Medida visa promover saúde mental no ambiente de trabalho e prevenir doenças ocupacionais
A partir de 26 de maio de 2025, todas as empresas no Brasil serão obrigadas a incluir a avaliação de riscos psicossociais em seus processos de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Essa exigência, estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) em agosto de 2024, tem como objetivo identificar e mitigar fatores que possam afetar a saúde mental dos trabalhadores, como estresse, assédio moral e sobrecarga de trabalho.
Estudos recentes indicam que os riscos psicossociais estão entre as principais causas de adoecimento mental relacionado ao trabalho no país. Fatores como jornadas excessivas, falta de apoio organizacional e ambientes de trabalho hostis contribuem significativamente para o desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais entre os empregados. Por exemplo, o número de afastamentos por síndrome de burnout quadruplicou entre 2020 e 2023. Em 2023, o INSS registrou 421 benefícios, um aumento de mais de 1.000% em relação a 2014.
O médico do trabalho, Dr. Marcos Mendanha, destaca a importância dessa medida: “A exigência de informar os riscos psicossociais é um avanço significativo na promoção da saúde ocupacional no Brasil. Ao reconhecer e abordar esses fatores, as empresas podem criar ambientes mais saudáveis e produtivos para seus colaboradores.”
Para cumprir a nova regulamentação, as organizações deverão realizar avaliações periódicas dos riscos psicossociais e implementar programas de prevenção e intervenção. Isso inclui a promoção de uma cultura organizacional positiva, capacitação de gestores para lidar com questões de saúde mental e estabelecimento de canais de comunicação eficazes para que os funcionários possam relatar problemas sem medo de represálias.
“A transparência em relação aos riscos psicossociais não apenas atende às exigências legais, mas também demonstra o compromisso da empresa com o bem-estar de seus funcionários”, afirma Dr. Mendanha. “Investir na saúde mental no ambiente de trabalho resulta em maior satisfação, redução de absenteísmo e aumento da produtividade.”
Espera-se que essa iniciativa contribua para a redução dos índices de doenças ocupacionais relacionadas ao estresse e outros fatores psicossociais, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos.
Sobre Marcos Mendanha: Ele é médico do trabalho, diretor e professor da Faculdade CENBRAP, onde realiza e coordena estudos, cursos e eventos sobre Psiquiatria e saúde mental do trabalhador há mais de 20 anos. É especialista em Medicina do Trabalho. É advogado especialista em Direito do Trabalho; pós-graduado em Filosofia; e professor convidado de pós-graduação da USP e do Einstein. É autor do livro “O que ninguém te contou sobre Burnout – Aspectos práticos e polêmicos” (Editora Mizuno). É coordenador do Congresso de Saúde Mental Ocupacional (COSMO).
Fonte: Exclame