No contexto da 16ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP16), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), destacou que a perda de biodiversidade aumenta os riscos para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, como as deslocadas, comunidades indígenas, mulheres e meninas, exacerbando também o deslocamento forçado.
Atualmente, 75% das pessoas deslocadas à força no mundo vivem em regiões altamente expostas a perigos relacionados ao clima. Em junho de 2024, cerca de 86% dos solicitantes de asilo, refugiados e apátridas nas Américas residiam em países altamente vulneráveis às alterações climáticas, onde a capacidade limitada dificulta as respostas efetivas e os esforços de mitigação. Essas comunidades estão na linha de frente, suportando os impactos mais severos das mudanças climáticas.
“A degradação de nossos ecossistemas não é apenas um problema ambiental, mas também uma questão profundamente humana que impacta milhões de pessoas ao redor do mundo. A perda de biodiversidade, impulsionada pelas mudanças climáticas, pela degradação da terra e pela poluição, agrava as vulnerabilidades já existentes e incentiva o deslocamento. A crise de biodiversidade nos afeta a todos, mas a magnitude de seus impactos varia dependendo de quem somos e onde estamos. Ninguém está possivelmente mais exposto ou é mais vulnerável do que aquelas populações que já fogem de conflitos”, disse Mireille Girard, Representante do ACNUR na Colômbia.
Ao mesmo tempo, as populações deslocadas, quando contam com as ferramentas adequadas, podem contribuir para a preservação de ecossistemas frágeis. Na Colômbia, por exemplo, a iniciativa “Guardiões do Mangue” capacita as comunidades deslocadas e locais para restaurar ecossistemas vitais de manguezais.
As Soluções Baseadas na Natureza, bem como as Estratégias Nacionais e Planos de Ação para a Biodiversidade (NBSAP, na sigla em inglês), oferecem uma poderosa ferramenta para enfrentar os desafios ambientais, prevenir o deslocamento e fortalecer os laços entre as populações deslocadas e as comunidades de acolhimento. Essas soluções melhoram a resiliência às mudanças climáticas e geram benefícios sociais, econômicos e ambientais, além de contribuírem para a paz e o desenvolvimento sustentável.
“Reunir-nos na COP16 nos proporciona um espaço vital para compreender melhor as complexas inter-relações entre o deslocamento, a perda de biodiversidade e a degradação ambiental, bem como seus impactos. Também para defender que as populações deslocadas à força, junto com as comunidades que as acolhem, sejam incluídas de forma significativa nas decisões relacionadas à preservação e regeneração da biodiversidade”, destacou Florent Marty, Coordenador Regional do ACNUR para a Ação Climática nas Américas e no Caribe.
O ACNUR finalizou sua participação na COP16 reafirmando seu compromisso de trabalhar junto às comunidades, aos estados e a todos os atores relevantes para desenvolver soluções que beneficiem tanto as pessoas deslocadas quanto a natureza, promovendo a resiliência a longo prazo.
Fonte: ACNUR