Em Uruaçu, município localizado 280 km ao norte da capital de Goiás, Goiânia, onde Virginia de Vasconcelos Campos nasceu e foi criada, era consenso no início deste século que engenharia não era uma boa profissão para mulheres. Então ela se formou em arquitetura.

Já morando há muito tempo em Goiânia, mãe de Beny, 8 anos, Virginia resolveu cursar engenharia mecânica, sua verdadeira paixão, e no último fim de semana foi uma das oito estudantes selecionadas pela Comissão Feminina de Automobilismo da CBA para mergulhar no mundo da velocidade durante uma etapa da Stock Car, dentro do programa de estágio da Fia Girls on Track Brasil.

Virginia, 32 anos, passou pelas equipes mais vencedoras da Stock Car, a Eurofarma, de Rosinei Campos, e a Ipiranga Racing, de Andreas Mattheis. Ela era uma das poucas estudantes que já conhecia o autódromo, pois a paixão pelas corridas, alimentadas pelas manhãs à frente da TV ao lado do pai, acompanhando a Fórmula 1, a levaram a ser grid girl em algumas corridas da extinta categoria GT Brasil.

Cursando engenharia mecânica no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), ela soube do programa da FIA dentro da universidade, e achou que, além de adquirir novos conhecimentos em uma área que sempre gostou, poderia adquirir conhecimentos úteis para seu estágio na Quick Aviação, empresa goiana de manutenção aeronáutica.

“Deu para perceber aqui que existem vários conceitos de aerodinâmica e propulsão que são muito parecidos no automobilismo e na aviação. Na parte de coleta e análise de dados, o que me surpreendeu foi que muito do que é colhido na pista não é avaliado de imediato, mas levado para a oficina para estudos comparativos que serão feitos entre corridas”.

Segundo a estudante, a troca de informações entre as participantes e a engenheira da Ipiranga Racing Rachel Loh, que está à frente do programa, vai prosseguir no grupo de whatsapp que foi criado.

“Preenchemos as dez vagas disponíveis para estágios na Stock Car e na Fórmula 4, houve duas desistências, mas as oito meninas que passaram quatro dias no autódromo tiveram as portas do automobilismo abertas. Agora elas já sabem um pouco como é o mundo do automobilismo, umas podem ter se frustrado, outras amaram e agora têm que correr atrás para conseguir futuras oportunidades. Precisamos de mais mulheres nas pistas. Ser engenheira em uma equipe é um trabalho fascinante, mas exige muito sacrifício e vocação”, avalia Rachel, que na Ipiranga Racing, ‘a equipe mais feminina da Stock Car’, já tem a companhia da mecânica Patricia Alencar.

 

Fonte: Alexandre Kacelink 

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