Livro juntou fotos e textos sobre as 15 edições do Águas de Iemanjá, celebração religiosa e cultural que faz parte do calendário oficial da cidade; trabalhos de artistas locais, de São Paulo e de todo Brasil estão retratados

Quantas ferramentas o ser humano inventou ao longo da história da humanidade, para registrar a passagem do tempo? Relógios, calendários, marcas nas paredes da caverna – tudo isso é resultado da busca em marcar períodos, acontecimentos, a própria história. Em Diadema, uma história de luta contra o racismo e em defesa da cultura e da ancestralidade negra completou 15 anos e o seu registro é uma obra de arte: um catálogo que homenageia os 15 anos do Águas de Iemanjá, evento cultural e religioso que faz parte do calendário oficial da cidade.

A publicação foi lançada durante a abertura do 16ª Águas de Iemanjá, em 7 de fevereiro, e foi idealizada e realizada por meio de parceria entre o Museu de Arte Popular (MAP), a Secretaria de Cultura de Diadema, a Coordenadoria de Igualdade Racial (Creppir), a Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros de Diadema (Fucabrad), o Fórum de Promoção da Igualdade Racial Benedita da Silva, Pai Jurandir de Xangô e o Babálôrixá Nelson TY.Yemanjá.

De acordo com a coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR), Márcia Damaceno, a documentação das edições surgiu com propósito educacional e social. “É uma jornada pelos 15 anos de evento mostradas por fotos e por textos sobre cada cerimônia”, afirmou Márcia.  “As bibliotecas, os centros culturais e a Câmara Municipal da cidade receberão um exemplar do livro, para que a população tenha acesso à origem e à história dessa atividade”, completou Marcia.

A assessora de museologia do MAP e designer do catálogo, Andreia Alcântara, explicou a intenção de apresentar mais de uma década e meia de luta e a integração com outros setores da cidade. “O compilado registra as inúmeras atividades desses 15 anos e se expande para além de suas instalações, transformando-se em uma ação da cidade”, enfatizou.

O catálogo foi organizado por todas as instituições e pessoas parceiras. Artistas plásticos de Diadema, de diferentes regiões de São Paulo e do Brasil expuseram pinturas e peças ao decorrer dessas cerimônias e fotos desses trabalhos ajudam a ilustrar o catálogo.

O Pai Jurandir de Xangô destacou que o catálogo é um registro histórico e marca o território de Diadema, que respeitou esses 15 anos de luta, permitindo integração da sociedade com as religiões de matriz africana. “Queremos passar para o município o histórico dos eventos, reeducando a população acerca dos estigmas e dos preconceitos religiosos”, complementou o pai de santo.

As exposições culturais da 16º edição do Águas de Iemanjá podem ser visitadas no Centro Cultural Diadema e no Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan. Mais informações sobre o evento em https://portal.diadema.sp.gov.br/16a-aguas-de-iemanja-celebra-cultura-afrodescendente/.

Serviço:

EXPOSIÇÕES

Espaço Cândido Portinari
Visitação até: 1 de março de 2024

Exposição: Yemanjá, Mar de União
William Teodoro e Amra

William Teodoro e Amra se uniram para nos brindar com uma envolvente exposição em homenagem a Iemanjá, símbolo incontestável de união para a humanidade. A exposição conta com obras produzidas em conjunto e peças individuais especialmente produzidas a 16ª Festa de Águas de Iemanjá.

William Teodoro é Artista Visual, Arte Educador e Multiartista. Formado em Artes Visuais e design de interiores é representante de Artes Cênicas no Conselheiro de Cultura de Diadema e integrante de movimentos de promoção da igualdade racial.

Amra é multiartista preto e periférico da região de Diadema, busca entender e expressar formas humanas no seu cotidiano inconsciente da realidade, materializando sua arte no muralismo, escultura, pintura em tela e pirografia.

MAP – Museu de Arte Popular
Visitação até: 1 de março de 2024
Exposição: Yemanjá, Obras do Acervo

Por meio de pinturas e objetos tridimensionais do acervo do MAP que representam Iemanjá e orixás que a cercam, a exposição é um tributo à Senhora das Águas, uma celebração da união que ela representa entre a humanidade e os elementos primordiais.

24 de fevereiro, a partir das 14 horas
Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan
Rua Marcos Azevedo, 240 – Vila Nogueira

Acolhimento

Exposição: Orixás e o Sagrado

Geni Santos
Na exposição ‘Orixás e o Sagrado’ Geni Santos explora o sincretismo nascido durante a escravidão, onde cada orixá se entrelaça com um santo católico. Sob a imposição do catolicismo aos negros, essa roupagem tornou-se a estratégia para preservar a vitalidade de seus deuses originais, revelando a complexidade e resistência espiritual dessas tradições.

A artista se destaca por suas expressivas esculturas de orixás. Sua arte não apenas reflete sobre as religiões de matriz africana, explorando a riqueza visual das manifestações religiosas e o sincretismo como elementos essenciais de sobrevivência, mas também nos convida à reflexão sobre as mudanças e preservação dessas expressões culturais.

Visitação até 30 de abril de 2024
Explanação e Louvação a Iemanjá na Nação Queto
Ilê Axé Nochê Abê Manjá Orubarana
Bàbálorisá Nelson de Ty Yemanjá

Carimbó
Grupo Cavaleiros de Doçu, Direção Cecília Mani

O Grupo Cavaleiros de Doçu, sob a direção de Cecilia Mani, apresentará o Carimbó, um ritmo de dança indígena que se miscigenou ao receber influências, principalmente da cultura negra, e que ressurge nas últimas décadas como música regional e associada às festividades religiosas.

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