O futebol sempre foi a maior paixão do povo brasileiro, em sua maioria, porém, naquele fim de semana de 21 e 22 de Junho de 1986, o brasileiro não tinha razões para estar feliz, tampouco para festejar, pois mais uma vez a seleção brasileira ficava fora de uma Copa do Mundo na fase eliminatória. O Brasil naquele 21 de Junho perdeu para a França na disputa de pênaltis, dando mais uma vez adeus ao tão sonhado tetracampeonato mundial.

Apesar do coração verde amarelo entristecido pela derrota na Copa no sábado, ainda havia uma pontinha de esperança no domingo, do outro lado do Atlântico, em Detroit, nos EUA. Era a 7ª etapa do mundial de F1 e um jovem brasileiro de capacete verde amarelo, que viria a ser alegria dos nossos domingos e resgatar um pouco desta alegria, deste sentimento de vitória.

Naquele domingo após a doída derrota para a França de Michel Platini, Ayrton Senna da Silva, nosso Ayrton Senna do Brasil, mesmo um jovem de apenas 26 anos, dominou com extrema autoridade e talento o Grande Prêmio dos EUA, vencendo pela 2ª vez na temporada, e pela 4ª vez na carreira.

Ayrton era piloto da equipe Lotus, equipe composta por um enorme número de franceses, inclusive o engenheiro Gerard Ducarouge, e todos após a derrota do Brasil passaram a provocar, tirar um sarro da cara de Senna, e todos sabemos que ele não era de se abater, muito menos de levar desaforo para casa, visto o espírito nacionalista que carregava consigo, sempre levando o verde e amarelo em seus capacetes, obra do grande e saudoso artista Sid Mosca.

No dia seguinte, o troco de Ayrton Senna veio do jeito que ele sabia fazer, com extrema frieza e destruindo seus adversários, não dando a eles nenhuma chance de esboçar qualquer reação, cruzando a linha de chegada com mais de 31 segundos de vantagem sobre o 2º colocado.

Ayrton foi lá e derrotou dois franceses logo de cara, Jacques Laffiti, da Ligier e Alain Prost, da McLaren. Aquilo parecia ser apenas mais uma vitória comum em um domingo de F1, mas não para Ayrton Senna, que ao cruzar a linha de chegada avistou um torcedor com uma pequena bandeira brasileira nas mãos, era a deixa que ele tanto queria para mostrar que ali havia um brasileiro vencedor.

Sem pensar duas vezes, Senna pegou aquela pequena bandeira das mãos do torcedor e deu a volta da vitória com ela na pista de Detroit, ali Ayrton Senna não apenas mostrava o seu orgulho de ser brasileiro, mas carregava no cockpit da Lotus um pouco do orgulho de cada brasileiro entristecido pela derrota na Copa, um pouco da esperança de cada brasileiro que torcia e vibrava por aquele brasileiro de 26 anos que mesmo sendo tão jovem, representava com tanta garra o seu país pelas pistas do mundo.

A bandeira era pequena no tamanho, mas imensa no coração de Senna e no coração de cada torcedor que fazia com ele aquela volta da vitória, como se ele dissesse ao mundo da F1: “Aqui tem um brasileiro competindo que veio para vencer quem quer que seja e alguém que representará o seu país.”

Além da vitória, Senna assumia a liderança no mundial de F1 de 1986 com 36 pontos. Este gesto de Senna de empunhar a bandeira de seu país o acompanhou dali em diante por todas as suas outras 37 vitórias na F1, não apenas na volta da vitória, mas nas comemorações no alto do pódio, já aguardada pelos torcedores, que se perguntavam: “Em que ponto da pista Ayrton pegará a bandeira brasileira para comemorar mais uma vitória na F1?”

Este dia 22 de Junho de 1986, dia após uma tristeza nos gramados do México, há 37 anos ficou marcado para sempre na memória e no coração do torcedor brasileiro, vendo Senna empunhar uma pequena bandeira após uma vitória, se tornou sua marca registrada, teve força e significado tão importantes nas mãos de um gigante das pistas como sempre será lembrado nosso Ayrton Senna da Silva, o Ayrton Senna do Brasil.

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23 comentários em “Ayrton Senna, uma pequena bandeira nas mãos de um gigante”

  1. Gostaria de agradecer a cada comentário, cada interação na nossa página e o reconhecimento de cada um de vocês. Um grande abraço a todos!!!

  2. Muito show aquela Época imaigina se ele tivesse hoje aqui com nois Brasileiros no Autódromo em interlagos acho que correndo não mais fazendo parte da CBA 🏁🏆🍾👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

  3. Parabéns Marcelo, pela matéria rica em detalhes históricos muito importantes para contextualizar a narrativa e também em pela forma como você apresenta a notícia, sempre nos fazendo lembrar de nossas paixões e nos sentir mais apaixonados ainda. O gesto e a postura de Ayrton Senna, é o que nos da força, ainda hoje, para dizermos “Sou Brasileiro e não desisto nunca”!

  4. Nossa… Eu não lembrava o ano e o circuito dessa comemoração inesquecível do Ayrton!
    Obrigado por nos recordar dessa Vitória inesquecível!

  5. História incrível. Eu nunca vi o Senna correr, não era desta época, mas ao ver que ele realmente carregava o Brasil e como ele trazia a felicidade para o país quando precisava. Era como se fosse Patriota.

  6. Me emocionei demais com essa matéria, sentir um pouco da emoção que muitos brasileiros sentiram e inexplicavel.
    Por ser muito nova não vi o Senna correr, mas ele é e sempre será meu idolo e minha inspiração de vida.

  7. BÁH eu só comecei a assistir F1 em 88. Meu primeiro flash de memória é a Senna cruzando a linha em Suzuka…

    Como queria ter vivido 60, 70 e 80 no automobilismo… F1, Indy, Nascar, Le Mans, Paris Dakar…

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