Antes de se decidir é preciso observar a experiência dos profissionais, a infraestrutura do espaço, os equipamentos de segurança e fazer uma aula experimental

Um levantamento realizado pelo Instituto Datafolha em dezembro do ano passado mostrou que 47% da população não pratica atividades físicas. Aos adultos que já praticam, as opções mais comuns são caminhada (25%), musculação (13%), futebol (7%), bicicleta (6%) e corrida (6%). Para quem está começando e quer escolher uma atividade diferente, uma alternativa é fazer aula de tecido acrobático e aéreos, uma opção lúdica, realizada em grupo, que proporciona conexão com o corpo. A seguir, a educadora física e instrutora de Ballet Fly Letícia Marchetto dá dicas e comenta estratégias para escolher o melhor lugar para treinar esse tipo de atividade.

O que é o tecido acrobático?

De acordo com Letícia, as origens do tecido acrobático são antigas e remontam a 600 d.C. na China. Os primeiros vestígios dele na história ocidental surgiram nas décadas de 1920 e 1930 em Berlim, sendo aprimorados posteriormente na década de 1980 na França. “Através do Cirque du Soleil, o tecido se popularizou, encantando o público com acrobacias que parecem desafiar a gravidade e a lógica. No Brasil, o tecido chegou em 1997 com Gerard Fasoli. Não se trata apenas de movimento, mas sim de uma forma de arte que permite aos praticantes expressar emoções e criatividade por meio do corpo. O tecido acrobático é fascinante, ele emociona”, comenta ela.

A especialista explica ainda que o nome do pano utilizado para a dança é o liganete, feito de poliamida e outras fibras sintéticas bastante resistentes e escolhidas por suportar grande peso e impacto. “As fibras são escolhidas para suportar de quatro a dez vezes o peso do praticante. Os tecidos são dobrados ao meio e fixados, criando duas pontas que não apenas ampliam as possibilidades de movimento, como também proporcionam diversas formas de expressão artística. Com essa estrutura, os praticantes podem explorar uma gama de manobras que variam desde movimentos suaves e fluidos até acrobacias dinâmicas que exigem força e controle”, diz Letícia Marchetto.

Quais são os benefícios da aula de tecido acrobático?

Ela explica que os benefícios físicos do tecido vão além do fortalecimento muscular e do CORE, embora essa seja uma parte fundamental da prática. “O CORE é ativado durante a execução de acrobacias e manobras, quando a força do centro do corpo é utilizada para controlar as extremidades. Os músculos dos braços e das pernas também são amplamente trabalhados, pois os braços são fundamentais para sustentar o peso do corpo e realizar movimentos de suspensão, enquanto as pernas são essenciais para realizar manobras e aterrissagens seguras. Com a prática regular da aula de tecido acrobático, os praticantes não só desenvolvem uma força considerável, mas também notam melhorias significativas na flexibilidade, resistência e coordenação”, diz a especialista, ressaltando também os benefícios emocionais garantidos pela prática, como sensação de leveza e liberdade, já que estar no tecido pode proporcionar uma sensação semelhante a de voar.

Como escolher o melhor lugar para a aula de tecido acrobático?

Segundo Letícia, é preciso verificar se o local e os instrutores são qualificados e certificados para ensinar tecido acrobático, com experiência prática. “Atividades relacionadas ao circo são multidisciplinares e por isso é possível encontrar professores com formações mistas e experiências não apenas em aéreos, mas em outras modalidades. Isso enriquece o artista e o professor. Aqui no Brasil, temos algumas regulamentações e é importante segui-las. Por exemplo, quando o foco da aula está no condicionamento físico, o professor deve ser formado em Educação Física. Se o foco for a criação artística e o desenvolvimento de coreografias, comunicação e expressão, é possível encontrar bailarinos e artistas conduzindo as aulas”, comenta a especialista.

Além disso, ela considera necessário observar a infraestrutura oferecida pelo local. “Os equipamentos aéreos devem estar presos a uma estrutura forte o suficiente para aguentar o peso, sendo que o cálculo de sustentação deve ser feito por um profissional da arquitetura ou da engenharia e a unidade de medida não é em quilos, mas em quilonewton. Acessórios de segurança e ancoragem como mosquetões, fita anel e outros devem estar presentes, assim como EVAs e colchões de segurança devem estar posicionados abaixo de cada equipamento para a proteção do aluno em caso de quedas. Eles devem ser de espessura proporcional à altura do treino”.

Por exemplo, para uma aula de tecido acrobático em altura superior a 3 metros, é necessário um colchão mais grosso, conhecido como “colchão gordo”. “Também é importante ter uma boa comunicação com os instrutores, que devem estar capacitados para lidar com situações de emergência. A manutenção regular dos equipamentos é fundamental e as aulas também precisam ser ministradas em um ambiente controlado, seja ele interno ou externo. Apesar de muito comum, não recomendo utilizar equipamentos pendurados em árvores, pois elas estão sujeitas a condições naturais e, portanto, imprevisíveis”, indica a especialista.

Como é uma aula de Ballet Fly?

Letícia Marchetto dá aulas de Ballet Fly, uma técnica que mistura tecido acrobático com movimentos de ballet clássico, e reitera a importância de fazer uma aula experimental do método para identificar se ele realmente é interessante para quem o vai praticar.

“Uma aula experimental de Ballet Fly é uma oportunidade para o aluno experimentar os equipamentos utilizados por nós e participar de uma introdução às técnicas básicas de tecido acrobático, incluindo exercícios de alongamento, força e coordenação, e receber orientação personalizada. O objetivo é proporcionar uma experiência divertida e segura, permitindo que o aluno descubra se o Ballet Fly é a atividade física que ele procura”, comenta a especialista. De acordo com a pesquisa Datafolha, as pessoas que não praticam atividade física não o fazem por falta de tempo (49%) e por preguiça (13%). 

“Antes e durante a aula experimental de tecido acrobático é importante que o aluno se posicione de forma aberta para receber as instruções e vivenciar o momento. Muitas vezes a pessoa está lá, mas se coloca numa posição de observador e julgador e deixa de aproveitar a experiência. Então, se permita desfrutar da aula e deixe para avaliá-la depois que acabar. Verifique se ela foi estruturada de forma lógica e se os exercícios estavam adequados ou foram adaptados para o seu nível de habilidade. Também é possível perguntar a outros alunos sobre as experiências com a aula e o instrutor”, indica Letícia, que recomenda consultar um médico antes de iniciar uma atividade física nova, principalmente se houver condições médicas pré-existentes.

“Além disso, é preciso informar aos instrutores sobre qualquer lesão ou condição médica, para que eles possam adaptar as aulas a essas necessidades. Pensando nas aulas de tecido acrobático e aéreos, recomendamos que os alunos iniciantes comecem com uma ou duas aulas por semana e aumentem gradualmente a frequência à medida que se tornam mais confortáveis com as técnicas. Para alunos avançados, três ou quatro aulas por semana pode ser uma ótima indicação, pois passamos a abordar técnicas específicas com mais profundidade”, finaliza a especialista.

Fonte: Luiza Lamas 

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