Piloto de 17 anos estreante em automobilismo jamais andou na pista do interior paulista

Pai de piloto é pior do que mãe de miss. Reclama de tudo. Roberto Manzini, veterano das pistas como piloto e chefe de equipe, comandante da RMCP na Turismo Nacional (TN), tornou-se convicto disso ao perceber, horrorizado, o quanto pais de crianças e adolescentes os pressionavam por resultados quando seu filho Victor Manzini começou a correr de kart, ambiente que até então não frequentava.

Por isso mesmo, Victor, que estreia na TN nesta temporada, sempre teve coach, desde o kartismo, e recentemente passou a contar com o piloto André Bragantini Jr. para esse trabalho de orientação. Durante os fins de semana de corrida, é com ele, com o engenheiro da Equipe Roberto Manzini Centro Pilotagem (RMCP) e com os mecânicos que Victor fala.

Roberto Manzini comanda a equipe, provê todo o necessário, e se comunicava com Victor pelo rádio durante as corridas, mas agora não se comunica mais. O piloto gosta de falar pouco por rádio, quer somente as informações necessárias. E o time acha que a voz do pai pode desconcentrá-lo. “Se é bom para mim?”, Roberto se pergunta. “Nós buscamos o sucesso, temos que usar de todos os recursos, então é bom, sim”, responde em demonstração de equilibrada abnegação.

Muito gostoso – Por seu lado, Victor sabe as dores e as delícias de ter o pai comandando sua equipe. “É muito bom, você tem afinidade maior para falar sobre os problemas. E também é ruim, porque é difícil nunca ficar nervoso em um fim de semana de corrida. Então é bom durante o trabalho não ter que falar diretamente com ele para resolver os problemas do carro”, descreve o piloto, que começou a andar de kart somente aos dez anos de idade justamente porque o pai queria que ele tivesse certeza absoluta de que era aquilo que desejava.

Roberto Manzini, que é psicólogo, admite que é difícil nunca botar pressão sobre o filho, até porque ele é do tipo franco e transparente, o chamado papo reto. Sua cara diante das situações já diz tudo. E também não é fácil não levar assunto de corrida para casa. Mas ele se esforça em ambos os casos.

“Claro que tem tensão nos fins de semana de corrida. O carro não vai quebrar? Não vai se envolver em acidentes? Tem que pontuar, mas a vitória é o ideal… Ele vai para o pódio? É um exercício e tanto dominar esses pensamentos e apreensões para manter a calma. Em contrapartida, ver seu filho fazer bem o que ele gosta é gratificante, vê-lo dominando uma máquina é muito gostoso”, confessa o chefe da Equipe RMCP, que há 25 anos comanda a Roberto Manzini Centro Pilotagem, escola de pilotagem esportiva e de segurança que é referência nacional, em que Victor é instrutor estagiário.

Rock e cheeseburger – Fora das pistas, Roberto e Victor têm relação muito amigável. “Somos cúmplices”, revela o pai. “Ouvimos muito rock, gostamos de assistir corridas, sair juntos, comer um belo cheeseburger… Ele tem toda liberdade de falar, discutir e opinar. Brincamos muito também. Às vezes a Adriana (mãe de Victor) pergunta ‘podem parar com esse quinto ano aí?’ quando a gente bagunça muito.”

Sábio, ele não quer nada especial de presente para o Dia dos Pais no próximo domingo. “Eu já tenho tudo que me faz feliz, mas um café da manhã em família será muito gostoso”, desconversa.

Já Victor sabe muito bem como gostaria presenteá-lo, ainda que com atraso. “O presente que eu mais gostaria de dar para o meu pai é uma vitória no Velocitta”, afirma o piloto.

Desejo audacioso. O circuito do Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), onde a Turismo Nacional correrá de 23 a 25 de agosto, é conhecido por ser difícil, com suas curvas desafiadoras e aclives e declives da pista. Victor Manzini jamais andou lá. “Mas tentar não custa nada”, arremata o mais jovem piloto da TN, que acaba de completar 17 anos.

Fonte: EC PRESS | Estela Craveiro

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