Em 8 dias, venda de artesanato movimenta cerca de R$85 mil reais voltados a etnias da região

Entre os dias 3 e 10 de maio, um grupo formado por 10 empresas ligadas aos mercados de artesanato e de decoração, participaram do Primeiro Encontro de Negócios Indígenas do Médio Xingu, no Pará. Idealizada por Ricardo Pedroso, do Projeto Terra, a ação visa aproximar os empresários da realidade dos artesãos, fomentar a realização de novas parcerias e promover a sustentabilidade dessas comunidades através do estímulo à produção artesanal. A ação, que movimentou cerca de R$85 mil voltados para a comunidade, coincidiu com a realização do  II Intercâmbio Cultural do Povo Asurini, evento que reúne outras etnias da região para competições esportivas, troca de saberes e fortalecimento de suas identidades indígenas.

“No final de 2023, eu fui procurado pela liderança da Aldeia ITA.aka, do povo Asurini, para ajudá-los a organizar alojamentos para os Jogos Indígenas. Com isso, tive a ideia de convidar alguns dos principais empresários desta cadeia do artesanato a fim de incentivar a compra de peças artesanais para suas respectivas lojas, permitindo a geração de renda para a aldeia e a conexão entre produtores e compradores”, afirma Pedroso. 

De diferentes regiões do país, os representantes da Paiol, Projeto Terra, Cestarias Regio, Artiz, Galeria Arte Brasileira, Divino’s Trancoso, Fuchic, Xapuri, Yankatu e da ONG Artesol passaram 8 dias imersos na região, partindo de Belém para Altamira. Depois, com mais duas horas de barco pelo rio Xingu, eles chegaram até a Aldeia ITA Aka, onde ficaram hospedados. Por conta do intercâmbio cultural, eles também puderam ter contato com outras etnias, como os Paracanãs, os Arara, os Kayapós e os Arawetés. 

“A vivência da cultura in loco nos permite trazer a história daquelas peças com maior profundidade. A experiência nos ajuda a entender melhor como os trabalhos são feitos e o contexto da produção, o que aprofunda a experiência do nosso cliente e agrega valor ao produto”, revela Lucas Lassen, fundador e diretor criativo da Paiol, marca parceira de mais de 400 artesãos e grupos de artesanato de todas as regiões do país.

De acordo com a antropóloga e arqueóloga Dra. Fabíola Andréa Silva, que é professora do Museu de Arqueologia e Etnologia da  Universidade de São Paulo – USP e acompanhou toda a viagem, o ponto alto do encontro foi a organização da etnia na comercialização de seus trabalhos. “Esta foi a primeira vez que os vi tendo total autonomia na formação dos preços, na negociação e na gestão de tudo o que estava acontecendo. Este processo é de extrema importância, porque além de contribuir para a geração de renda e para sustentabilidade da etnia, a ação também ajuda a incentivar a transmissão dos saberes artesanais para os mais jovens da aldeia, estimulando que a tradição do feito à mão se mantenha ao longo das próximas gerações”, completa Fabíola que tem acompanhado os Asurini há cerca de 26 anos. 

Para Lassen, uma das consequências deste contato é o fortalecimento de uma cadeia produtiva do artesanato da região, na qual eles passam a ser inseridos em um mercado capaz de gerar renda de forma recorrente através da venda de bancos, remos, tecidos pintados à mão, acessórios, entre outros. “Além de abrir mercado e apresentar o trabalho para o maior número de pessoas possível, a renda do artesanato pode ser uma forte aliada na proteção de suas culturas tradicionais, no acesso à educação e também no acesso a melhores condições de saúde deste povo, assim como já acontece com outras etnias do Xingu”, finaliza. 

 

Outros impactos 

Para a construção dos alojamentos nos quais os empresários ficaram hospedados, o grupo investiu cerca de R$15 mil, que serviram para a compra de materiais e para os serviços de construção. Como contrapartida, o espaço abrigará uma escola com três salas de aula dentro da aldeia que, além de oferecer formação formal, também deve ser um espaço para reforçar e fortalecer as tradições da etnia.

Fonte: Bacuri Comunica

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