Como parte da campanha Dezembro Vermelho, a Fundação do ABC organizou nesta semana um encontro com pesquisadores renomados da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que abordaram diversos aspectos de dois retrovírus: o conhecido HIV e o menos falado, HTLV. A ação ocorreu no auditório do prédio do CEPES, no campus do Centro Universitário FMABC, em Santo André.

 

Diretora administrativa da FUABC, Bianca Lima de Melo abriu o evento e destacou a importância da iniciativa. “Hoje estamos aqui para conscientizar sobre o HIV e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Contamos com professores que são referência em inovação no campo da saúde, e que têm contribuído significativamente para avanços no tratamento e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, disse Bianca.

 

O Dr. Jorge Simão do Rosário Casseb, professor da FMUSP e médico imunologista com atuação na área, ministrou palestra sobre o HIV/Aids, apresentou um panorama histórico e os avanços no tratamento com antirretrovirais. “Desde a identificação do HIV como causador da Aids, em 1983, enfrentamos desafios enormes. Os primeiros pacientes morriam em dois ou três anos. Hoje, com medicamentos combinados, conseguimos impedir que o vírus se transforme e mutações reduzam a eficácia do tratamento. No Brasil, ainda enfrentamos entre 40 e 43 mil novos casos por ano, muitos em jovens. Testagem e início rápido do tratamento são essenciais para mudar essa realidade”, alerta o especialista.

 

HTVL

A biomédica Dra. Tatiane Assone e a enfermeira Mariana Monteiro, outras palestrantes do evento, jogaram luz a um retrovírus bem menos conhecido, mas que requer o mesmo cuidado: o HTLV. O chamado “vírus linfotrópico de células T humanas” foi descoberto na década de 80, quase em concomitância com o HIV, e tem ganhado mais atenção das autoridades de saúde. Em 2024, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação do exame de detecção deste vírus no Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Dra. Tatiane, profissional com doutorado pelo Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT) da USP, pesquisadora colaboradora da FMUSP e cofundadora do HTLV Channel — canal no YouTube que divulga informações sobre o vírus — explicou o impacto do HTLV e a necessidade de mais atenção ao tema. “No Brasil, cerca de 1,15 milhão de pessoas vivem com HTLV, mas a maioria nunca ouviu falar do vírus. Ele pode causar doenças graves, como leucemias e condições inflamatórias, mas não há cura ou vacina. Nossa principal estratégia é interromper a cadeia de transmissão”, explica.

 

Por fim, Mariana Monteiro, enfermeira do Ambulatório de Imunodeficiência Secundária do Hospital das Clínicas da FMUSP e pesquisadora nas áreas de HIV e HTLV, trouxe à discussão o papel essencial da equipe multiprofissional no acompanhamento de pacientes com o retrovírus menos conhecido. “O cuidado com pessoas que vivem com HTLV exige uma abordagem integral. Precisamos de planos personalizados que considerem as necessidades físicas, emocionais e sociais dos pacientes, promovendo saúde a longo prazo e combatendo o estigma que ainda pesa sobre essas infecções”, explica Mariana.

 

Com os números ainda alarmantes e o impacto do estigma ainda presente, os palestrantes deixaram claro que o papel da sociedade, da ciência e das instituições de saúde é crucial para o enfrentamento das doenças. A campanha Dezembro Vermelho e as palestras realizadas no dia 16/12 seguem como um chamado para a prevenção, o acolhimento e a conscientização, convidando cada cidadão a ser parte dessa corrente de cuidado e transformação.

 

 

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