Qual o valor de um corpo? Quanto custa silenciar o choro de uma criança? Quanto se paga para sufocar as lágrimas de uma mãe? Qual a diferença da dor de uma criança palestina e de uma criança de qualquer outra etnia?
Como legitimar uma Guerra, se de um lado há um exercito equipado e do outros corpos fragilizados pela fome, pela dor, pelo medo e pela incerteza de se manter vivo.

O que vemos em Gaza é a barbárie legitimada pelo Estado de Israel. Mas até quando o mundo vai se manter calado? Ou esse silêncio não incomoda, como disse Bertold Brecht, no seu poema “É preciso agir” …Agora estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo…

Não podemos normalizar a morte! Em Gaza ninguém esta a salvo. Até 07 de Fevereiro de 2024 havia 339 trabalhadores da saúde, 46 da Defesa Civil e 123 jornalistas mortos, 27.585 pessoas foram mortas, das quais 70% são mulheres e crianças – outras 8 mil pessoas seguem desaparecidas. Quase 67 mil ficaram feridas, incluindo mais de 8 mil crianças.

Na Cisjordânia ocupada, 383 palestinos foram mortos, incluindo 101 crianças, e mais de 4.250 feridos. Nenhum corpo é poupado! Em nome de justiça, se comete a injustiça? Se não se pode falar em genocídio, então podemos falar em chacina?

Se por um lado há reféns nas mãos do Hamas em Gaza, podemos dizer que todos que se encontram no território palestino estão refém de Israel. Todas as vidas devem ser respeitadas e preservadas. Não é possível escolher para quem vamos chorar, mas devemos nos solidarizar por quem sofre dia após dias o massacre. Há uma tentativa de continuar a vida. Mas que vida? Vida sob som das bombas? Vida sob os escombros? Vida sob o medo constante? Vida da busca do que comer? Vida sem escolas? Vida sem trabalho? Vida sem lazer? Vida sem sorrisos? Vida sem os entes amados? Que vida é essa que restou ao povo palestino em nome da justiça? O qual injusto é isso tudo!

As dores não ensinam nada de fato, pois se ensinassem, não haveria esse derramamento de sangue, nos trataríamos com mais amorosidade, com mais respeito, com civilidade. Deixo nessa pequena reflexão o trecho da musica de Taiguara de 1973 – quando o Brasil gritava pelo fim das torturas, mortes e desaparecimentos. Porque permanecerá na memória como um grito pela liberdade, pelos direitos humanos e em defesa a vida e que as pessoas possam sonhar:

“E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer…”

Sol Massari – Assistente Social e Defensora dos Direitos Humanos

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