“O Legado de um Visionário que Transformou a Fórmula 1”
O mundo da Fórmula 1 amanheceu em luto nesta quinta-feira, 20 de março de 2025, com a notícia do falecimento de Eddie Jordan, uma das figuras mais carismáticas e influentes da história do esporte. Aos 76 anos, o irlandês sucumbiu a uma forma agressiva de câncer de próstata, contra o qual lutava há 12 meses. A morte foi confirmada por sua família em um comunicado emocionado, que informou que Eddie partiu pacificamente na Cidade do Cabo, na África do Sul, cercado por seus entes queridos.
Nascido em Dublin, em 30 de março de 1948, Edmund “Eddie” Jordan deixou um legado indelével no automobilismo. Antes de se tornar um nome icônico como dono de equipe, ele trilhou seu caminho como piloto, competindo em categorias como o Campeonato Irlandês de Kart, que venceu em 1971, além de Fórmula Ford, Fórmula 3 e até as 24 Horas de Le Mans. No entanto, foi como fundador da Jordan Grand Prix que ele alcançaria a fama mundial. A equipe, criada no final dos anos 1970 e elevada à Fórmula 1 em 1991, tornou-se um símbolo de determinação e criatividade em um esporte dominado por gigantes.
Eddie Jordan foi responsável por dar a Michael Schumacher sua estreia na Fórmula 1, no GP da Bélgica de 1991, um marco que mudou a história da categoria. Ao longo de sua trajetória na F1, entre 1991 e 2005, a Jordan Grand Prix abrigou outros grandes nomes, como Rubens Barrichello, Damon Hill, Heinz-Harald Frentzen e Giancarlo Fisichella. Sob sua liderança, a equipe conquistou cinco vitórias, com destaque para a dobradinha histórica de Hill e Ralf Schumacher no GP da Bélgica de 1998 e o triunfo de Fisichella no caótico GP do Brasil de 2003. Apesar de operar com recursos limitados, a Jordan frequentemente superava expectativas, alcançando o auge em 1999, quando terminou em terceiro no Mundial de Construtores.
Após vender a equipe em 2005 ao grupo Midland — que, após várias transformações, hoje é a Aston Martin —, Eddie Jordan continuou presente no universo da F1. Ele se reinventou como comentarista, trazendo seu carisma e análises afiadas para a BBC entre 2009 e 2015, e depois para o Channel 4. Em 2023, lançou o podcast Formula For Success ao lado do ex-piloto David Coulthard, onde compartilhava histórias e insights com uma legião de fãs. Mais recentemente, atuou como agente de Adrian Newey, facilitando a transferência do lendário projetista da Red Bull para a Aston Martin.
A luta contra o câncer foi revelada por Jordan em dezembro de 2024, quando ele anunciou no podcast que a doença havia se espalhado para a bexiga, a coluna e a pélvis. Mesmo enfrentando um diagnóstico grave, ele manteve sua energia e paixão, trabalhando até os últimos dias — no Dia de São Patrício, 17 de março, ainda falou sobre suas ambições para o London Irish Rugby Football Club, do qual era patrono.
Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, lamentou a perda: “Eddie foi um protagonista de uma era da F1. Sua energia inesgotável e autenticidade deixaram uma marca profunda no esporte. Ele fará muita falta.” Além do automobilismo, Jordan era um apaixonado por música — tocava bateria em sua banda, “Eddie & The Robbers” —, golfe e negócios, acumulando uma fortuna com um portfólio diversificado.
Eddie Jordan deixa sua esposa, Marie McCarthy, ex-jogadora de basquete irlandesa, e quatro filhos: Zoe, Miki, Zak e Kyle. Seu falecimento marca o fim de uma era para a Fórmula 1, mas seu legado como visionário, descobridor de talentos e símbolo de resiliência permanecerá vivo nas pistas e na memória dos fãs. Descanse em paz, EJ.
Uma perda inacreditável