Espetáculo de dança solo aborda a ancestralidade negra e o papel do outro na sociedade 

 

O espetáculo de dança solo, Olhos nas costas e um riso irônico no canto da boca, é uma síntese criativa de alguns assuntos-chave abordados na tese de doutorado em artes da cena, defendida por Luciane na UNICAMP. Trata-se de abordar o corpo como espaço da diferença e de enunciação, de interrogar as ideias pré concebidas, os estigmas e as ficções construídas sobre os corpos que são entendidos como “outros”.   

O filósofo congolês Valentin-Yves Mudimbe cria os termos ‘a ordem do outro’ e ‘a ordem do mesmo’ em que o pensamento hegemônico define quem são, como são, o que fazem e como se comportam os chamados ‘outros’. Falar de outro não é apenas discutir ‘alteridade’, mas refletir sobre como padrões de estereótipos e perfis identitários são ‘criados’ como realidades ontológicas, ou seja, para todo o sempre. Não existe identidade fixa. As identidades estão constantemente em fluxo. 

Na concepção do espetáculo, apresenta-se o gesto dançado a ideia da ancestralidade e memória como recriação do vivido. E o nome também faz alusão à necessidade do jogo para a reexistência, com sutileza e sagacidade, dos ensinamentos profundos da presença negra na diáspora. 

Luciane, que é também antropóloga, diz que a antropologia agrega à dança especialmente na reflexão sobre corpo e cultura: “como nossa experiência como ‘corpos que sabem’ é atravessada pelas culturas que nos cercam?  E como essas experiências são cheias de cortes e contradições, sobretudo porque o Brasil como sociedade não se olha no espelho e não analisa com profundidade as culturas que o fomentam e as hierarquias que impõem barreiras para nos reconhecermos. O corpo-pensamento brasileiro ainda é colonizado.  Então como criamos coreografias sociais para reexistir?  

A dramaturgia da obra é entrecortada por palavras, sons, música e texto, com a proposta de trazer uma espécie de memória histórica por meio da discussão no corpo.  

O corpo anuncia formas de existência que acolhem a contradição, os dilemas e as ambiguidades da vida social.  Quando verte dança, torna-se experiência contestadora interrogadora. A coreografia, os movimentos, a dramaturgia conectam o público, transformando seu estado. A dança não está apenas produzindo imagens e representações, mas convocando o espectador. 

FICHA TÉCNICA 

 Concepção, coreografia e interpretação: Luciane Ramos-Silva 

Trilha sonora: Noisestudio 

Figurino: Julia Martins 

Luz: Dedé Ferreira  

Produção: Corpo Rastreado 

Agradecimentos: Siba, Metá Metá , Son of Baldwin, Vinicios Chagas, Alysson Bruno. 

 

OLHOS NAS COSTAS E UM SORRISO IRÔNICO NO CANTO DA BOCA
De 17 a 19 de março de 2023. Sexta e sábado, 21h30. Domingo, 18h30.
Local: Sala de Espetáculos II
Valores: R$ 30 (inteira); R$ 15 (Meia entrada), R$ 9 (Credencial Sesc)
Ingressos à venda no portal sescsp.org.br e nas bilheterias das unidades Sesc
Classificação: Livre
Duração: 40 minutos 

 

SESC BELENZINHO 

Endereço: Rua Padre Adelino, 1000. 

Belenzinho – São Paulo (SP) 

Telefone: (11) 2076-9700 

sescsp.org.br/Belenzinho
 
Estacionamento 

De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h. 

Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional. 

 

Transporte Público 

Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m) 

Fonte: Sesc SP

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