Apresentação da escritora e professora de teatro Adélia Nicolete foi realizada no auditório da Fundação Florestan Fernandes e abriu as comemorações do mês do Orgulho LGBT+ na cidade
“O acolhimento da família é decisivo e pode determinar a vida ou a morte da pessoa trans”. A afirmação contundente é da escritora e professora de teatro, Adélia Nicolete, que realizou uma apresentação e conduziu um bate-papo com o público no evento Manto da Transição: diálogos de amor e respeito LGBT+. A atividade foi realizada na noite de quarta-feira (5 de junho), no auditório da Fundação Florestan Fernandes, no Centro de Diadema, e abriu as celebrações no mês do Orgulho LGBT+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero) na cidade.
Adélia é mãe de um homem trans de 32 anos, Bernardo, que passou pela transição de gênero em 2014. Diante de um assunto que ela não conhecia, a transgeneridade, a professora lidou com diversos sentimentos, com medo, dúvida, tristeza, não por preconceito, mas por temer o que o filho poderia sofrer. “Não havia informação, mas sabia que era preciso acolher. A gente ia descobrir juntos, com ele do meu lado, perto de mim”, relembrou.
Uma das formas que Adélia achou para lidar com toda a situação foi escrever um diário, que em 2022, virou o projeto de um livro e de exposições de algumas peças de roupa bordadas: as roupas que ela tinha guardado do filho, de quando ele ainda era um bebê. “Foi a minha forma de ressignificar aquelas roupas, aquelas peças”, contou.
O livro Manto da transição: narrativas escritas e bordadas por uma mãe de trans é um compilado dos relatos de Adélia e de outras mães de homens trans e pessoas transmasculinas. No evento realizado na FFF, Adélia conversou com o público, inclusive com mães de outras pessoas trans, em uma troca de experiências e afeto. “Via meu filho triste, angustiado, desconfortável com uma coisa que por algum tempo ele não sabia nomear. Depois da transição, sem dúvida, ele é uma pessoa muito mais feliz”, afirmou.
Eva Conceição Leite, mãe da artista Pamela Rogers Teixeira de Souza, que fez uma performance no evento, relatou que quando soube da transição da filha também passou por momentos difíceis. Com todo seu amor de mãe, Eva a acolheu, e aconselhou: “seja quem você quiser. Mas seja a melhor”. A beleza da apresentação de Pamela, no encerramento do evento, deixou claro que ela ouviu o conselho da mãe.
O coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades de Diadema, Robson de Carvalho, destacou que o objetivo do evento era abrir um espaço para diálogos de amor e respeito. “Essa é a marca do governo do prefeito Filippi e esse evento é um exemplo claro dessa disposição e do respeito às diversidades”, completou.
O evento contou com a presença do presidente da Fundação Florestan Fernandes, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, do representante da Associação Viva a Diversidade Wesley Souza da Costa, da Miss Beleza Gay São Paulo 2024, Isabelle Volpi, nome artístico do cabeleireiro, maquiador e produtor cultural Bruno Fernandes, de alunos da Fundação, estudantes do ensino médio da Escola Estadual Fábio Eduardo Ramos Esquivel e de moradores da cidade.