30 anos sem nosso maior ídolo
O ano de 1994 tinha tudo para ser um ano feliz, cheio de renovações, esperanças e conquistas, pois teríamos mais uma temporada da F1, Copa do Mundo, eleições presidenciais, porém, algo que ninguém esperava aconteceu.
No ano de 1994, em uma quinta feira de 3 de Novembro ocorreu o último esclipse total do sol, a lua cobriria o sol, porém, bem antes deste dia, 8 meses antes, uma grande sombra nos cobriu.
O que era para ser uma manhã de festa e vitória na Itália, virou noite e escuridão no Brasil. Eclipse Total! O fim de semana começou sombrio com os acidentes de Rubens Barrichello na sexta feira nos S que traziam para os boxes, quando ao atacar uma zebra, a Jordan de Barrichello foi catapultada contra a barreira dos pneus, apesar dos ferimentos do forte acidente, Barrichello nada de grave sofreu, mas não participou da corrida.
O sábado seria de ainda mais tensão e tristeza no Circuito Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, nos treinos classificatórios, o austríaco Roland Ratzenberger, da equipe Simtek Ford, passou reto na curva Villeneuve, seguinte a Tamburello, e bateu violentamente a mais de 300 por hora contra o muro. Momentos após o acidente, um procedimento nos boxes foi visto com muita preocupação, que foi a equipe Simtek baixar as portas dos boxes, estas imagens mostravam que algo muito grave estava acontecendo.
Ratzenberger foi prontamente atendido, recebeu massagens cardíacas ainda na pista, e mesmo levado de helicóptero ao hospital, não resistiu aos ferimentos e morreu, o clima era de total consternação em Ímola, não havia clima para a corrida, Senna estava extremamente abalado e revoltado com tudo que tinha acontecido, ao ver as imagens do acidente, ele se retirou dos boxes e foi lá para trás, mesmo tendo conquistado aquela que seria sua 65ª e última pole position na F1 com 1:21:548 contra 1:21:668 do alemão Michael Schumacher da Beneton.
Domingo, 1° de Maio de 1994, momentos antes de entrar no carro, a imagem icônica de Ayrton Senna apoiado na asa traseira de sua Williams com o olhar perdido no infinito, o que se passava por sua cabeça? Será que valia a pena tudo aquilo?
Boxes abertos, Ayrton Senna estava triste, abalado com tudo que acontecera nos dias anteriores e nos dava a impressão de que saía com sua Williams número 2 já sabendo que nunca mais voltaria aos boxes, jamais voltaria para junto dos seus.
Logo na largada acidente forte entre o português Pedro Lamy e o finlandês J.J.Letho, destroços voam na arquibancada, ferindo alguns torcedores, neste momento o Safety Car entra na pista e após 5 voltas retorna aos boxes e os pilotos abriam a 6ª volta com Ayrton Senna na liderança, seguido pelo alemão Michael Schumacher, da Beneton a 0.500 logo atrás.
Sétima volta, Senna entra forte na reta de Ímola, se aproxima a curva Tamburello, a Williams de Senna vai reto e bate violentamente contra o muro, mesmo local dos acidentes de Nelson Piquet em 1987 e do austríaco Gehard Berger em 1989.
Senna após a batida tem um movimento de cabeça, parecia estar consciente e enchendo os corações dos torcedores de esperança, mas o que se via era algo muito mais sério, ambulância na pista com o Dr Sid Watkins, neurologista e médico hiper conceituado na F1 viu que Senna tinha um sério ferimento neurológico.
O helicóptero pousa na pista e Senna é colocado e levado direto ao Hospital Maggiore, em Bolonha, ali começava a luta mais importante da vida de Senna, a luta pela vida.
Dali em diante o resultado da corrida pouco importava diante da luta de Ayrton Senna pela vida na UTI do Hospital Maggiore, o primeiro boletim que veio era desesperador trazido pelo repórter Roberto Cabrini, quando entrou ao vivo e disse: ” É muito grave o estado do piloto brasileiro Ayrton Senna, ele teve trauma craniano e está em estado de coma e apresenta também quadro de choque hemorrágico”.
A partir dali o povo brasileiro rezava pela saúde e vida de seu ídolo. A prova foi vencida por Michael Schumacher, pouco se comemorou, pouco se importaram com o resultado.
Após uma luta intensa, eis que às 13:40 da tarde, horário de Brasília, veio ao mundo a notícia que ninguém jamais gostaria de ouvir, a Drª Maria Tereza Fiandri, chefe do Centro de Reanimação do Hospital Maggiore anunciou a morte cerebral de Ayrton Senna, não havia mais nada a ser feito.
O repórter Roberto Cabrini fez o anúncio usando as palavras que quem viveu aquele 1° de Maio de 1994 jamais esquecerá: ” O quadro de Ayrton Senna é de morte cerebral, não há mais esperanças! Morreu Ayrton Senna da Silva, uma notícia que a gente nunca gostaria de dar! Morreu Ayrton Senna da Silva”!
A partir daquele momento o Brasil foi tomado pelo luto, pela tristeza, pelo sentimento de incredulidade do que acontecera naquele domingo na Itália. Homenagens surgiram naquela tarde de clássicos pelos campeonatos regionais, como São Paulo X Palmeiras no Morumbi, Flamengo X Vasco no Maracanã.
Na terça feira, 3 de Maio, o voo da Varig vindo de Paris trazia o corpo de Ayrton Senna, pousou no Aeroporto de Guarulhos por volta das 06:30 da manhã. Pela última vez Ayrton Senna voltava para seu país e desta vez para ser Para Sempre do Brasil.
