No Velocitta, sete estudantes de engenharia trabalharam em quatro equipes no último Estágio em Motorsports do ano

Foi animadora a performance do time do FIA Girls on Track Brasil na sétima e última etapa do rally de velocidade cross-country Mitsubishi Cup, disputada no último sábado, 23, no circuito de terra do Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu, no interior paulista.

A navegadora Elisa Lacerda participou pela primeira vez e se integrou de imediato com a pilota Pâmela Bozzano. Elas fizeram o segundo melhor tempo da categoria Eclipse Cross Pro (ECP) no treino classificatório da sexta-feira. No sábado, concluíram a primeira das três voltas de cerca de 30  km que compõem a etapa em 6º lugar, ficaram em terceiro lugar na segunda e na terceira voltas, e foram ao pódio na quarta posição.

“A gente se entrosou muito bem no carro, foi superlegal. Na primeira volta, tivemos alguns problemas. Na segunda fomos bem. Na terceira, vínhamos superbem, com o segundo melhor tempo, mas tivemos um problema mecânico na metade da prova. Mesmo assim acabamos em terceiro lugar. A gente está superfeliz, nossa parceria deu muito certo. E é um orgulho fazer parte da primeira dupla feminina da Mit Cup”, diz a pilota Pâmela Bozzano.

Ela e a navegadora Elisa Lacerda – que faz rally há 15 anos, já andou no rally de regularidade Mitsubishi Motorsports, e há várias temporadas compete na Mit Cup com o pai, Valdir Lacerda –  tinham referências uma da outra, mas se conheceram pessoalmente apenas nos treinos da sexta-feira.

“Conversamos sobre como cada uma costuma fazer um rally e partimos para a adaptação mútua. No treino classificatório, fomos tranquilas, sem exagero. E o segundo melhor tempo foi uma surpresa para nós. Na corrida, na verdade, terminamos a segunda volta em segundo lugar, mas tivemos uma penalização e ficamos em terceiro. A Pâmela e eu vimos que temos bastante sintonia, sentimos confiança uma na outra. E o resultado foi melhor do que imaginávamos. Ficamos muito felizes. Foi bom demais!”, descreve Elisa.

Emoções – Bia Figueiredo, que acompanhou o time do Eclipse Cross R #61, da Spinelli Racing no Velocitta, ficou comovida ao ver a primeira dupla feminina do FIA Girls on Track Brasil (FIA GOT BR) em ação.

“Encontrar navegadora foi uma dificuldade. A Elisa iria começar em julho, mas escalas do trabalho dela inviabilizaram isso. Só nesta final deu certo. Fiquei muito feliz e emocionada por ver a Elisa e a Pâmela trabalhando juntas. Pâmela se mostrou uma mulher muito alinhada com o nosso projeto. E elas se integraram muito bem!”, diz a presidente da Comissão Feminina de Automobilismo (CFA) – criada por Giovanni Guerra, presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) –, que executa as ações do FIA GOT BR.

A participação na Mit Cup envolve também a presença de uma mecânica e uma estudante de engenharia. Durante o ano, Gabryelle Ramada, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Ilha Solteira, se alternou com Patricia Alencar, que é mecânica e estuda engenharia na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, e com Isabella Queiroz, que cursa engenharia aeroespacial e de materiais na Universidade Federal do ABC, e fez sua segunda participação nesta etapa.

“A Ana Cristina e eu pudemos trabalhar no carro com mais autonomia desta vez. Mandaram a gente fazer mais coisas do que antes. Isso foi muito bom para nós. Saí dessa etapa com sentimentos de muita alegria, muito orgulho pelo resultado do time, e muita gratidão por  participar desse projeto”, diz Isabella.

Ana Cristina substituiu Patricia, que foi a mecânica da primeira etapa, e se manteve no time por toda a temporada. “Esse rally foi incrível! Conseguimos ir ao pódio pela segunda vez. Estou muito feliz por ter participado. Aprendi muita coisa. Foi uma experiência fantástica. E pude colaborar. Identificamos um problema no câmbio e isso foi reportado ao engenheiro responsável pelo projeto para ser feita melhoria nisso para o ano que vem”, conta a mecânica, que acumula muitos cursos de especialização e muitas atuações profissionais desde 2002.

