O Ministério da Saúde rebateu em entrevista coletiva realizada hoje (4) os questionamentos do governo de São Paulo sobre o envio insuficiente de lotes da vacina contra a covid-19 da Pfizer. Segundo gestores da pasta, não houve ação para prejudicar o estado, mas uma “compensação” para equalizar o andamento da vacinação nas diferentes Unidades da Federação.
De acordo com a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, houve uma mudança na metodologia de distribuição das vacinas. Se antes elas eram divididas com base nos públicos prioritários, agora são enviadas a cada estado para a vacinação por faixas etárias.
Leite disse que em razão da disparidade entre os estados, o Ministério da Saúde passou a fazer a “compensação” para que os mais atrasados na vacinação possam avançar.
“Calculamos o denominador através do censo de 2020 projetado através de faixa etária. Evidenciamos que alguns estados têm determinada cobertura, como São Paulo com 63% e Acre com 78% para 1ª dose acima de 18 anos. Há disparidade neste sentido. Os que estão um pouco menos avançados receberão percentual para tentar equacionar”, argumentou a secretária.
Essa disparidade pode ter sido causada por alguns fatores. Um deles é o fato de um determinado estado ter recebido mais por conta de ter mais pessoas dos públicos prioritários (como profissionais de saúde ou forças de segurança). Houve também outros critérios, como áreas de fronteira.
Rosane Leite ressaltou que há compensação também nos casos em que a fabricação de doses ocorre no estado, como no caso de São Paulo com a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, ou do Rio de Janeiro com a Oxford/AstraZeneca, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“São Paulo pode fazer a retirada direta lá [no Instituto Butantan], assim como o Rio de Janeiro também faz com a AstraZeneca. O que ocorre é que muitas vezes é que por falha de comunicação pode-se retirar quantitativo a mais e por conta da equidade a gente acaba fazendo algumas compensações”, pontuou.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, declarou que a dinâmica de distribuição das doses foi pactuada com as secretarias estaduais e municipais de saúde por meio das suas entidades, o Conass e o Conasems.
Cruz informou que o Ministério da Saúde irá analisar o pleito do governo de São Paulo de recebimento de mais doses. “Eu fiz contato com coordenadora do PNI [Programa Nacional de Imunizações de São Paulo, para analisar o pleito. Mas compensa dizer que os estudos desenvolvidos pelo Ministério mostram que a pauta está equânime. Não já que se falar que um estado foi prejudicado em detrimento de outro”, disse.
Na manhã desta quarta-feira (4), o governador João Doria informou que recebeu apenas metade das vacinas da Pfizer/BioNTech às quais o estado teria direito.
O outro lado
Após coletiva do Ministério da Saúde, o governo do Estado de São Paulo divulgou nota na qual afirma que “é mentirosa a afirmação da secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, que o Estado de SP ficou com mais doses da vacina do Butantan conforme afirmado em entrevista coletiva do Ministério da Saúde”.
O Governo do Estado de São Paulo reiterou que está sendo penalizado pelo Ministério da Saúde pelo sucesso da sua campanha de vacinação, que enviou somente 50% das doses previstas para vacinar a sua população de maneira deliberada. “O Estado de São Paulo recebeu ontem (terça) 228 mil doses a menos do previsto da vacina da Pfizer, quando considerado o critério de distribuição equitativa realizada em todas as pautas de distribuição anteriormente enviadas”, informa a nota.
Segundo o governo do Estado, com a decisão arbitrária o Ministério da Saúde quebra o pacto federativo e coloca em risco a vida de milhares de cidadãos brasileiros que vivem em São Paulo. “O Governo do Estado de SP vai tomar todas as medidas cabíveis para que o direito dos seus cidadãos seja respeitado e a vida deles preservada.”
Com Agência Brasil e Governo do Estado de São Paulo