Por não terem histórico, startups precisam construir sua estratégia de marketing digital de maneira muito mais empírica do que negócios convencionais
O mercado de startups é um dos que mais se desenvolve no mundo e também no Brasil. Para se ter uma ideia, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), apenas em cinco anos o número de empresas emergentes de base tecnológica criadas no país cresceu 207%, saltando de uma média de 4.100 em 2015 para uma média de 12.700 em 2019. Se a base de comparação for 2011, ano de fundação da associação, o crescimento apresentado é ainda mais impressionante. Na época, a Abstartups contabilizou o surgimento de 600 startups.
Como ocorre com todo modelo de negócio pioneiro, aqueles que mergulham na empreitada precisam enfrentar desafios para os quais ainda não foram propostas soluções definitivas. No caso das startups, uma questão que surge e inquieta seus profissionais refere-se à melhor maneira de colocar em prática um projeto de marketing digital para as suas marcas.
Se fosse traçar um passo a passo de como o marketing em mídias digitais deve ser estruturado em startups, o palestrante e autor do livro “Máquina de Aquisição de Clientes”, André Siqueira, começaria pela base. Em primeiro lugar: garantiria que o produto/ serviço é de boa qualidade e que solucionaria de fato um problema ou desejo do cliente. Segundo, entenderia com clareza quem é o cliente e como ele compra. Terceiro, encontraria um posicionamento ideal: motivo claro de porque esse cliente deve preferir seu produto aos dos concorrentes. E em último lugar, conheceria a matemática do produto, como quanto custa adquirir um cliente, por exemplo.
Mas startups não são negócios como qualquer outro. “A bases que constituem o marketing, tais como público e posicionamento, são incertas nas startups”, afirma Siqueira. Conforme o palestrante, nesse modelo não há histórico em que se basear, até porque, diferentemente de negócios convencionais, é muito comum que o produto oferecido seja inovador, demandando que o público seja educado e que adquira consciência de como funciona e quais riscos oferece. Além disso, são marcas novas, que ainda não têm credibilidade.
Assim, de acordo com Siqueira, a construção de uma estratégia de marketing de startups se dará em termos muito mais empíricos do que a de modelos de negócio convencionais. “Será preciso começar com crenças e estimativas, para tentar trazer algum volume de clientes, ainda sem tanto critério, e então começar a extrair desse grupo o entendimento do que vem funcionando, para só daí voltar na definição das bases”, explica. Nesse sentido, segundo o palestrante, as startups precisarão de muita flexibilidade e compreender bem o momento e o contexto ideal para ir se ajustando e se adaptando.
O autor do livro “Máquina de Aquisição de Clientes” comenta que é muito fácil para startups se perderem nesse processo, pois são muitas frentes para que prestem atenção. Com recursos limitados, que as obrigam a fazer muito com pouco, fica difícil ter o foco adequado. “Ao mesmo tempo que sabem que precisam construir uma marca forte no longo prazo, precisam de performance para mostrar bons números. Assim, ao mesmo tempo que sabem que suas premissas são incertas e precisam ser testadas e ajustadas, querem campanhas que funcionem com a eficiência de quem já tem clareza de todo o modelo”, diz.
Siqueira reitera que é muito fácil se perder querendo buscar tudo ao mesmo tempo. Para evitar cair em armadilhas, que podem dificultar uma estratégia de marketing digital certeira, o palestrante recomenda intencionalidade em cada passo dado. “É preciso também ter muita paciência para entender que algumas coisas precisam ser feitas, mas que não necessariamente naquele momento”, conclui
Fonte: Jimenes Comunicação