Primeira coordenadora do Governo Filippi faleceu em 2023, mas seu trabalho continua inspirando as diademenses

O Governo Filippi contou com duas coordenadoras de Políticas Públicas para as Mulheres (CPPM) ao longo da gestão. A primeira delas, que tomou posse em 2021, foi Cleone Santos, de 65 anos. Com um longo histórico de lutas pelos direitos das mulheres, Cleone sempre foi uma mulher de muita fibra, de muita história e de muita luta. “Seu olhar de valorização feminina foi essencial para a aplicação de políticas públicas nesta Administração”, afirmou o prefeito.

Mãe de dois filhos e avó de dois netos, Cleone era presidente da ONG Mulheres da Luz, que acolhe mulheres em situação de prostituição no centro de São Paulo. Sua história de vida foi marcada por superação de agressões físicas e emocionais e ela sempre fez questão de ressaltar que a inspiração para ajudar outras mulheres em situação semelhante foi de observar sua mãe, dona Bernadete.

“Ela não sabia o que era feminismo e não se interessava pelo trabalho dos movimentos sociais. Ao mesmo tempo, ela ajudava toda a vizinhança lá do Jardim ABC das mais variadas formas e até hoje é lembrada no bairro”, contou Cleone.

Quando chegou à Prefeitura, Cleone disse que pretendia usar o exemplo que tinha com mulheres em situação de vulnerabilidade para ajudar a implantar políticas de acolhimento e inclusão em Diadema, como o projeto Varal Solidário, que montou varais em diversos locais da cidade para ofertar doações de agasalhos nos períodos mais frios do ano, e as formações realizadas por meio do programa Bairro Melhor.

“Foi uma atividade que alcançou moradores de áreas vulneráveis, homens e mulheres, e ajudou a conscientizar sobre os desafios e as dificuldades que as mulheres enfrentam na nossa sociedade, especialmente as mulheres pobres e negras que, além de serem vítimas do machismo, também sofrem com o racismo”, concluiu.

Foi Cleone que estimulou a celebração do mês de março como Mês das Mulheres, com atividades ao longo de todo o período. “Diadema é uma cidade com maioria de população feminina, com muitas mulheres que são chefes de família, líderes comunitárias e essa força está na construção do nosso município”, destacou. “Nas periferias, nos núcleos habitacionais, todos os dias as mulheres de Diadema estão lutando pelos seus direitos. A participação feminina na construção das políticas públicas da cidade foi sempre muito marcante, na luta por creches, escolas, unidades básicas de saúde. Aqui, dia da mulher é todo dia”, completou.

Cleone cumpriu o prometido com muita dedicação até seu súbito falecimento, em 2023.

A partir daí, a responsável por levar adiante a missão de Cleone foi a assistente social Sheila Onório, que acumulava mais de 10 anos de trabalho no movimento de mulheres, integrando a comissão de mulheres do Sindicato dos Químicos do ABC, quando trabalhava na indústria, o Partido dos Trabalhadores de Diadema e o Conselho de Mulheres da cidade. “Confesso que receber esse convite deu um frio na barriga,” disse Sheila, em seu primeiro dia na Coordenadoria. “Mas pensando em minha origem e toda a minha trajetória, como mulher e mãe preta solo, resolvi encarar o desafio.”

A coordenadoria levou adiante as comemorações do Mês das Mulheres, com cada vez mais atividades, englobando diversas secretarias, e levou a coordenadoria direto às mulheres de Diadema, com o programa Coordenadorias na Rua, o Almanaque das Coordenadorias e com panfletagens nas ruas junto com o Conselho de Mulheres, divulgando serviços, orientando e abrindo diálogo direto com as munícipes.

Também reforçou a celebração do Julho das Pretas, com a entrega do 1º Prêmio Cleone Santos a mulheres pretas de destaque na cidade, deu sequência às formações sobre empoderamento feminino para servidoras e o público em geral e realizou a X Conferência das Mulheres e deu posse ao novo Conselho Municipal de Direitos das Mulheres.

A coordenadoria ainda foi responsável pelo evento Empoderando Mulheres, que percorreu todas as regiões de Diadema divulgando os serviços municipais voltados às mulheres, que trabalham, cuidam dos filhos e muitas vezes não têm acesso a tudo o que a Prefeitura oferece.

“Nós precisamos estar juntas para garantir que as políticas públicas continuem a ser implementadas,” resumiu Sheila. “Reconhecemos os desafios existentes, focaremos em criar um ambiente inclusivo em que todas as vozes sejam valorizadas, e destacamos a educação como ferramenta transformadora para capacitar as mulheres em seus objetivos pessoais e profissionais”.

A CPPM também foi a responsável pela criação do Memorial Fernanda Gomes, em homenagem às vítimas de feminicídio da cidade. “A desigualdade entre mulheres e homens é um obstáculo significativo às moradoras desta cidade. Por isso, trabalhamos incansavelmente para combater a violência contra as mulheres, a violência doméstica, sexual e outras agressões, que acontecem diariamente. A coordenadoria age para garantir serviços de apoio, denúncia e proteção contra o machismo, o sexismo e a misoginia,” concluiu a coordenadora.

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