A família, a escola e os amigos desempenham papéis fundamentais no suporte ao tratamento de crianças e adolescentes com o transtorno
Caracterizado por um comportamento agitado e impulsivo associado a dificuldades em manter o foco nas atividades, o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) pode afetar significativamente a vida de crianças e adolescentes. Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza a importância de intervenções não farmacológicas, a exemplo da psicoterapia, como a primeira linha de tratamento.
A expressão e o enfrentamento dos sintomas relacionados ao TDAH são diferentes para cada indivíduo. Isso acontece devido à influência de vários fatores, como características da personalidade, ambientes em que está inserido e suporte de uma rede de apoio. Por ser uma doença crônica que não tem cura, o tratamento é altamente individualizado e deve ser ajustado às necessidades, que mudam ao longo do tempo, com o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, a qual pode incluir neurologistas, psiquiatras e psicólogos.
A psicoterapia no tratamento do TDAH
Embora o diagnóstico seja clínico, estudos indicam que indivíduos com TDAH podem exibir problemas cognitivos em testes psicológicos que avaliam a função executiva. “As funções executivas englobam planejamento, organização, controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho”, detalha a psicóloga Luana Santi Walter, do Hospital Pequeno Príncipe. Tais fatores estão presentes em diversas atividades diárias, desde resolver problemas simples até tomar decisões complexas e lidar com múltiplas demandas simultaneamente.
A memória não verbal, que se desenvolve primeiro entre as funções executivas, permite reter informações sensoriais, como imagens e sons, sendo crucial para visualizar mentalmente experiências passadas. No entanto, atrasos causados pelo TDAH comprometem essa capacidade. Isso pode fazer com que o comportamento impulsivo pareça que a pessoa está agindo sem pensar, quando na verdade se trata de uma dificuldade em lembrar antes de agir.
“Em geral, é justamente o sofrimento decorrente dessas questões que leva à busca pela psicoterapia, a qual pode oferecer escuta especializada e orientações parentais aos familiares, que muitas vezes não sabem como agir”, aponta a psicóloga. Além disso, ela complementa que não há uma idade específica para começar a psicoterapia, porém é essencial o envolvimento dos pais e cuidadores no processo terapêutico.
A psicoterapia no tratamento do TDAH é um processo gradual e individualizado que ajuda a criança a reconhecer e enfrentar suas dificuldades e orienta os pais sobre como agir. Embora os sintomas de hiperatividade motora geralmente diminuam na adolescência e na vida adulta, dificuldades com planejamento, desatenção e impulsividade frequentemente persistem. Mas, em casos de estabilidade, é possível ter alta.
Estratégias para ajudar a criança ou adolescente com TDAH
- Utilizar recursos visuais para auxiliar no dia a dia, como quadros com figuras que ilustram a rotina e os acordos.
- Reduzir o tempo de tela, pois muitos estudos relacionam a longa exposição a dificuldades de atenção.
- Fracionar atividades que exigem foco, realizando pausas conforme necessário.
- Validar os esforços da criança ou adolescente ao concretizar uma tarefa.
- Incentivar o brincar, especialmente atividades que estimulem a memória e a atenção.
- Auxiliar a criança ou adolescente a lidar com as emoções e a gerenciar situações do cotidiano.
- Oferecer um ambiente familiar seguro e acolhedor, no qual a criança ou adolescente se sinta mais confiante para expressar as dificuldades.
- Manter uma rotina consistente e previsível, com limites e regras claras, pode ajudar na regulação e segurança emocional.
Sobre o Pequeno Príncipe
Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de cem anos para crianças e adolescentes de todo o Brasil. É referência nacional em tratamentos de média e alta complexidade, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Com 369 leitos, incluídas as 76 UTIs, atende em 47 especialidades e áreas da pediatria, que contemplam diagnóstico e tratamento, com equipes multiprofissionais, e promove 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, realizou cerca de 228 mil atendimentos ambulatoriais, 20 mil cirurgias e 307 transplantes. E, pelo terceiro ano consecutivo, a instituição figura como o melhor hospital exclusivamente pediátrico da América Latina, de acordo com um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek.
Fonte: Hosítal Pequeno Principe