Gratidão – Bia faz balanço positivo da primeira incursão do FIA GOT BR em uma competição. “Tivemos dois pódios. Um com a Pâmela e o Fábio Pedroso, em quarto lugar, na terceira etapa, em Canitar. E agora esse logo na estreia da nossa navegadora. Contribuímos para a evolução de três estudantes de engenharia. A Ana Cristina acabou se mantendo na posição de mecânica, aprendendo muito. E na final vi até ela sendo chamada por outras equipes para mexer em câmbio, que é a especialidade dela. Isso também nos deixa orgulhosas. Mostra que avançamos rumo ao nosso objetivo de abrir mais espaço para mulheres trabalharem no automobilismo”, diz a presidente da CFA.

E faz questão de agradecer à Mitsubishi Motors e à equipe Spinelli Racing e Guiga Spinelli pela parceria, à Porto pelo patrocínio, e à CBA e à FIA por viabilizarem a existência da CFA e as ações do FIA GOT BR. “Somos muito gratas a todos que nos ajudaram. E esperamos conseguir voltar à Mit Cup no ano que vem. Esta foi uma superexperiência e nós da Comissão Feminina de Automobilismo ficamos muito felizes com a evolução do projeto e por ter fechado a temporada com chave de ouro”, afirma Bia.

Para completar, a CFA ofereceu um troféu à mulher que mais pontuou na Mit Cup em 2024: Elaine Ribeiro Machado, que faz dupla com Fabricio Duarte e é a navegadora campeã na categoria  L200 Triton Sport R PRO (SRP). “É uma forma de homenagear a todas as mulheres que correm na Mit Cup”, Bia explica.

FIA GOT BR Estágio em Motorsports – Enorme. Esta é a palavra escolhida pelas sete estudantes de engenharia de universidades do estado de São Paulo que participaram da última edição do FIA Girls on Track Brasil Estágio em Motorsports de 2024, realizada nesta etapa final da Mit Cup, para definir que diferença essa experiência fará em suas carreiras.

Este estágio resulta de parceria entre a o FIA Girls on Track Brasil e o projeto Acelerando com Elas, por Mitsubishi Motors, comandado pela engenheira Rachel Loh – também integrante da CFA ao lado de Bia e de Bruna Frazão – no âmbito da mentoria feminina SAE Mulheres, da SAE Brasil, filiada à  Society of Automotive Engineers, liderada por Daniela Luchese. A experiência reuniu estudantes de universidades que mantêm projetos de extensão da SAE Brasil.

“O FIA Girls on Track Brasil e o SAE Mulheres têm o mesmo propósito, incentivar mulheres no motorsport. Juntamos forças nessa ação conjunta. O estágio é muito importante para as estudantes vivenciarem na prática o que aprendem na teoria. É emocionante ver as meninas atuando. Ficamos felizes por poder contribuir com a formação delas, que são o futuro da engenharia brasileira”, comenta Daniela.

Bia ressalta a importância do Estágio em Motorsports entre as realizações da CFA: “Nós trabalhamos para ter mais mulheres atuando em todas as áreas do motorsport. É muito bom ver a maioria se certificando de que querem trabalhar com automobilismo nos seis estágios que fizemos em 2024, justamente para que vejam como funciona o mundo das corridas. Quero agradecer às equipes Pro Machina, Accert Competições, Racer Performance e FD Rally pela colaboração, acolhendo e ensinando nossas estagiárias, à Mitsubishi Motors por todo o apoio e à Porto pelo patrocínio”.

O que dizem as estudantes 

Camili Baldessini, 19 anos, estuda engenharia física na Universidade de Campinas (Unicamp), participa da equipe Unicamp E-Racing, estagiou na Pro Machina: “A equipe foi muito receptiva, muito positiva em ensinar, passar bastante conhecimento. Eu quero trabalhar no automobilismo. Tendo contato com o que realmente é trabalhar nisso, consigo direcionar minha carreira. Entendi os conhecimentos a mais que preciso ter e como buscá-los a partir de agora”. 

Giovanna Relser de Oliveira, 25 anos, cursa engenharia mecânica no Instituto Federal de Araraquara, participa do SAE Aerodesign, estagiou na Accert Competiçoes: “Eu já fiz estágio do FIA Girls on Track Brasil na Porsche Cup. E me interessei em descobrir como é em outras categorias, qual é a minha afinidade com cada uma. Esse estágio já começou a fazer diferença para mim com o da Porsche. Recentemente fiz uma entrevista de emprego no setor aeronáutico. Eles me questionaram bastante sobre análise de dados. Acredito que o estágio na Porsche Cup já acrescentou muito ao meu currículo”. 

