A APAN lança carta aberta ressaltando a urgência de políticas afirmativas para fortalecer a presença e permanência de profissionais negros no audiovisual

A APAN (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro) anuncia o lançamento da carta aberta que aborda a urgência de se fortalecer a presença negra no audiovisual brasileiro por meio da atuação do poder público municipal, tanto no Legislativo quanto no Executivo. O documento será lançado em uma live especial com convidados e pretende enfatizar a importância das políticas públicas afirmativas. Em nível municipal, essas iniciativas têm sido essenciais para abrir portas e consolidar carreiras no cinema para a população negra.

A carta além de um manifesto, é um chamado à ação, destacando que nos últimos anos o cinema negro no Brasil tem tido sucesso expressivo em exibiçoes emfestivais, cineclubes e plataformas de streaming. Todas essas iniciativas refletem um movimento de resistência e afirmação. No entanto, esse crescimento ainda enfrenta muitas barreiras, que só podem ser superadas com o apoio de políticas públicas que garantam a presença e permanência de profissionais negros na indústria audiovisual.

Durante a live, convidados que atuam no setor compartilharão suas histórias e experiências, demonstrando como as políticas públicas foram fundamentais para ingressar no cinema. Esses relatos identificam o impacto positivo dessas ações, e demonstram a necessidade de uma política cultural que seja de Estado, e não apenas do governo da ocasião. Exemplos de sucesso podem ser observados em cidades das regiões Sudeste e Nordeste, com ações concretas na área audiovisual sido estimuladas e apoiadas, especialmente em Pontos e Pontões de Cultura, por meio dos Arranjos Regionais do Fundo Setorial Audiovisual e em fomento direto via Leis Municipais e outras iniciativas locais de incentivo à Cultura. “É fundamental que os Planos Municipais dialoguem com o Plano Nacional de Cultura e contemplem mecanismos que assegurem recursos contínuos para o audiovisual, garantindo não apenas a manutenção, mas a expansão das conquistas já alcançadas. Sem esse compromisso nos municípios, arriscamos retroceder em avanços cruciais para a presença negra no cinema brasileiro,” afirma Tatiana Carvalho Costa, presidente em exercício da APAN.

O evento de lançamento da carta também servirá como um espaço para discutir as demandas econômicas e estruturantes do setor no sentido de uma Reparação Histórica, no contexto das discussões mundiais relativas ao histórico escravagista das sociedades como a brasileira. Nesse sentido, APAN propõe o fortalecimento de iniciativas que ampliem a participação negra na dinâmica econômica do setor, além de ações voltadas para a preservação e difusão da memória e acervo audiovisual negro, a implementação de salas públicas de cinema, e o estímulo a cineclubes, como formas de consolidar e ampliar a visibilidade das produções negras. Além disso, a carta defende a criação de mecanismos de fomento para empresas vocacionadas para Reparação Histórica antirracista, assegurando que o mercado seja mais inclusivo e diverso.

A Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) tem desempenhado um papel crucial na defesa e promoção da presença negra em todos os elos da cadeia produtiva do audiovisual no Brasil. Com uma análise detalhada da participação negra no setor, a APAN identifica e denuncia a exclusão histórica, ao mesmo tempo, em que demanda políticas públicas e iniciativas de mercado para a reparação e inclusão efetiva de profissionais negros e empresas comandadas por pessoas negras. Segundo a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), em 2022, apenas 20% dos filmes nacionais tinham protagonistas negros. Embora este número seja crescente, ele ainda reflete a carência de mais representatividade, e isso se mostra tanto nas estruturas de produção quanto nas narrativas que chegam ao público.

A exclusão histórica dos profissionais negros no audiovisual precisa ser enfrentada com políticas públicas afirmativas vigorosas. Defendemos a criação de mecanismos que garantam não só a entrada, mas a permanência dos profissionais negros na indústria, tanto na economia quanto no imaginário cultural do país. Os dados já mostram o impacto positivo dessa presença em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, onde o crescimento da produção audiovisual liderada por negros alcançou um aumento expressivo,” afirma Tatiana.

A APAN tem como prioridade a construção de diálogos e parcerias com outras áreas, como a educação, para desenvolver ações conjuntas. A associação defende, para os municípios, a implementação de ações no contexto das Leis 13.006/14, 10.639/03 e 11.645/08, que garantem a exibição de cinema brasileiro independente aliada ao ensino de cultura africana, afro-brasileira e indígena no contexto da Educação Básica.

A difusão do cinema negro é essencial para a consolidação dessas narrativas no imaginário popular.

A APAN convida todos os setores da sociedade a se unirem nesse esforço de reparação histórica, reforçando que o compromisso com as políticas afirmativas e a preservação e difusão da memória cultural negra são passos essenciais para a construção de um futuro mais justo, democrático e representativo no audiovisual brasileiro.

Fonte: Si Comunicação

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