Parlamentar do PL-SP condena a exclusão do governo paulista pela União em projeto articulado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) quando ainda era ministro da Infraestrutura; medida pode gerar atrasos na obra e necessitar de investimento bilionário
A deputada federal Rosana Valle (PL-SP) condenou o anúncio do governo federal sobre assumir integralmente as tratativas para a construção do túnel que vai ligar Santos à Guarujá, na Baixada Santista, abrindo mão de parceria com o Governo do Estado de São Paulo. A gestão de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) entraria, inclusive, com aporte financeiro e o projeto-executivo. A ideia do PT, agora, é seguir sem o apoio do Palácio dos Bandeirantes, contando, somente, com o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para a viabilização da obra.
Para a parlamentar, além de implicar em riscos e atrasos à construção, ao preterir a adesão da esfera estadual paulista, a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não cumpre o que acordou, meses atrás, com Tarcísio, esquecendo-se, inclusive, que a concepção da ligação seca entre os municípios teve início anos atrás, quando o hoje governador de São Paulo ainda era ministro da Infraestrutura da gestão de Jair Bolsonaro (PL):
“Quando assumiu como governador de São Paulo, Tarcísio foi até Lula para tentar convencê-lo a levar adiante o projeto de desestatização do Porto de Santos, que já tinha até data prevista para leilão. A obra do túnel estava nesse pacote e seria viabilizada como contrapartida. O governo petista barrou a privatização do Porto, mas firmou um acordo de parceria com o Estado para tirar o projeto do túnel do papel. Agora, voltou atrás, e sem cerimônia. Este tipo de postura nos faz entender que o PT não dialoga, não quer parceria com São Paulo e não cumpre o que fala”, desabafa Rosana, que também é presidente da Frente Parlamentar dos Portos Brasileiros e presidente da Executiva Estadual do PL Mulher paulista.
Conforme relembra a deputada federal de segundo mandato, em 2020, em visita à Baixada Santista, e na qualidade de ministro da Infraestrutura, Tarcísio garantiu estudos para incluir o túnel imerso Santos-Guarujá no contrato de privatização da administração do Porto de Santos. Tempos depois, a estatal federal responsável pela gestão do complexo adiantou a pretenção de realizar em 2024 um leilão, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), para que a ligação seca pudesse ser construída, como uma espécie de compensação:
“Todo o processo de desestatização do Porto de Santos foi liderado pelo então ministro Tarcísio, incluindo a obra como contrapartida. Os estudos do Governo do Estado já estão prontos. Cada ente federativo, São Paulo e União, teria sua participação na obra do túnel. Agora, o PT, simplesmente, quer assumir tudo sozinho, excluindo da articulação quem mais trabalhou para viabilizar este projeto”.
Mesmo incluindo a construção do túnel no Novo PAC, a parceria com São Paulo deveria ser mantida, segundo Rosana:
“Agora, não temos a mesma garantia quanto a prazos, custos e à qualidade da obra, pois já vimos no passado a morosidade do governo petista. Uma simples busca no Google reforça o que digo. Não são poucos os municípios que sofreram por anos com obras paradas que eram de responsabilidade dos governos do PT na esfera federal”.
R$ 6 bilhões
Uma vez inscrita no Novo PAC, a construção do túnel pela União prevê investimentos na ordem de R$ 6 bilhões. Segundo o projeto idealizado por Tarcísio, a ligação seca entre Santos e Guarujá deve ter 800 metros de extensão, com faixas para veículos, ciclovias, pedestres e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).