Cerca de 70% dos trabalhadores são moradores de Diadema, que participam da construção do maior marco educacional, esportivo e cultural do município
Servir café da manhã e da tarde para cerca de 80 operários não é tarefa fácil, mas que Amanda Silva Nascimento, 34 anos, faz sempre com um sorriso no rosto na cozinha do canteiro de obras do CEU de Diadema-Quarteirão da Educação, que a Prefeitura está erguendo na rua Pau do Café, no Jardim Promissão. Como 70% dos trabalhadores que atuam na obra, Amanda é moradora de Diadema, do bairro Eldorado, e não esconde a satisfação de trabalhar em um complexo que vai beneficiar a comunidade onde mora.
“Eu gostaria que meus filhos – de 18 anos, 16, 13 e dez meses – frequentassem aqui. Fico muito satisfeita de poder trabalhar nessa obra, ajudar os operários a construir esse CEU. A união faz a força e eu faço a minha parte”, afirma. E é uma parte apreciada pelos trabalhadores. Ela oferece na cozinha, por dia, cerca de 80 pães franceses, 80 pães de banha, fora os (deliciosos) pães de queijo, leite e os cerca de 30 litros de café. E tudo isso mantendo a cozinha sempre muito organizada e limpa.
Pela dimensão do futuro CEU, não é surpresa que o canteiro de obras conte até com cozinha para seus trabalhadores. O projeto prevê 25 mil metros quadrados de área construída, o que inclui os três edifícios com escolas e amplos espaços para práticas esportivas e culturais: quadras poliesportivas, salas de ginástica, piscinas cobertas para aulas de natação, hidroginástica e atividades recreativas, além de teatro e cineteatro.
A quantidade de estudantes que vão frequentar o espaço também impressiona. Serão 1,8 mil vagas abertas: 260 para estudantes de 0 a 3 anos, 512 de 4 a 5 anos, 869 do Ensino Fundamental (1º aos 5º anos) e 224 da EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Marcos Marcelo de Moraes, 41 anos, técnico de segurança do trabalho na obra, afirma que as mães que moram na região não veem a hora da obra terminar. “Conheço várias que, antes mesmo do CEU ficar pronto, já estão falando assim: onde vai ser a inscrição?”, afirma, com um sorriso no rosto.
Nascido e criado na comunidade – mora em frente à obra, na rua Pau do Café -, Marcos da mesma maneira pretende colocar a filha, de um ano e quatro meses, para estudar no escolão. “A gente via que tinha CEU em São Paulo, mas ver um aqui, em Diadema, com piscina aquecida, colégio, teatro, quadra, tudo isso, e feito para a periferia, é impressionante.”
Marcos tem a responsabilidade de zelar para que não haja nenhum acidente com os trabalhadores e, quando da realização da matéria, apontou com orgulho para a placa que indicava que já se iam 615 dias assim, calmos.
Para ele, é totalmente diferente atuar em um canteiro de obras de algo que, depois, será utilizado por sua comunidade, sua família. “É uma honra muito grande trabalhar aqui, onde minha filha vai poder estudar. Eu, com 41 anos, saber que fui um dos que ajudou a construir o CEU de Diadema, isso não tem preço. Dá vontade até de chorar de alegria poder participar de tudo isso.” Ele aponta um outro motivo para tanta emoção: ter estudado na antiga Emeb Ministro Francisco Quintanilha Ribeiro, que ficava no terreno do CEU e que foi demolida para a obra poder ter início.
Gerson Vieira, 42 anos, que atua como soldador na obra, é uma pessoa séria, até pela responsabilidade de seu trabalho, mas dá risada para falar de um de seus amores, o Corinthians. O operário, outro que mora na região, também se anima quando fala sobre o CEU. “Quando vi o projeto, percebi que vai ter muitos benefícios para todos os moradores, inclusive os adultos”, relata.
“O que mais gostei é que vai ter quadra poliesportiva. Espero poder jogar uma ‘pelada’ aqui no domingo com os amigos, com o pessoal da obra. Seria legal. Venho mais feliz trabalhar sabendo que quem vai usar aqui é a gente, as famílias da comunidade”, completa. O CEU de Diadema-Quarteirão da Educação será entregue ainda em 2024.