Infectologista Vera Rufeisen, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta sobre o clima propício para o desenvolvimento do Aedes Aegypt e os riscos de reinfecção;

Quem teve dengue e viveu os sintomas de cada fase da dengue entende bem o quanto é primordial eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti. Primeiro, para que outras pessoas não sejam contaminadas; e, segundo, para diminuir o risco de reinfecção, que pode ser fatal, de quem já teve contato com o vírus. Pelas previsões do site Climatempo, o verão 2025, que começa nesta terça-feira (21), deve ser marcado por dias quentes e chuvosos, ou seja, ideal para a proliferação do mosquito transmissor da doença. A médica infectologista Vera Rufeisen, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta para que população e poderes públicos evitem cenários epidemiológicos piores que o do início deste ano.

 

Até outubro 2024, Campinas já havia registrado mais de 120 mil casos confirmados e 77 mortes, destacando-se pela gravidade da circulação dos sorotipos 2 e 3, raros na cidade nos últimos anos. A população sem imunidade a esses tipos, especialmente crianças e adolescentes, está mais vulnerável às formas graves da doença.

 

Segundo a especialista, os sintomas principais da doença em sua versão menos grave incluem febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos (retro-orbital), náuseas e manchas na pele, que surgem entre cinco e sete dias após a contaminação. As formas graves podem causar hemorragias, choque, e falência de órgãos, exigindo atendimento médico urgente. Por isso, o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações. “Cada reinfecção aumenta o risco de complicações, como dengue hemorrágica, podendo ser fatal”, alerta.

 

Mesmo sorotipo

“A literatura médica sugere que a infecção por um sorotipo confere algum grau de imunidade cruzada aos outros, mas esta proteção não é absoluta, e dura por algum tempo (possivelmente meses)”, destaca.

 

Sorotipo diferente

“No caso de infecção secundária, por um sorotipo diferente, existe um risco aumentado de dengue grave, especialmente se o intervalo entre as infecções é superior a dois anos. Portanto, mesmo com uma exposição anterior, o risco de infecção por dengue pode existir, especialmente em áreas endêmicas com múltiplos sorotipos circulantes”, afirma a médica.

 

A prevenção de novas picadas de mosquito é essencial para reduzir o risco de transmissão comunitária, portanto, o paciente deve ser aconselhado a utilizar repelentes durante sua doença para interromper o ciclo de transmissão.

 

Diagnóstico

“O diagnóstico é feito por exames de sangue e, nos casos leves, o tratamento envolve hidratação e medicamentos para dor e febre. Já as formas graves requerem hospitalização imediata”, diz a médica.

 

Sequelas

Estudos recentes, publicados pelo National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, em 2024, têm demonstrado que uma proporção significativa de pacientes com dengue pode apresentar sintomas persistentes e complicações crônicas após a fase aguda da infecção. “Há dados recentes que indicam que 18% dos pacientes com dengue apresentaram sintomas persistentes, como fadiga, sonolência, dor de cabeça, dificuldade de concentração e problemas de memória, até três meses após a infecção. Esses sintomas foram associados a uma piora na saúde mental e funcional dos pacientes.”

 

Outro estudo, também publicado pela NIH, em 2020, identificou que 61,5% dos participantes relataram, pelo menos, um sintoma recorrente, como dores de cabeça, queda de cabelo, cansaço extremo, dores no corpo até oito anos após a infecção. A infectologista do Vera Cruz Hospital diz que outros estudos são necessários para uma melhor elucidação.

 

Prevenção

Devido à gravidade, a palavra de ordem é a prevenção, que deve incluir diversas estratégias combinadas para um resultado eficiente. A infectologista destaca alguns:

 

  • Controle do vetor: O principal é o controle do vetor, que é o mosquito Aedes aegypti, por meio de intervenções ambientais (cobertura de recipientes de água, campanhas de limpeza e eliminação de locais de reprodução de mosquitos, eficazes para reduzir as populações de larvas e pupas. Também existem métodos biológicos, como o uso de bactérias, fungos e peixes larvívoros, utilizados para controlar a população de vetores;

 

  • Métodos químicos: O uso de inseticidas, tanto sintéticos quanto naturais para eliminação dos mosquitos, é uma prática comum. Existe o risco de resistência a estes agentes com o uso prolongado, por isso hoje há a preferência por agentes naturais;

 

  • Vacinas: Há dois tipos de vacina contra a dengue: a vacina tetravalente Dengvaxia ®, cujo uso é limitado a indivíduos que já foram expostos ao vírus, e a vacina Qdenga®, também tetravalente, uso indicado para indivíduos entre 4 e 60 anos, que não apresenta preocupações com a segurança em soronegativos, mas não deve ser utilizada em pacientes com imunodeficiência e gestantes, por ser uma vacina de vírus vivo atenuado;

 

  • Comportamentos preventivos pessoais: O uso de repelentes de mosquitos e a eliminação de água parada são medidas eficazes para reduzir o contato humano-vetor. A conscientização da comunidade e a participação ativa são cruciais para o sucesso dessas medidas;

 

  • Inovações biotecnológicas: Técnicas como a liberação de mosquitos geneticamente modificados para reduzir a população de vetores e o uso de bactérias Wolbachia para diminuir a capacidade de transmissão do vírus estão sendo estudadas.

 

União de esforços

Mobilizar a população e as autoridades para intensificar ações de prevenção e combate à doença são essenciais. “É preciso conscientizar sobre os riscos da dengue, reforçar a importância de eliminar focos do mosquito Aedes aegypti e promover medidas educativas para reduzir a incidência de casos. O essencial é adotar abordagem integrada e multifacetada, constantes. Sempre incentivando o engajamento comunitário, contribuindo para a proteção da saúde pública e a diminuição das epidemias no Brasil, por isso participação de todos é essencial”, conclui Vera.

Sobre o Vera Cruz Hospital

Há 81 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em quase oito anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia, tendo, inclusive, ultrapassado a marca de 2,5 mil cirurgias robóticas, grande diferencial na região e no interior do Brasil. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 35 anos, o Vera Cruz criou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association. Em abril de 2021, o Hospital conquistou o Selo de Excelência em Boas Práticas de Segurança para o enfrentamento da Covid-19 pelo Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (IBES) e, em dezembro, foi reacreditado em nível máximo de Excelência em atendimento geral pela Organização Nacional de Acreditação

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