Ayrton Senna Campeão Mundial de F1 de 1988

Há 35 anos a 1ª conquista do eterno campeão

A temporada de 1988 da F1 foi praticamente a temporada de 1 equipe só, neste caso, a equipe McLaren que contratou Ayrton Senna para ser companheiro do francês, até então, bicampeão mundial, Alain Prost. A equipe McLaren venceu 15 das 16 corridas do mundial daquele ano, exceto, o Grande Prêmio da Itália, no circuito tradicionalíssimo de Monza, onde vimos uma dobradinha da Ferrari, com o austríaco Gehard Berger e o italiano Michelle Alboreto, parecia que esta foi uma homenagem póstuma ao comendador Enzo Ferrari, que morrera no dia 14 de Agosto daquele ano.

A decisão do título mundial chegou para a sua decisão no Grande Prêmio do Japão, no Circuito de Suzuka, Ayrton Senna se vencesse a prova, se sagraria campeão mundial de F1 pela primeira vez. Ayrton começou a prova como sempre gostou, na pole position, com 1:41:853 com Alain Prost logo ao seu lado no grid, na 2ª posição.

Dada a largada, Ayrton tem um problema na embreagem, o fazendo ficar parado no grid, quando quase todo o pelotão passa por ele, fazendo com que ele caísse da pole position para a 16ª posição, enquanto Alain Prost, com uma McLaren MP4/4 incrivelmente superior, assumiu a ponta da prova e caminhava para uma vitória fácil, mas ali na disputa estava Ayrton Senna.

Senna veio passando um por um, com um repertório de ultrapassagens para todos os gostos, na reta, nas freadas, por dentro, por fora, de todas as maneiras que seu talento e sua vontade de ser campeão mundial lhe permitiam. Na 27ª volta Senna encosta em Prost na reta dos boxes, bota por dentro, retarda a freada no fim da reta e assume a liderança da corrida, era Senna de novo vivíssimo na luta pelo tão sonhado título mundial.

Enquanto Senna liderava a prova, veio uma leve chuva, mas não para encharcar a pista, mas para estabelecer uma boa vantagem na casa de 11 segundos para seu companheiro de equipe, o francês Alain Prost, lembrando que Alain Prost era um piloto que tinha “horror” a chuva, condição que favorecia Senna por ser um mestre em pistas molhadas.

Volta final e 5859 metros separavam Ayrton Senna de mais uma vitória na F1 e de seu tão sonhado título mundial na F1, volta a volta e Senna cada vez mais perto do título, em plena madrugada de domingo o Brasil acordado aguardando a bandeirada de chegada para Ayrton Senna. O que será que se passava pela cabeça de Senna naquele momento em que a consagração se aproximava? O dia em que Sr Milton, seu pai, fez e lhe deu o primeiro kart, para ser campeão de kart, campeão de Fórmula Ford, campeão da Fórmula 3 Inglesa.

Como esquecer do Galvão Bueno com sua emoção de sempre dizendo nos metros finais “… A confirmação de um talento, da raça, da garra, da determinação de um piloto, aí vem Senna no Grande Premio do Japão, apontando para a vitória. Ele vem pela última vez para passar na chincane, o diretor de prova aguarda, o Brasil inteiro aguarda! Ayrton Senna ergue o punho, vibra, é a vitória! AYRTON SENNA DO BRASIL, CAMPEÃO MUNDIAL DE 1988 a vitória de Senna, a oitava vitória no ano, quem conhece bem Ayrton Senna, sabe que será difícil ele enxergar, dizer alguma coisa, por entre as lágrimas dentro do capacete de Senna”…

A partir daquele momento da vitória, Ayrton Senna cruzava a linha de chegada com os dois punhos erguidos e cerrados socando o ar, batendo no capacete, a vitória que parecia ter ido embora estava de volta, o tão sonhado título mundial enfim em suas mãos após uma dura e intensa temporada de disputa com Prost, podíamos ver a emoção de Senna no momento em que ele abre a viseira do emblemático capacete verde e amarelo e chora copiosamente.

Foi a realização de um sonho que ele tanto esperou, pelo qual tanto lutou pelas temporadas em que passou por equipes como a Toleman em 1984 e os 3 nos na equipe lendária Lotus, onde venceu 6 GPs. A recompensa pela luta, batalha, esforço do homem, do piloto obcecado pela vitória, ele que dormia, acordava, almoçava e jantava F1 e tinha como meta atingir o seu título de campeão do mundo.Ao vencer em Suzuka, Ayrton Senna batia o recorde de vitórias na mesma temporada, com 8 vitórias (San Marino, Canadá, EUA do Oeste, Inglaterra, Alemanha, Hungria, Bélgica e Japão).

Este título foi a confirmação de um talento, da concretização de um trabalho, de um sonho que começou muitos anos e bem longe dali, mas que naquele 30 de Outubro de 1988 se tornou real, Ayrton Senna era campeão mundial de F1, e aquela era sua vitória número 14, se igualando a lendas da F1 como o bicampeão mundial Emerson Fittipaldi (1972 e 1974), ao bicampeão mundial Graham Hill (1962 e 1968) e ao tricampeão mundial Jack Brabham (1959,1959 e 1966).

O dia 30 de Outubro de 1988 ficará marcado para sempre que um Silva, da Zona Norte de São Paulo, chegou em uma equipe de ponta na F1, Dividiu o carro com um bicampeão mundial, e se sagrou campeão mundial de F1 para alegria do povo brasileiro, que fez a festa durante a madrugada com Ayrton Senna.

Obrigado Ayrton! Valeu Becão Campeão!