País registrou mais de 179 mil denúncias de violações em 2024; especialista da ONG Ficar de Bem destaca despreparo das famílias e a sobrecarga emocional de quem cuida
Em meio à campanha do Junho Violeta, dedicada à conscientização e prevenção da violência contra a pessoa idosa, e próximo ao Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, dia 15 de junho, o Brasil encara um cenário preocupante. Em 2024, o Disque 100, canal oficial de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, recebeu 179.600 denúncias de violações de direitos humanos contra pessoas idosas, que resultaram em mais de 960 mil violações registradas.
Para a gerente de projetos da ONG Ficar de Bem, instituição voltada à proteção integral e à defesa dos direitos de crianças, adolescentes, mulheres, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade, Sara Gonçalves, o número elevado de ocorrências reflete uma combinação de fatores sociais, emocionais e estruturais. “A violência contra a pessoa idosa muitas vezes está relacionada ao despreparo das famílias, à invisibilidade do envelhecimento e à sobrecarga emocional de quem cuida”, – em um cenário em que as políticas públicas ainda caminham lentamente diante das demandas crescentes dessa população”, destaca.
Neste cenário, as principais formas de violência são negligência, a exposição a riscos à saúde física, a tortura psíquica, maus-tratos, a insubsistência afetiva, abandono, constrangimento, violência patrimonial e financeira, exposição psíquica e ameaças ou coação. “Observar sinais de abuso, oferecer escuta e apoio a idosos do convívio, e principalmente, denunciar situações de violência são atitudes essenciais”, destaca a gerente de projetos.
Segundo a especialista, a cultura do etarismo e a ausência de redes de apoio agravam ainda mais esse quadro. “Muitos idosos são vítimas dentro das próprias casas, por pessoas próximas, o que torna a denúncia ainda mais difícil. É fundamental quebrar o silêncio e promover informação, acolhimento e respeito”, completa Sara.
Dentro dos serviços administrados pela ONG Ficar de Bem, em parceria com a Prefeitura de São Bernardo, e por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), a instituição também é gestora do serviço Centro Dia da Pessoas Idosa na cidade. A iniciativa tem como finalidade promover o desenvolvimento da autonomia, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida de idosos em situação de vulnerabilidade. O atendimento é direcionado a pessoas com 60 anos ou mais, em vulnerabilidade social ou com direitos violados com risco social e pessoal, que precisam de auxílio em atividades do dia a dia, como alimentação, mobilidade e higiene.
Para saber mais sobre a ONG Ficar de Bem, acesse: https://ficardebem.org.br/.
Sobre Ficar de Bem A ONG Ficar de Bem é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosos, que há 36 anos defende os direitos e oferece apoio integral a crianças, adolescentes e suas famílias, além de idosos, mulheres e pessoas em situação de rua, vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência. Fundada em 1988 como CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD – pelo pediatra Emílio Jaldin Calderon, a instituição atualmente é presidida pelo empresário Evenson Robles Dotto e conta com núcleos de atuação em Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Com 18 serviços voltados para prevenção, acolhimento e suporte social, além de coordenar o Bom Prato na região do ABC, a ONG mantém parcerias com o poder público – Prefeitura de Santo André, de São Bernardo e Diadema – que possibilitam a ampliação e sistematização do atendimento, rompendo ciclos de violência e promovendo relações de cuidado e respeito. Reconhecida por sua transparência e eficiência, a Ficar de Bem possui certificações e prêmios e é declarada Utilidade Pública em níveis municipal, estadual e federal, atuando conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reafirmando seu compromisso com uma sociedade justa e igualitária. Além disso, a instituição está pelo terceiro ano consecutivo na lista das 100 melhores ONGs do Brasil. |
Fonte: Maxima SP