Em potência máxima, a ventilação em um único túnel equivale a 2.756 ventiladores comuns

Com um papel fundamental na malha viária, os túneis conectam a cidade e são parte de uma sofisticada engenharia de tráfego. Mas para o ar circular de forma segura dentro deles, são necessários equipamentos de ventilação que garantem a segurança de quem transita dentro dessas caixas de concreto.
E, se dos equipamentos de ventilação se ouve pouco, tem uma razão. O trabalho da Prefeitura de São Paulo faz com que a cidade nem perceba que dentro de um túnel respirar bem tem a ver com zeladoria.
A ventilação dos túneis é um dos 43 serviços do Departamento de Zeladoria Urbana (DZU), da Secretaria Municipal das Subprefeituras e encarregado de supervisionar desde a poda de árvores, operação tapa-buraco, jardins de chuva ou praças adotadas, aos equipamentos instalados em túneis como os do Vale do Anhangabaú, Ayrton Senna e Paulo Autran. É um trabalho permanente, com atuação em campo 24 horas.
Dos 29 túneis da cidade de São Paulo, a SMSUB é responsável por 13, entre eles os maiores. Os túneis menores, com menos de 500 metros de extensão, não necessitam de ventilação subterrânea.

A ventilação de túneis é essencial para manter os níveis de monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e outros poluentes dentro de limites seguros. Isso reduz os riscos para a saúde dos motoristas e pedestres, durante a travessia.
A pedido da Prefeitura, o pneumologista Tadeu Lopes, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), explica que a exposição a gases poluentes em ambientes fechados e sem ventilação pode ocasionar diversas reações, como tontura, fraqueza, náuseas, dor de cabeça e dor no peito.
Ainda segundo Lopes, “em casos de intoxicação grave, é possível ocorrer desmaios e até mesmo a morte por envenenamento, caso a exposição seja prolongada e/ou alta concentração”.
Para equilibrar os gases e evitar incêndios, os complexos viários recebem subestações. No Túnel Ayrton Senna, por exemplo, existem cinco Casas de Ventilação, cada uma é composta por:

  • Ventiladores de insuflação;
  • Ventiladores de exaustão;
  • Transformador de serviços auxiliares;
  • Retificador/Carregador de Baterias;
  • Bombas auxiliares de drenagem;
  • Ventilador auxiliar de insuflação da Sala Elétrica;
  • Ventilador auxiliar de exaustão da Sala Elétrica;
  • Quadro de Filtro de Harmônicos.

Ao todo, são cinco tipos de ventilação: longitudinal, transversal, semi-túnel, reversível e ventilação de emergência. O modelo de ventilação é escolhido conforme a necessidade local e a cidade de São Paulo dispõe de todos os modelos citados.

“Existem normas técnicas que definem os parâmetros a serem avaliados e os níveis de vazão que devem ser calculados para garantir a segurança das pessoas e veículos no caso de incêndio e para a diluição de poluentes”, conta Alberto Hernandez Neto, engenheiro mecânico da Universidade Politécnica da Universidade de São Paulo. Neto explica como deve ser realizada a conservação: “A manutenção dos sistemas de ventilação se baseia em inspeções regulares”.

O monitoramento da SMSUB acontece 24 horas, com manutenções corretiva e preventiva. “Há três anos trabalho na conservação do Túnel Ayrton Senna, nunca tivemos problemas na ventilação”, conta o engenheiro eletricista da Prefeitura, Salomão Alves.

Chuva

Além da ventilação dos túneis, o Departamento de Zeladoria Urbana é responsável pelo sistema de bombeamento de água de oito túneis. Através do Urano, a Prefeitura mantém um acompanhamento constante dos túneis, centralizando informações sobre chuvas, drenagem e escoamento da água. O Urano é um sistema inédito que, através do estudo das condições meteorológicas, antecipa as equipes de zeladoria para áreas com risco de alagamento.
Nos túneis, por meio de rede de telemetria e telemonitoramento, é feito o rastreamento dos níveis e a vazão da água, bem como o funcionamento das motobombas responsáveis pelo escoamento. O sistema emite alertas em caso de queda de energia, obstrução e falha mecânica, permitindo também o monitoramento dos níveis de CO₂.

 

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