora na periferia de Diadema precisa percorrer até chegar à escola? As crianças têm um quintal para brincar e se exercitar? As famílias têm condições de apoiar os filhos de maneira adequada? Essas perguntas, que povoam – ou deveriam povoar – a mente de todos os educadores, começaram a ser respondidas para os docentes que atuam nas escolas municipais da cidade. Os funcionários da unidade realizaram nesta quinta-feira (2) a atividade “Leitura de Mundo”; uma volta pelas imediações da escola, para ter contato com a realidade da comunidade. As aulas se iniciam na próxima segunda-feira (6).

O reconhecimento de território por parte da equipe escolar tem sido adotado na rede municipal de ensino de Diadema desde 2021, como forma de estreitar os laços entre comunidade e escola. Também tem como objetivo sensibilizar os funcionários da unidade acerca da realidade dos estudantes, além de qualificar o trabalho realizado em sala de aula. “É uma sondagem do bairro. A gente vai olhar se tem área de lazer, se tem questões relativas à saneamento básico, ao meio ambiente”, explicou o vice-diretor da Emeb Atila Ferreira Vaz, no Eldorado, Marcos dos Reis. O passeio também serviu para divulgar as aulas da EJA (Educação de Jovens e Adultos), cujas inscrições estão permanentemente abertas.

Ao longo da caminhada, que reuniu cerca de 20 pessoas entre direção, coordenação, professores, funcionários da alimentação escolar e da limpeza, foi percorrido o entorno da escola. Algumas crianças davam gritos de alegria ao encontrar as professoras e corriam para um abraço. Outras subiam na bicicleta e iam para longe, como que pedindo para as férias durarem mais um pouco. A professora Renata Mendes era a mais reconhecida e mais abraçada. “É importante que o docente passe por essa experiência, reflita, e possa contextualizar a realidade dos alunos com o comportamento em sala”, afirmou.

Porfírio Dantas, professor que ingressou na rede municipal em agosto de 2022, avaliou que conhecer a realidade social dos estudantes auxilia até na hora de preparar a aula e pensar nos temas que serão abordados. Também ingressante da rede no último ano, Marlysângela Pereira Gonçalves se lembrou da própria infância em uma comunidade de Barueri, cidade da região metropolitana de São Paulo. “Com certeza, se meus professores tivessem conhecido o meu contexto social e dos meus colegas, teria feito a diferença nas nossas vidas. E para quem vive aqui esse contato é muito significativo”, completou.

A incursão pelo bairro não ocorre sem um grande planejamento e alguns cuidados, entre eles, ter como guia uma moradora da comunidade e funcionária da escola. A bolsista da Frente de Trabalho Elaine Cristina Rosa é auxiliar de limpeza na escola que está no bairro onde morou a vida toda. É ela quem guia todas as pessoas pelas ruas e escadões. “É importante os professores entenderem que mesmo aqui existem muitas realidades diferentes, que as pessoas são diferentes e que eles precisam se lembrar disso”, afirmou. “Me sinto privilegiada por ajudar nisso”, concluiu.

Para a vice-diretora Pamela Leal Silva, a presença de Elaine é fator primordial para o sucesso da atividade. “Ela conhece todas as ruas, todas as pessoas, então ela nos conduz. A receptividade da comunidade é melhor por isso”, avaliou. “Mas a gente também vê os estudantes e as famílias reconhecendo os professores, os funcionários e isso é muito importante para que a comunidade e a escola sejam realmente integradas”, finalizou.

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