Marianna Brock diz que o exame é capaz de encontrar anormalidades estruturais que podem interferir na implantação do embrião

Cerca de 1,7% da população adulta global, o equivalente a 1 em cada 6 pessoas, enfrenta dificuldades relacionadas à infertilidade, conforme aponta um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS). As causas podem variar, incluindo fatores como idade, alterações hormonais, problemas no útero, endometriose, Síndrome do Ovário Policístico (SOP), entre outros.

A especialista em saúde da mulher e diagnóstico por imagem, Marianna Brock, explica que o recomendado para o diagnóstico preciso de infertilidade é o exame de ultrassonografia.

“O exame de ultrassom é uma ferramenta essencial no diagnóstico da infertilidade, pois permite a avaliação anatômica e funcional do sistema reprodutivo feminino e, em menor escala, masculino. No exame é possível monitorar o crescimento folicular no ovário e identificar se há ovulação, por exemplo. Também podemos identificar irregularidades como ausência de ovulação (anovulação) ou formação de cistos persistentes”, explica Brock.

A médica ainda destaca que a ultrassonografia é capaz de encontrar anormalidades estruturais como miomas uterinos, que podem interferir na implantação do embrião, e pólipos endometriais. Malformações uterinas, como útero septado ou bicorno e adenomiose também podem ser identificados.

“O exame de imagem do endométrio também é fundamental nesse processo de investigação da infertilidade. Conseguimos medir a espessura e a aparência do endométrio ao longo do ciclo menstrual. Um endométrio muito fino ou com padrão inadequado pode dificultar a implantação embrionária”, enfatiza.

A especialista também destaca a importância do exame para a avaliação dos ovários, reserva ovariana e a possibilidade de obstrução tubária.

“A avaliação da reserva ovariana é fundamental, observando o número de folículos antrais. Importante observar também a presença de líquido nas tubas uterinas (hidrossalpinge), que pode indicar obstrução tubária, que é uma causa comum de infertilidade, alerta a médica.

Marianna Brock também menciona a Histerossonografia, que é ultrassom específico em que soro fisiológico é introduzido no útero para avaliar mais detalhadamente a cavidade uterina e as tubas uterinas.

“O ultrassom é uma técnica não invasiva, acessível e extremamente informativa, sendo frequentemente combinado com outros exames laboratoriais e de imagem para um diagnóstico mais completo das causas da infertilidade”, observa.

Para homens, o ultrassom com Doppler pode avaliar a presença de varicocele, alterações anatômicas ou lesões nos testículos.

 

Contagem folicular

A Contagem Folicular Antral (CFA) é um exame realizado por ultrassonografia transvaginal que mede o número de folículos antrais presentes nos ovários no início do ciclo menstrual (geralmente entre o 2º e o 5º dia).

“Os folículos antrais  contêm óvulos imaturos, e sua quantidade é um indicador da reserva ovariana, ou seja, o número de óvulos disponíveis para fertilização”, detalha a médica.

A especialista em diagnóstico por imagem ainda explica que o CFA é um parâmetro importante na avaliação da fertilidade feminina. Dependendo do número de folículos antrais identificados, ela pode fornecer informações sobre a capacidade reprodutiva da mulher.

“Uma contagem inferior a 8 folículos indica uma reserva reduzida. Isso pode dificultar a concepção espontânea e reduzir a eficácia de tratamentos de Fertilização In Vitro (FIV). Já a contagem Folicular Normal, de 8 a 20 folículos no total, sugere uma boa reserva ovariana e, geralmente, um bom prognóstico reprodutivo. Mulheres com contagem normal, têm maiores chances de sucesso em tratamentos de reprodução assistida”, esclarece.

A médica também orienta que a segurança de uma gestação está mais relacionada às condições de saúde da pessoa grávida e aos cuidados médicos disponíveis do que apenas à idade, no entanto é preciso estar atenta a algumas possíveis complicações.

“A idade ideal para engravidar é entre 20 e 35 anos, quando o corpo está biologicamente preparado, os óvulos têm melhor qualidade e há menor risco de complicações obstétricas, como hipertensão e diabetes gestacional. Acima de 35 anos, aumentam os riscos, mas muitas mulheres conseguem ter gravidez saudável, no entanto, há riscos de abordo espontâneo, maior chance de aneuploidias fetais (ex.: síndrome de Down). Há possibilidade de complicações obstétricas, como pré-eclâmpsia ou parto prematuro”, explica.

A especialista destaca que a idade por si só não define completamente a segurança da gestação. “O importante é ter uma boa avaliação médica antes de engravidar, independentemente da idade. Realizar um acompanhamento pré-natal rigoroso. Estar atenta à saúde geral, incluindo controle de doenças crônicas, se houver, além de uma boa alimentação e práticas de atividades físicas”, conclui.

 

Fonte: LD Comunicação

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