Julia Corrêa Lima, 19 anos, faz engenharia mecânica na Universidade Estadual Paulista (UNESP) Ilha Solteira, parte da Fênix Racing, estagiou na Race Performance: ”Sempre gostei muito de automobilismo. Aprendi muita coisa. Também conversei com mecânicos sobre a parte de motor do meu projeto de Formula SAE. Vai fazer uma diferença enorme na minha vida esse primeiro contato com o automobilismo.” 

Maria Eduarda Fiori, 21 anos, estuda engenharia espacial na Universidade Federal do ABC (UFABC), participa da Fórmula Escuderia UFABC, estagiou na Accert Competições: “No automobilismo, experiência prática é o que mais conta. Quanto mais você acumular, melhor. Os engenheiros da equipe foram muito receptivos, mostrando o que estavam fazendo. Além da parte prática, tem o networking, muito importante. Eu quero seguir essa carreira. Foi uma experiência transformadora”. 

Mika Uehara, 22 anos, cursa engenharia de materiais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), participa de equipe de Baja da SAE, estagiou na Race Performance: “Estar em uma equipe, tanto de Baja quanto de Formula (da SAE Brasil)  abre muito seu olhar para a área de competição automobilística, que me interessou demais. Eu quis fazer esse estágio por ser em rally, que tem proximidade maior com Baja. Tivemos um aulão dos engenheiros sobre motores, vimos a rotina dentro no box, a pressão da competição. O automobilismo é uma carreira não tão tradicional. É tudo sobre contatos. Essa experiência proporciona isso também”. 

Nadia Fonseca Mendonça, 24 anos, faz engenharia mecânica na UNESP Ilha Solteira, integra a equipe Fênix Racing, estagiou na FD Rally: “Já participei de alguns estágios da FIA Girls on Track Brasil em pista e este é diferente. Experiência incrível. Também tivemos oportunidade de participar dos treinos, ver os problemas que acontecem na prática e como resolver, muito parecidos com os nossos problemas na Fênix Racing. Vai fazer uma diferença enorme no meu currículo. Tenho agora essa bagagem para poder participar de novos processos seletivos. Quero muito trabalhar nessa área, então esse estágio vai contar 100% para mim”.

Vivian Fernandes de Oliveira, 23 anos, estuda engenharia elétrica na Unicamp, participa do projeto Unicamp Racing, estagiou na FD Rally: “Conheci pessoas que já fizeram o estágio e me falaram o quão legal é. Eu sempre quis ver um pouco de cada categoria. Experiência muito boa. Conseguimos ajudar nas coisas iniciais, fomos para os treinos. A gente vê como é que se resolvem os problemas que acontecem ali na hora. Como quero trabalhar na área automotiva, qualquer coisa que venha é muito útil, tanto para contato quanto para experiência, resolução de problemas, saber se comunicar com a galera, e isso é o diferencial”.

Sobre CFA/FIA Girls on Track Brasil – A programação de 2024 contempla duas edições da Experiência para Estudantes na Fórmula E, a segunda no início de dezembro próximo; Experiência para Estudantes na Fórmula 1; Estágio em Motorsports no GP de São Paulo Mil Milhas de Interlagos, na Porsche Cup, na Stock Car, na Fórmula 4 Brasil, na Copa Truck, e na Mit Cup; a Seletiva de Kart; e a participação na Mitsubishi Cup com o time FIA Girls on Track Brasil no Eclipse Cross R #61 da equipe Spinelli Racing.

 

Fonte: EC PRESS | Estela Craveiro

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2 comentários em “Dupla feminina do FIA Girls on Track Brasil estreia no pódio na final da Mitsubishi Cup 2024”

  1. Eu iniciei e terminei o Mini Baja da PUCRS de 1998 a 2006…

    Baita escola…

    Só não tivemos Formula SAE pois não tinhamos estrutura e apoio afú da PUCRS. Era 90% pefinfo favor pata outros laboratórios e setores.

    Fizemios um Passat de Arrancada e 2 carros para a Shell Eco Marathon. Mas nunca foram disputar.

    Depois que saí em 2012 tudo mudou, Baja foi fechado e o 1001 Litro para a Eco Marathon, parece que está ativo.

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