Neste domingo (13), o jornal O Globo publicou que a “construção do submarino nuclear da Marinha brasileira corre risco de naufragar”. Entre as razões apresentadas para a inércia do projeto, a publicação cita uma dependência “de interesses estratégicos”, em especial dos Estados Unidos e seus aliados militares.
Embora obstáculos já existissem antes, após a operação militar especial da Rússia na Ucrânia, eles ficaram maiores. Para o jornal, as potências reacenderão o debate acerca da tecnologia nuclear, e o Brasil pode ser impactado.
Para a Marinha, o SCPN é o mais importante projeto tecnológico do Brasil. Quando pronto, significará prestígio internacional, pois apenas os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido), além da Índia, detêm a tecnologia. Essas seis nações também já fizeram suas bombas atômicas.
O Brasil pode ser o primeiro país a submeter à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) um modelo de salvaguardas tecnológicas (o mecanismo de proteção e de vistoria componentes sensíveis) voltado a um submarino movido com combustível nuclear e armas convencionais, como torpedos de alta precisão, minas e mísseis SM 39 Exocet.
Segundo a publicação, “para entender a raiz dos problemas do SCPN”, antes é preciso compreender como “esses seis países veem os planos da Marinha brasileira”.
Na avaliação de almirantes da ativa citados pela reportagem, “o Brasil terá enormes dificuldades para seguir em frente no que depender dos interesses estratégicos dessas nações. E o SCPN depende dessa cooperação, em especial com os Estados Unidos e seus aliados militares”.
O financiamento de todo o Prosub, embora volumoso (já recebeu mais de R$ 27 bilhões), sofre com a imprevisibilidade. Entre 2015 e 2021, os recursos para o programa ficaram aquém do planejado. Neste ano, as chapas de aço prensado do casco foram contratadas e devem ser entregues apenas em dezembro.
O submarino nuclear do Brasil também sofre com a instabilidade de recursos, pois o país não tem fornecedores que atendam aos requisitos nucleares.
“A minha maior preocupação diz respeito ao acesso a tecnologias sensíveis. E os Estados Unidos interferem não só com relação àquelas encomendas a empresas norte-americanas, mas a de outros países”, afirmou o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen.