A 9ª edição do E-Cigarette Summit USA, realizada em Washington nesta segunda-feira (19/05), reuniu especialistas para discutir ciência, políticas públicas e regulamentação de produtos alternativos de nicotina, como os cigarros eletrônicos. Um dos principais focos do evento foi a redução de riscos para fumantes e a importância de regulamentações adequadas, inclusive no Brasil.

A conferência foi aberta por Scott J. Leischow, da Universidade do Arizona, que destacou a necessidade de informações precisas por parte de governos e órgãos de saúde. Para Martin Dockrell, do Escritório de Melhoria e Disparidades em Saúde do Reino Unido, os cigarros eletrônicos são eficazes para ajudar fumantes a reduzir ou abandonar o cigarro convencional, sendo tão eficientes quanto medicamentos modernos. “Programas que promovem a substituição do cigarro por vapes oferecem uma oportunidade única de cessação”, afirmou.

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, reconhece os cigarros eletrônicos como alternativa menos nociva. Nancy A. Rigotti, da Faculdade de Medicina de Harvard, defendeu que a comunidade médica adote essa visão: “Se a FDA entende que esses produtos oferecem menos riscos, essa informação precisa chegar aos médicos e pacientes”.

No caso brasileiro, onde os cigarros eletrônicos são proibidos desde 2009, Clive Bates, da Counterfactual Consulting, criticou a ausência de regulamentação. Ele defendeu uma abordagem proporcional ao risco, com regras focadas na segurança, restrição de idade e controle de comunicação sobre os vapes. “A Anvisa precisa assumir seu papel regulador. Proibir sem controle empurra o mercado para o crime”, alertou.

Segundo Bates, a liderança política é essencial para reconhecer os efeitos colaterais da proibição. O mercado ilegal já é expressivo: dados do Ipec mostram que mais de 3 milhões de brasileiros usam cigarros eletrônicos regularmente, apesar da proibição.

A desinformação sobre os riscos dos vapes foi outro ponto de destaque do evento. Jamie Hartmann-Boyce, professora de Promoção e Políticas de Saúde da Universidade de Massachusetts Amherst da Universidade de Massachusetts Amherst, afirmou que muitos acreditam, de forma equivocada, que os cigarros eletrônicos são mais perigosos que os convencionais. No entanto, revisões científicas como a Cochrane indicam que os produtos alternativos são menos nocivos e podem ajudar na redução dos riscos causados pelo consumo de cigarro. “A desinformação sobre vapes está levando adultos a voltarem a fumar”, alertou.

Fonte: Leticia Rio Branco 

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site é protegido por reCAPTCHA e pelo Googlepolítica de Privacidade eTermos de serviço aplicar.

O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor, recarregue a página.