O que se viu ao sair do aeroporto foi a multidão tomando as principais ruas e avenidas de São Paulo, aquilo parecia uma interminável pista de corrida, onde os torcedores aclamavam seu ídolo em uma lenta, silenciosa e dolorosa despedida, cada um ao seu modo, dizendo Adeus Ayrton Senna!
São Paulo, a cidade onde Ayrton Senna nasceu, a cidade que nunca para, naquele dia parou, nas ruas um imenso corredor humano formado para a passagem do corpo de Ayrton Senna pelas principais vias da cidade.
Ruas lotadas, corações vazios, cheios de dor, tristeza, mas acima de tudo de muito orgulho de seu herói morto, pois apenas o orgulho era maior que a dor. O que se via era o povo se despedindo do seu herói das manhãs de domingo, aquele que com muito orgulho carregava o verde e amarelo do Brasil pelos 4 cantos do mundo, empunhando a bandeira do Brasil após cada vitória em cada circuito do mundo.
São Paulo e o Brasil pararam na despedida a Ayrton Senna, que ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo, em frente ao Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. Além de muitos famosos, autoridades como o prefeito Paulo Maluf, o governador Luis Antonio Fleury Filho e o presidente Itamar Franco, ali estava o povo comum, o povo trabalhador que no dia do trabalho perdeu seu herói, ele que estava trabalhando para levar um pouco de alegria ao povo brasileiro naquele domingo.
Senna recebeu honras que só se prestam aos Chefes de Estado, salvas de tiros de canhão foram disparadas a cada passo que seu caixão era carregado, parecendo que cada tiro era uma punhalada no peito de cada um que estava ali.
A cerimônia foi realizada pelos Cadetes so Barro Branco, Zona Norte de São Paulo e após a despedida na Aseembléia Legislativa, em um cortejo silencioso e emocionado, na manhã de 5 de Maio, 5ª feira, foi sepultado às 11:30 da manhã no Cemitério do Morumbi, em São Paulo.
A partir do momento que Ayrton Senna nos deixou, pudemos ver a dimensão de sua importância, um brasileiro, um da Silva, que transcendeu o status de ídolo e atingiu o patamar de Herói Nacional. O seu legado permanece cada dia mais vivo através das obras realizadas pelo Instituto Ayrton Senna, que leva um futuro melhor a milhares de crianças por este Brasil.
Tudo isso que vimos nestes dias de despedida mostrou o tamanho de Ayrton Senna para o Brasil, pois os ídolos que morrem tragicamente e de forma precoce como aconteceu com Senna, vivem para sempre na memória e no coração de um povo, atingem a imortalidade!
Ayrton Senna nos deixou há 30 anos, mas permanece cada vez mais vivo na memória e no coração dos brasileiros e dos fãs da F1, enquanto as futuras gerações continuarem a apreciar os seus feitos.
A imagem e a lembrança que sempre teremos de Ayrton Senna era daquele piloto forte guerreiro, vitorioso que a cada vitória mostrava o orgulho que tinha de ser brasileiro, e que fazia feliz o povo quando nas manhãs, tardes e madrugadas de domingo ouvíamos Galvão Bueno gritando a plenos pulmões: ” Aí vem Ayrton Senna trazendo na ponta dos dedos Ayrton Ayrton Ayrton Ayyyyyrton Senna do Brasil” e ao fundo o emblemático Tema da Vitória, obra do maestro Eduardo Souto Neto, que embalava suas vitórias seguidas da imagem de Senna empunhando a bandeira brasileira em cada curva de cada circuito por onde correu e venceu.
S de Senna, S de Saudades!
Obrigado Ayrton Senna da Silva, nosso eterno Ayrton Senna do Brasil!!!
Viva Ayrton Senna da Silva!!!
Parabéns Marcelo por rememorar sempre nesta data, este acontecimento que jamais se apagará da mente dos fãs do inesquecível Ayrton Senna. Eu estava em um estabelecimento comercial onde a TV local deu a notícia.. As pessoas presentes se entreolharam sem palavras e o choro foi inevitável..A tragédia era real. .O grande ídolo do automobilismo acaba de partir…
Que matéria sensacional!! Rica em detalhes e informações!
Booooa Marcelão
Maranello, vc é incrível como sempre. Eis minha admiração por vc. Por tudo que faz sobre o nosso querido Senna e sobre o automobilismo. Um abraço irmão. Deus te abençoe
O chefe deixou muita saudade.
Matéria fantástica. Maranello sempre preciso nas palavras e nas informações. Saudades e lembranças de um ídolo eterno.
Matéria Showw
Estaba en mi casa viendo la carrera, junto a mi papá, cuando vivíamos juntos como familia. Era su técnica para no ir a misa con mi mamá. Yo tenia 6 años.
Apenas asistía F1 desde 1992 por TV, y ya con esto, entendiendo el impacto con los años, no deje de ligar más la TV por F1 hasta el dia de hoy.
Muy buen artículo, Marcelo y a todo el equipo de JW.
Fuerte abrazo a todos desde Santiago de Chile.
Matéria excelente como sempre.
Neste 1o. De maio de 1994 realmente o Brasil parou. Estava no Clube Guapira fazendo natação quando a notícia foi colocada no auto falante. O clube parou, as pessoas se lamentavam, choravam e não queriam acreditar. Dia muito triste para todos os brasileiros.
Uma publicação tão completa, que fará inveja para qualquer colunista… Parabéns Marcelinho, pela obra escrita.
Maravilhosa matéria!
Tava assistindo quando veio a panca e já dava pra ver que boa coisa não estava acontecendo quando ele não se movimentava no carro,ali havia acabado a alegria de quem acompanhava a F1.