Na tradicional Galeria Arte 57, registros do veterano Miguel Costa Junior revelam o virtuosismo por trás de uma antiga paixão
Miguel Costa Junior é um caso raro de fotógrafo do mundo esportivo que “cruzou o portal” para o universo das artes. Talvez seja o único. Prestes a completar 67 anos em setembro, sendo 43 de carreira, este paulistano nascido no então simplório bairro de Moema será homenageado com uma exposição inédita pela tradicional Galeria Arte 57, em São Paulo. A mostra “Arte e Velocidade” reúne 55 registros inéditos e de edição limitada de Costa Junior, colhidos ao longo de décadas de trabalho como foto-repórter de automobilismo – sua paixão desde a infância. Miguel tornou-se o principal nome da fotografia no universo automobilístico brasileiro e maior referência para a atual geração de fotógrafos.
Com curadoria da especialista Rosana De Conti, a mostra será aberta em 19 de agosto, Dia Mundial da Fotografia, e poderá ser vista pelo público até o dia 21 de setembro. “Arte e Velocidade” é a primeira apresentação formal de Miguel Costa Junior como artista da fotografia, embora ele venha produzindo conteúdo autoral e experimental há algumas décadas, abordando também diversos outros temas, como arquitetura, cotidiano, moda e aspectos culturais.
“Optamos por focar no tema velocidade justamente por ele estar na origem do trabalho e do raciocínio contestador e exploratório do Miguel sobre as técnicas e as possibilidades da fotografia como expressão. É um tema que mostra um pouco do caminho das descobertas de Miguel, do que o faz um artista único e um profissional importante nos dois universos, o esportivo e também o artístico”, definiu o marchand Renato Magalhães Gouvêa Junior, que dirige a Galeria Arte 57 ao lado de Guilherme de Magalhães Gouvêa.
O que é visto e o imaginado – “Miguel possui um acervo com mais de 50 mil registros, entre fotos analógicas e digitais. É uma coleção bastante rica, que remete o espectador não só às corridas de automóveis, mas também a cenários inéditos, transpondo os limites entre o que se vê e o que se pode imaginar”, detalhou Rosana De Conti.
“Em algumas ocasiões, Miguel parece brincar com os elementos, deixando borrões ao fundo e total nitidez sobre o carro que passa a mais de 300km/h. Em outras, pequenos detalhes do carro, em contextos totalmente abstratos, ultrapassam o limite do registro fotográfico para construir uma composição artística e inimaginável”, destaca a curadora.
Costa Junior construiu seu acervo cobrindo as principais competições mundiais, da Fórmula 1 ao Rally Dakar, passando pela Fórmula Indy, Stock Car e Mundial de Endurance. Apaixonado pelo esporte, nunca teve condições de praticá-lo, e a fotografia foi um caminho para se aproximar de seus ídolos e da emoção que sentia ao estar em uma pista de corridas.
“Em 1970, aos 13 anos, meu pai me levou pela primeira vez a Interlagos. Estavam lá meus heróis da época, os irmãos Fittipaldi e o também ex-piloto de Fórmula 1 Luiz Pereira Bueno. Saí de lá com a certeza de que queria viver perto daquele universo maravilhoso. Mas só dez anos depois um amigo me emprestou uma máquina para eu fazer meus primeiros registros”, lembra ele.
“Eu já tinha um olhar diferente. Desde bem pequeno eu colecionava recortes de fotos”, continua Costa Junior. “Adorava analisar os ângulos, as nuances, a forma como o fotógrafo tinha escolhido fazer o registro. Quando essas duas paixões se uniram em Interlagos naqueles dias, eu nunca mais consegui ficar sem fotografar. E nesse tempo todo, a curiosidade pelo diferente, pela experimentação, andaram em paralelo com a profissão de foto-repórter. Posso dizer que foi o meu ganha-pão diário que sustentou também esse lado mais criativo, porque eu estava sempre com uma máquina na mão”, lembra ele.
Situações incomuns – Entre as 55 imagens expostas estão registros que envolvem ídolos do esporte brasileiro, como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Há também composições que exploram detalhes e situações incomuns. É o caso da foto tirada em 1998 no circuito americano de Daytona, retratando um carro da Panoz na freada, a mais de 300km/h, com máquina analógica. No mesmo clique, Costa Junior foi capaz de registrar o brilho dos freios de carbono incandescentes durante várias voltas do pneu, os reflexos das luzes do autódromo na carenagem, ao mesmo tempo em que usava um flash para destacar a silhueta do veículo, em um malabarismo fotográfico genial.
Outro exemplo é o inesperado grafismo das luzes refletindo na textura negra da fibra de carbono da parte inferior da asa de um carro da equipe Force India de F-1, quando o carro era levado para a vistoria técnica, no GP do Brasil de 2018.
“Detalhes gráficos assim, combinando a beleza do design de elementos mecânicos ou aerodinâmicos com a velocidade e o movimento, fazem parte do espírito desse esporte. Nessas duas fotos, eu me demorei fazendo cálculos e imaginando soluções, antes do clique final. Minha fotografia sempre foi raciocinada assim, buscando um resultado diferente ou inesperado. Eu sempre busquei mostrar esse espírito que combina luz, design inusitado e movimento, com a ousadia e a paixão que eu sinceramente sinto, desde sempre, pelo automobilismo”, define o artista.
Agenda
Exposição Arte e Velocidade
Autor: Miguel Costa Junior
Temática: mostra fotográfica individual sobre esportes motorizados
Galeria: Arte 57, do marchand Renato Magalhães Gouvêa Junior
Curadoria: Rosana De Conti
Endereço: Av. Nove de Julho, 5144, São Paulo/SP
Abertura: 19 de agosto, 11h às 17h, Dia Mundial da Fotografia
Exposição: 21/8 a 21/9, das 11h às 18h
Serviço: manobristas gratuitos no dia 19. Depois, estacionamento na galeria
Fonte: Best PR
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