Quarteirão da Educação vai reutilizar água da chuva, terá parede verde de 4,1 mil m2, 300 m2 de hortas, painéis solares para produzir energia e esquentar a água, tudo ligado aos aspectos pedagógicos do complexo
Um marco ambiental para toda Diadema e região do ABCD, além de referência em educação, cultura e esportes. Assim será o CEU de Diadema-Quarteirão da Educação, que a Prefeitura está construindo na rua Pau do Café, no Jardim Promissão. As obras, mais de 50% finalizadas, seguem a todo o vapor em um complexo que será, além de tudo, um ‘edifício verde’, um dos primeiros da região, aliás.
Conceitualmente, são chamados de edifícios ou construções verdes aquelas que seguem novos parâmetros ligados a práticas sustentáveis e ao uso racional de recursos e podem, por exemplo, produzir o que consomem em termos de água e energia.
Fazer isso em um complexo como o CEU de Diadema não é tarefa fácil. Afinal, o projeto prevê 25 mil metros quadrados de área construída, o que inclui os três edifícios com escolas e amplos espaços para práticas esportivas e culturais de qualidade: quadras poliesportivas, salas de ginástica, piscinas cobertas para aulas de natação, hidroginástica e atividades recreativas, além de teatro e cineteatro.
Fernando Viegas, professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade e um dos autores do projeto arquitetônico do CEU de Diadema, explica que a sustentabilidade e a inovação começam no modo como será utilizada, e reutilizada, a água. “A chamada água pluvial, da chuva, vai ser totalmente captada, na cobertura do teatro, na biblioteca e nas três escolas”, detalha.
Como esclarece o arquiteto, essa água será reutilizada de várias maneiras, por exemplo, para regar as amplas áreas verdes e jardins previstos no projeto: 1.650 m2 de áreas verdes e 300 m2 de hortas. Outra maneira de utilizar a água será nas descargas dos vasos sanitários, o que vai poupar bastante desse recurso considerando a quantidade de alunos que vão frequentar o equipamento. Serão 1,8 mil vagas abertas: 260 para estudantes de 0 a 3 anos, 512 de 4 a 5 anos, 869 do Ensino Fundamental (1º aos 5º anos) e 224 da EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Fernando explica, ainda, que as amplas hortas fazem não apenas parte do conceito de complexo verde, ou sustentável, mas também do projeto pedagógico da unidade. “As hortas vão ser usadas pelas próprias crianças, tanto do ponto de vista educacional quanto do ponto de vista de produção de alimento para os refeitórios”, afirma. “A ideia é que esse espaço funcione como um laboratório de ensino a ceu aberto, onde os estudantes vão poder ter contato com os ciclos de produção dos alimentos.”
Reaproveitamento da água da chuva, hortas integradas à pedagogia, amplas áreas verdes. Tem mais? Tem, ‘paredes verdes’, que nada mais são do que paredes que são recobertas por plantas. Essa inovação vai contribuir para melhorar o ar nas cercanias dos edifícios, ao absorver gás carbônico e liberar oxigênio, criando um microclima em toda a região mais ameno e úmido.
Além disso, no caso do CEU do Diadema essas paredes foram pensadas para resolver um desafio específico do complexo ligado à temperatura, como relata Fernando Viegas. “Em função da localização do conjunto de edifícios, foi constatado, ainda durante a elaboração do projeto, que a parte leste do complexo ia pegar sol durante toda a manhã e, à tarde, isso se inverteria e o sol poente iria incidir diretamente nas salas de aula”, afirma. “Disso surgiu a ideia de criar uma proteção para que a incidência dos raios solares não esquentasse demais esses espaços das salas de aula.”
Também aqui a escolha dos projetistas foi pela sustentabilidade, já que o projeto prevê fazer essa proteção a partir de elementos vivos, vegetais. Segundo Fernando, essa alternativa se justifica também quando se pensa na localização do CEU de Diadema. “É um bairro muito denso em termos de ocupação, o que dificulta a presença de áreas verdes”, justifica.
“Então, serão 4,1 mil m2 de jardins verticais, que foram pensados por paisagistas com uma variedade grande de espécies para que se crie uma flora e fauna próprias nesse lugar, com a presença, por exemplo, de mariposas, colibris. Tenho certeza que em pouco tempo esses jardins verticais vão ser referência na paisagem de todo a região”, aposta.
Por fim, o projeto prevê a utilização de várias ferramentas para poupar energia elétrica, como placas fotovoltaicas – que produzem energia a partir da luz do Sol – e placas de aquecimento solar da água. Para Fernando, a inspiração para criar um projeto tão diferenciado nasceu dos desafios atuais em termos de sustentabilidade enfrentados pelo planeta e, claro, por Diadema e toda a região.
“A ideia desse grande equipamento é pensar qual pode ser a contribuição da arquitetura e dos edifícios educacionais e culturais no futuro do município. Pensando numa cidade contemporânea, no século XXI, com tudo o que a gente sabe, que são os problemas relacionados à escassez de recursos. Então, todo o raciocínio do projeto visa usar todos os recursos que temos de forma muito racional.” O CEU de Diadema será entregue ainda em 2024.