Por Jonatas Pires Faura, especialista em Asset Allocation na WIT Invest

  • No Brasil, quais foram os principais acontecimentos políticos e econômicos que afetaram os investimentos no mês?

Houve um aumento significativo na inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 1,23% até meados de fevereiro. A previsão da inflação não para de subir. Segundo o Boletim Focus do BC da última segunda-feira (24/02), está em 5,65% para o ano de 2025.

Esse cenário pressiona o Banco Central a aumentar a taxa Selic, atualmente em 13,25%, com expectativa de elevação para 14,25% em março.

  • O que os investidores devem esperar para o próximo mês? Quais eventos ou indicadores devem ficar no radar?

Espera-se principalmente a decisão do COPOM sobre a taxa Selic, que provavelmente irá para 14,25%, visando conter principalmente a inflação. Mas essa medida mais restritiva de política monetária pode atrapalhar o desempenho dos indicadores e da atividade econômica.

No cenário político, com as novas lideranças no Congresso Nacional, devemos ver para os próximos meses um aumento na discussão de pautas importantes, como por exemplo, o fiscal e reformas.

  • Como foi o desempenho geral do mercado de ações durante o mês de fevereiro?

O mercado se mantém resiliente de certa forma, mas sem propulsão para uma tão esperada guinada. O IBOVESPA se beneficiou na primeira quinzena de fevereiro com a queda do dólar, mas, durante a última semana de fevereiro, o dólar voltou a subir com expectativas do COPOM e incertezas internas e externas, fazendo com que o IBOVESPA não consiga ter força para subir, o que faz com que ele fique “patinando” na faixa de 125.000 – 128.000 pontos.

 

  • Quais setores apresentaram o melhor desempenho na bolsa de valores neste mês? E os piores?

A economia brasileira possui ótimas empresas, algumas centenárias que já passaram por diversos momentos de crise, e até por diversas moedas. O atual momento é mais um desses momentos, onde boas empresas passam por dificuldade, mas são resilientes ao longo do tempo. Alguns setores acabam sendo beneficiados e, por consequência, conseguem passar com maior facilidade por tais momentos.

Com o atual momento, setores e empresas que necessitem trabalhar com alavancagem e que tomam muita dívida no mercado sofrem. Mas empresas que conseguem manter suas margens de lucros e principalmente que já conquistaram sua base de clientes, seja pelo bom serviço ou mesmo que por concessão governamental, tem mais facilidade.

Até o momento, no mês de fevereiro de 2025, as que melhor performaram foram empresas ligadas aos setores de Utilidade Pública e o setor de Commodities. Como exemplo dos papeis: USIM3 (Usiminas) e SBSP3 (Sabesp)

Já os setores que mais sofreram nesse mês foram as do setor Imobiliário e de Educação, como as ações da Cogna e MRV, que vêm sofrendo nos últimos dias.

 

  • De que forma os indicadores econômicos, como inflação e taxas de juros, refletiram nos índices da bolsa em fevereiro?

O aumento significativo da inflação e o já precificado aumento na taxa Selic atrapalham a atividade econômica, principalmente as empresas que não conseguem repassar preço com o aumento dos custos e empresas endividadas. E dificultando ainda mais o mercado interno, os EUA podem anunciar novas tarifas comerciais sobre as importações brasileiras, e esse aumento no custo do importador e no preço final, potencializa ainda mais a inflação.

 

  • Quais as expectativas para a próxima Super Quarta, que acontecerá em março?

Do lado do COPOM, espera-se o aumento da taxa Selic para 14,25%. Já do lado do FOMC, nos EUA, espera-se a manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5%.

Se isso realmente acontecer, pressiona o dólar e a inflação interna a cair. Mas se ocorrer de forma diferente, trará volatilidade para os mercados, pois isso é o que têm sido precificado pelos agentes econômicos e divulgado pelos próprios respectivos Bancos Centrais.

 

  • No mês de março, o mercado está na expectativa da divulgação do balanço de alguma empresa que pode influenciar o cenário do mercado?

A temporada de divulgação dos resultados do 4º trimestre de 2024 vai até 31 de Março de 2025. O mercado espera o resultado de empresas de diversos setores, como os bancos, por exemplo. Tais resultados vão ditar as perspectivas para o futuro das empresas e os investidores podem tomar suas decisões de alocação.

 

  • O presidente Trump informou que no mês de março entrará em vigor suas tarifas comerciais sobre carros, semicondutores, chips, produtos farmacêuticos, drogas, madeira e entre outros produtos. Quais setores da economia brasileira deverão ser mais impactados com essa tributação? O Brasil tem capacidade de buscar novos mercados para compensar possíveis perdas com as tarifas?

O principal setor impactado pelas novas tarifas é o de Siderurgia, impactando empresas como a Gerdau, por exemplo, que têm boa parte de sua receita vinda dos EUA. Outros setores deverão ser impactados, mas em menor escala, visto que o Brasil tem buscado novos acordos comerciais com países asiáticos e europeus para suas exportações e mitigar a dependência dos EUA.

 

  • Como o tarifaço pode influenciar os preços das commodities brasileiras, como o aço e os produtos agrícolas, no próximo mês?

Com essa nova tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio pelos EUA, as exportações brasileiras desses produtos serão prejudicadas em um primeiro momento até que se encontre novos parceiros comerciais para demandar essa produção.

Produtos agrícolas ainda não foram citados no tarifaço de Trump, se isso acontecer, podemos ver uma queda na aprovação do governo Trump nos EUA. Visto que essa medida irá fazer com que os preços dos alimentos subam, e por consequência, a inflação interna dos EUA. Essa política protecionista de Trump, se passar do ponto, pode trazer mais malefícios do que benefícios para seu mandato, para a economia americana e mundial. Trazendo mais inflação e uma desglobalização para o mundo.

 

Sobre a WIT – Wealth, Investments & Trust

A WIT – Wealth, Investments & Trust – é assessoria, planejamento e execução para cuidar do patrimônio de pessoas, grupos familiares e empresas, de forma integral e sincronizada, apoiada por uma sofisticada estrutura de especialistas e de empresas que atuam de forma independente, porém complementar.

O multi family office atua nas áreas de assessoria de investimentos; fundos exclusivos; câmbio e remessas internacionais; serviços financeiros (principais linhas de crédito) e emissão de dívidas em mercado de capitais; seguros e benefícios; ativos imobiliários e consultoria patrimonial. Atualmente, a empresa está presente em nas capitais de São Paulo e Paraná, em Curitiba, e em cidades do interior paulista: Campinas, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, Araçatuba, Votuporanga, Jundiaí e Itu.

Site: https://www.wit.com.br/

Redes Sociais: https://www.instagram.com/wit.wealth

 

Fonte: Agência ERA®

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